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Comerciantes temem por lojas fechadas pela Passarela do Samba

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Bruno Ferreira, dono de uma capotaria na região, reclama da falta de informação acerca da circulação de veículos no local (Foto: Felipe Couri)

Carnaval é sempre tempo de alegria para muitos foliões e comerciantes da cidade. Entretanto, diversos lojistas localizados na margem direita da Avenida Brasil, no Bairro Ladeira, estão preocupados. Donos de estabelecimentos nas região receberam uma notificação da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), na manhã desta terça-feira (31), alegando que durante o período compreendido entre os dias 30 de janeiro e 25 de fevereiro o acesso de veículos e pedestres ficará limitado na via devido à montagem da estrutura da Passarela do Samba, entre as ruas Benjamin Constant e Marechal Setembrino, na altura da Ponte do Ladeira.

Gerente da borracharia Big Pneus, Helenice Angela da Silva relatou à reportagem ter recebido a notificação dos fiscais de posturas da Secretaria de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas (Sesmaur) por volta das 11h de terça-feira. “Os fiscais chegaram e pediram que a gente assinasse a notificação. Entretanto, eles mesmos não souberam dizer o que será montado no lado direito da avenida, onde fica a entrada da minha loja e de várias outras do ramo automotivo, além de não mostrarem também os croquis da montagem das estruturas. O nosso medo é que, justamente por não saber se teremos alguma estrutura montada em frente às lojas, existe uma chance de amargarmos um grande prejuízo em um dos melhores períodos de vendas da borracharia, tendo em vista que as pessoas costumam viajar bastante no feriado de carnaval”, alertou.

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Proprietário de uma capotaria no mesmo local, Bruno Dias Ferreira também está bastante receoso. “Assim como meus vários colegas vizinhos, meu trabalho depende justamente da entrada dos veículos nas lojas. Somente em meu estabelecimento, são 16 empregados. Eu não posso ficar sem saber se vou ser prejudicado ou não. Também não houve nenhum diálogo antes dessa notificação, e até agora não conseguimos saber o que será montado em frente às lojas e por quanto tempo isso irá perdurar. Os fiscais alegaram para os comerciantes que todos deveriam se reunir para solicitar uma reunião com a Prefeitura, para assim saber mais detalhes de como funcionará o esquema nesse período”, relatou.

De acordo com o documento emitido pela PJF e entregue aos lojistas, ao qual a Tribuna teve acesso, a interdição possui fundamento legal em dois decretos municipais, sendo um deles o de número 15.650/2022, que dispõe sobre a criação da Comissão Especial do Carnaval de Juiz de Fora em 2023. No auto de notificação, além do período explicitado da interdição da via, não existem informações específicas sobre quais estruturas serão instaladas no local ou como funcionaria um possível esquema especial do trânsito no local durante o período. Ainda de acordo com o artigo nº 61 do Decreto 9.117/2007, que também é apontado como fundamentação legal para a notificação, “a emissão de toda e qualquer autorização para interdição temporária de vias e logradouros deverá ser precedida de estudos, avaliação e parecer dos órgãos competentes.”

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Funcionária da borracharia Big Pneus, Carolina Ângela da Silva mostra notificação recebida (Foto: Felipe Couri)

Prefeitura recebeu comerciantes nesta quarta-feira

Por meio de nota, a Prefeitura afirmou que recebeu, na tarde desta quarta-feira (1º), um grupo de comerciantes cujos estabelecimentos estão situados ao longo do trecho da Avenida Brasil onde será instalada a Passarela do Samba. Na reunião, estiveram presentes a diretora-geral da Funalfa, Giane Elisa Sales de Almeida, o Secretário de Mobilidade Urbana, Tadeu David, além de representantes da produtora contratada pela PJF para fornecer a infraestrutura para o desfile das Escolas de Samba. De acordo com o Executivo municipal, os empresários foram ouvidos e colocaram suas posições no sentido de minimizar ao máximo o impacto do evento sobre eles, tanto no período de montagem da passarela quanto na época dos desfiles. Um novo encontro está agendado para esta quinta-feira (2) no local da futura passarela entre os demais comerciantes e representantes da Funalfa.

No total, o carnaval de rua de Juiz de Fora em 2023 deverá custar aos cofres públicos a quantia de R$ 2.252.349,68. O montante será pago para a empresa juiz-forana A2 Produções e Eventos Eireli, vencedora do pregão eletrônico realizada no início do mês de janeiro, na modalidade de menor preço. A licitação, entretanto, contempla diversos itens necessários para a realização dos desfiles das escolas de samba, tais como trios elétricos, banheiros químicos e geradores elétricos. Somente com a locação e a montagem de estruturas necessárias para as arquibancadas e tendas serão gastos R$ 638 mil e R$ 79.426,44, respectivamente.

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Mudança do local do desfile foi criticada por moradores em setembro

Após seis anos ausente, o desfile das escolas de samba de Juiz de Fora volta a acontecer neste ano em um novo local. A decisão da mudança aconteceu em maio de 2022, quando o Grupo de Trabalho (GT) do carnaval, criado pela PJF, anunciou que o espetáculo das agremiações retornaria em 2023 na data reservada à folia em todo o país. Entre os anos de 2014 e 2017, na gestão do ex-prefeito Bruno Siqueira, os desfiles aconteciam na margem esquerda da Avenida Brasil, na região do Bairro Mariano Procópio, e eram realizados em datas antecipadas, sob a justificativa de não ter concorrência com outras cidades da região. Entretanto, quatro meses após o anúncio da alteração do local dos desfiles, diversos moradores do entorno do Bairro Ladeira ingressaram com um abaixo-assinado contra a medida.

Na época, a Tribuna mostrou que, de acordo com o requerimento protocolado pela população, o local teria sido escolhido sem que moradores ou comerciantes tivessem sido consultados ou recebessem alguma satisfação sobre a decisão. Questionada sobre quais foram as principais motivações da escolha do novo local dos desfiles, a PJF informou que um estudo técnico, realizado em parceria com diversos órgãos e agentes envolvidos no carnaval 2023, orientou tal alteração. Por fim, a Prefeitura também afirmou que vem realizando um diálogo direto com algumas entidades e com comerciantes e moradores da região afetada pela mudança do local.

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