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Capturada dupla que matou taxista e filha de 5 anos

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Dois jovens, de 20 e 22 anos, apontados pela Polícia Civil como executores do taxista Natanael José Landim, 35 anos, e da filha dele, Gabrielle de Souza Landim, 5, foram presos em operação da Polícia Civil desencadeada neste domingo (1º)  em Bom Jardim de Minas, município onde vítimas e suspeitos moravam, a cerca de 80 quilômetros de Juiz de Fora. Mediante mandados de prisão expedidos pela Justiça, os homens foram capturados em suas residências, na Zona Rural e na cidade, respectivamente. O mais velho deles Miguel Pegoraro Guizarra Júnior, vulgo Juninho, natural do Rio de Janeiro, seria o responsável pelos disparos que mataram pai e filha e ainda manteria uma casa em Juiz de Fora, onde cursava odontologia em uma faculdade particular. O outro, mais jovem, é Vinícios das Neves Antero, vulgo Chicó. A arma usada no duplo homicídio, um revólver calibre 38, foi achada no filtro de ar da caminhonete Mitsubishi L-200 que estava em poder de Juninho e estacionada em frente ao imóvel onde morava em Bom Jardim.

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Segundo a polícia, no dia dos assassinatos, os jovens já haviam solicitado a corrida com a intenção de cometer um latrocínio (roubo seguido de morte). Eles escolheram o taxista aleatoriamente e não contavam que a criança estaria junto. Ela teria sido morta porque gritava muito e para não ficar como testemunha do crime. Ainda conforme a investigação, a motivação seria conseguir dinheiro para saldar uma dívida em torno de R$ 350, que Chicó, trabalhador de serviços gerais, teria com o outro relacionada à construção de sua casa.

O latrocínio ocorrido no dia 17 de janeiro chocou os moradores da região. Após serem alvejados por tiros na cabeça, os corpos de pai e filha foram queimados e deixados no Distrito de Pirapetinga, no município de Santa Bárbara do Monte Verde, a cerca de 60 quilômetros de Juiz de Fora. O Fiat Uno do taxista, com placa de Bom Jardim, foi achado incendiado em Manejo, na área rural de Lima Duarte. Diante da pluralidade de locais envolvidos na ocorrência, uma espécie de força-tarefa foi montada pela Polícia Civil, mobilizando mais de 20 policiais sob o comando dos delegados Márcio Savino, titular de Rio Preto, José Márcio de Almeida Lopes, de Lima Duarte, e Rafael Faria, de Andrelândia. Os dois primeiros também atuam na Delegacia Especializada de Repressão a Roubos de Juiz de Fora.

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Detalhes das investigações foram apresentados durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira

“O trabalho conjunto foi essencial para a elucidação do crime. Tivemos várias linhas de investigação, e o fato de terem usado produto inflamável nos chamou atenção desde o início. Procuramos por postos onde teriam comprado o combustível, ouvimos cerca de 25 testemunhas, obtivemos quebra de sigilos telefônicos e quatro laudos periciais”, disse o delegado Márcio Savino, detalhando a investigação.

Segundo ele, a busca minuciosa na caminhonete durou mais de uma hora e terminou com a apreensão da arma. “Conseguimos coadunar quem teria ligado para o taxista e o suspeito. Não restou dúvida em relação à autoria, e eles acabaram confessando em depoimento. O caso está totalmente solucionado”, concluiu o titular de Rio Preto.

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O delegado José Márcio informou que todo o percurso feito pelos suspeitos no dia do crime está comprovado. “Desde o início, eles foram para praticar um latrocínio, para roubar e matar um taxista, escolhido de forma aleatória.” Segundo ele, o plano era assassinar o motorista após o roubo para que os assaltantes não fossem reconhecidos posteriormente.

Vítimas colocadas no porta-malas

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Conforme o delegado Márcio Savino, a ligação que deu início ao crime partiu de um celular para o taxista às 18h43. “Eles solicitaram corrida para a Serra do Pacau (Zona Rural de Bom Jardim) com o objetivo de ceifar a vida do taxista, só não esperavam que ele estivesse na companhia de uma criança. Renderam pai e filha e os colocaram no porta-malas. No trajeto, as vítimas conseguiram abrir o compartimento e tentaram sair. Nesse momento (de tentativa de fuga), efetuaram dois tiros contra o taxista e um covardemente à queima-roupa contra a menina.” A frieza dos rapazes chocou os policiais, já que, mesmo estando em um local ermo, a dupla não poupou a criança. “Disseram que não queriam deixar nenhuma testemunha. Falaram que, depois de atirar duas vezes na face do taxista, a menina chorava muito, e deram um tiro contra a testa dela.”

Segundo o titular de Rio Preto, depois de mortas, as vítimas foram mantidas no porta-malas por mais de uma hora. Nesse período, os rapazes compraram gasolina em um posto de Manejo, em Lima Duarte, e atearam fogo nos corpos a cerca de três quilômetros de onde ocorreram as mortes, já em Santa Bárbara do Monte Verde. “As zonas rurais se interligam”, explicou. Usando pneu e carpetes do veículo junto com o líquido inflamável, a dupla provocou o incêndio, depois retornou a Manejo, onde o carro foi abandonado e também carbonizado. As vítimas e o veículo só foram localizados no dia seguinte.

Conforme o titular da Delegacia de Andrelândia, Rafael Faria, os suspeitos estão na cadeia pública daquela cidade à disposição da Justiça até o julgamento. Por enquanto, eles devem responder pelos crimes de latrocínio e ocultação de cadáver. Os homens foram apresentados à imprensa durante coletiva nesta segunda na Delegacia Especializada de Repressão a Roubos, em Juiz de Fora. Conforme a polícia, os jovens figuram como investigados em outros crimes, inclusive de roubo.

Para a delegada regional, Sheila Oliveira, a prisão dos suspeitos em cerca de duas semanas demonstra que o trabalho conjunto deu certo. “Não temos muitos recursos nas delegacias das comarcas e usamos material humano da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos.”

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