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‘Gente que fez a Tribuna’: a política de Leila Herédia

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Vida longa ao jornalismo

Leila Herédia, trabalhou na Tribuna entre 1997 e 2009

Cheguei à Tribuna pela Editoria de Política numa cobertura de férias bastante despretensiosa. Era 1997, e a CPI que apurava irregularidades na Associação Municipal de Apoio Comunitário, a Amac, apenas começava. Não havia redes sociais, viralização de informações ou memes, tal como ocorre hoje na CPI da Pandemia. No entanto, os desdobramentos dia a dia, as reviravoltas, como em capítulos de uma série, eram os mesmos. Horas e horas de depoimentos, testemunhas, investigados, análise de documentos… tudo isso estava lá, com espaço garantido no jornal.

Como repórter de Política, batia ponto diariamente na Câmara de Vereadores. Caneta, bloquinho e gravador em punho, muitas vezes era a única espectadora da história que estava sendo construída e que afetaria a vida de milhares de juiz-foranos. Muitas pautas com discussões intermináveis. Outras, instantaneamente aprovadas. Entre tantos temas, aumento salarial de vereadores, elevação no preço das passagens de ônibus, Plano Diretor e até a conhecida Lei Rosa, pioneira no Brasil no combate à homofobia.

Recém-formada, “foca” no jargão jornalístico, fui aprendendo o ofício ali com os mais velhos, uma geração pra lá de talentosa que fez parte da fundação da Tribuna de Minas. “O assunto não pode morrer”, dizia meu editor, Renato Dias. “Não se faz jornalismo sem questionar, sem interpelar ou criticar”. “É preciso fiscalizar os Poderes, fazer o papel do cidadão”, “gostar de gente, apurar o ouvido”. “Ter estranhamento contínuo e não achar que as coisas são normais”. Aprendizados que carrego ainda hoje.

Naquela época, o fazer notícia era muito mais artesanal. Nem pensar em dar uma “googlada”, simplesmente porque não havia Google. Pesquisas eram feitas nos arquivos e nas bibliotecas. Ainda assim, as informações chegavam em excesso e precisavam da curadoria adequada.

Jornalismo é memória, e a história de Juiz de Fora é contada diariamente na Tribuna de Minas. Mesmo quando a fonte não dava entrevista, as famosas aspas, o olhar precisava estar presente e atento. Era assim quando o então governador Itamar Franco chegava a Juiz de Fora, e fazíamos plantão por horas e horas na porta do seu prédio. Todos ali na esperança de ele sair e falar com a equipe. Na ausência de entrevista, era preciso escrever com detalhes, mas sem excesso de adereços.

No início dos anos 2000, com a chegada do jornal Panorama, a Tribuna se reinventou. Ao final do dia, o concorrente divulgava na emissora de TV do mesmo grupo os principais destaques da edição seguinte. Isso ocorria por volta das 21h. Não foram poucas as vezes em que, nesse horário, começávamos uma apuração para garantir aos leitores da Tribuna o mesmo conteúdo e evitar o “furo”. A Editoria de Política, na época, havia sido totalmente renovada com a chegada dos repórteres Juliana Prado, Ricardo Miranda e Táscia Souza, com quem dividiria, como editora, muitas coberturas ao longo daqueles anos 2000.

Desses 40 anos da TM, fiz parte de 12. Impossível pensar em apenas um acontecimento marcante. “A política é dinâmica”, já diziam os principais atores locais. Poderia citar aqui as sempre apaixonantes coberturas das eleições municipais; as disputas e bastidores com Tarcísio Delgado, Custódio Mattos e outros protagonistas; as viagens para garantir conteúdo exclusivo. Mas, talvez, o mais marcante seja mesmo a busca cotidiana por garantir o interesse e o direito do cidadão, a notícia que ajude nas decisões, a busca pelo livre fluxo de informações e opiniões. Afinal, são todos esses princípios tão fundamentais à nossa democracia. Vida longa ao jornalismo!

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