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‘Gente que fez a Tribuna’: Jacqueline Silva e as grandes coberturas

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Grandes coberturas mobilizavam a redação

Jacqueline Silva, repórter e editora da Tribuna entre 2001 e 2012

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Uma verdadeira imersão antropológica. Assim posso definir os 11 anos de trabalho no jornal Tribuna de Minas. Ingressei em 2001, como repórter de Geral, e saí em 2012 como subeditora na mesma área, tendo circulado por Economia e Política, editado os cadernos Carro & Cia e TV, além de fechar a capa nos períodos de férias da editora titular. Aprendi muito com a experiência de verdadeiros mestres, e aprendi muito também com os profissionais mais jovens, que chegavam à redação cheios de gás e frescor. Essa troca geracional, a propósito, sempre foi um terreno fértil, cheio de potências, capaz de descortinar um mundo de possibilidades.

Durante muitos anos, atuei como repórter de saúde, um período riquíssimo no qual travei contato com todo tipo de pessoas. A carência que sempre foi a marca do setor me levou até usuários que cobravam condições mínimas de respeito e dignidade, enquanto aguardavam longamente por exames, cirurgias e medicamentos. Uma espera em que suas vidas e saúde mental frequentemente estavam sob risco.

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Conheci profissionais que denunciavam condições inadequadas e tinham a séria intenção de fazer a diferença. Outros nem tanto… seguiam o fluxo, já anestesiados por um sistema caduco. Entre os gestores, reações diversas. Desde os que também sofriam com a enorme dificuldade para atender a todos da forma adequada, diante de um orçamento limitado e uma estrutura deficitária, até os que destilavam cinismo e faltavam com a verdade. Todo tipo de gente, porque de todo tipo de gente é feita a humanidade.

Entre as experiências mais enriquecedoras na minha passagem pela Tribuna, cito as grandes coberturas de chuva, quando a redação se multiplicava para dar conta de relatar o rastro de danos, os momentos de medo, prejuízos, indignação e, infelizmente, mortes. Ainda hoje recordo do menino que morreu sob os escombros no desabamento da casa simples onde morava com a família. Os pais e irmãos salvaram-se deixando o imóvel segundos antes do acidente, mas o pequeno voltou inesperadamente para buscar o chinelinho, momento em que a construção ruiu sobre ele.

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Recordo-me que nas coberturas de chuva, assim como nas eleições, havia um clima mágico na redação. Toda a equipe se mobilizava, trabalhava em parceria, com a missão de costurar reportagens com informações humanizadas, coletadas em bairros de todas as regiões. Era uma corrida contra o tempo, um exercício de cooperação mútua e, ao mesmo tempo, um compromisso com a qualidade e a diversidade da informação.

Da Tribuna de Minas, guardo boas memórias, muitos aprendizados, amigos para uma vida toda e a certeza de que – sim! – o bom jornalismo faz a diferença.

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