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‘Gente que fez a Tribuna’: Mônica Calderano, entre arquivos e a maternidade

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30 anos (e mais uma década)

Mônica Calderano, repórter e editora da Tribuna entre 2003 e 2015

(Foto: Paula Rivello/Arquivo TM)

Foram muitas as histórias que ajudei a contar nos 12 anos em que estive na Tribuna, mas houve uma época, no primeiro semestre de 2011, que a minha missão era não exatamente uma história, mas todas elas, de certa forma, juntas em arquivos e mais arquivos de jornal. Para celebrar os 30 anos da Tribuna, a gente ia produzir um livro de fotos, com os registros mais marcantes das três primeiras décadas de vida do jornal, e cabia a mim a busca direto na fonte, por assim dizer. E embora a ideia fosse pinçar menos de 200 fotos que coubessem em 170 páginas de história, eu precisava ver tudo, página por página, foto por foto, emoção por emoção, para entender o que cada uma daquelas imagens dizia sobre Juiz de Fora.
Eu fazia isso tudo junto com o Bruno – antes mesmo de eu saber que ele se chamaria Bruno -, que crescia na minha barriga, acrescentando ao cheiro de jornal antigo um gostinho de metal na boca, eu me lembro como se fosse hoje. Seria amargo, se não fosse uma lembrança muito doce. Foram meses chegando cedo à redação, bem antes da “hora-que-todo-mundo-chega”, abrindo eu mesma as janelas, com luvas nas mãos e máscara no rosto, folheando páginas e páginas dos livros vermelhos, que na minha imaginação carregam até hoje a história do jornal.
São infinitos os acontecimentos que marcam uma cidade ao longo de 30 anos, e eu me lembro de muita coisa grandiosa. Achei foto da primeira Tribuna sendo impressa, de pontes e viadutos sendo inaugurados, de governadores, presidentes e futuros presidentes visitando Juiz de Fora. Tinha histórias de famílias inteiras, de tragédias naturais e outras tantas tragédias que nós mesmos provocamos. O povo nas ruas, protestos, flagrantes de vitórias esportivas, de derrotas políticas, de perdas imensuráveis e de dias de muita esperança.
Foram quatro ou cinco meses de trabalho diário no arquivo da Tribuna, e embora fosse preciso manter o foco, eu lembro bem da melhor parte: as histórias de todos nós. Aquelas que não “cabiam” na edição final, que não traziam gente com nome ou sobrenome conhecido, mas que falavam de Juiz de Fora e de tudo o que a gente viveu. Me lembro de “me perder” lendo os registros do nosso cotidiano, das famílias juiz-foranas, dos desafios, dos sonhos e expectativas a cada novidade, a cada obra inaugurada, a cada virada de ano. Onde estão essas pessoas? Como estão essas pessoas? Eram ilustres desconhecidos cruzando uma rua, saindo por uma porta, correndo num sinal, observando uma cena qualquer… A história da gente, que é ao que serve, no fim das contas, a história de um jornal…
Pisquei os olhos, o livro ficou pronto, mais um punhado de histórias foi contado, e o Bruno, veja só, já vai fazer 10 anos.

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