Desde o início da pandemia, doutor Lukas, que já atuava em UTI generalista, começou a trabalhar nas UTIs que atendem exclusivamente pacientes acometidos pela Coivd-19. Além de prestar suporte avançado de vida a pessoas em estado crítico e tomar decisões objetivas em situações de risco de vida, o médico conta que passou a ser imprescindível estabelecer uma relação de confiança com o paciente. “Eles chegam na UTI muito apavorados, já sabendo o que pode acontecer, com medo de morrer, de serem intubados. Cabe a nós acolhermos, sabermos lidar com isso, conversando e tentando acalmar esse paciente. Chegamos de máscara, paramentados, eles não conseguem ver nossos rostos, mas passam a nos reconhecer pela voz. A fé e a confiança em quem está os tratando é muito relevante para que ele possa se sentir tranquilo até mesmo se precisar ser intubado, sedado”, diz o médico.
De acordo com ele, muitas pessoas ainda enxergam as UTIs como locais hostis, em que não há este contato próximo e afetuoso entre os profissionais de saúde e os pacientes. Porém, essa ideia vem mudando com o acolhimento que também as famílias recebem. “Com a pandemia, as UTIs ficaram muito em evidência, e a grande palavra é humanização. É receber o paciente de uma forma que ele se sinta acolhido e a família também, já que não é possível mais ter visitas presenciais. Fazemos vídeo chamada com os familiares, para que sintam mais conforto, por exemplo. Buscamos ainda trazer a família para a realidade do quadro do paciente, mas de uma maneira esperançosa. Temos o suporte de assistentes sociais e psicólogos”, explica o médico.
Humanização nas UTIs: Equipe afinada
Fisioterapeuta atuando há 13 anos em UTIs, Edilaine Maciel dos Santos é coordenadora na UTI de Covid-19 do Hospital Ana Nery há cinco meses. Segundo ela, mesmo nos casos dos pacientes sedados, o trabalho do fisioterapeuta continua de forma humanizada, “com carinho, sempre conversando e explicando o que estamos fazendo, ou mesmo dando recados da família dizendo que estão todos preocupados esperando ansiosamente a volta deles passa casa. A relação fisioterapeuta e família é muito importante para a boa evolução do paciente, saber do que ele gosta, como era a rotina, para tentarmos trazer isso na medida do possível, deixando-o mais seguro e acolhido. É fundamental saber que mesmo distante da família, dos amigos, do dia a dia, estamos ali para tentar amenizar essa falta, disponibilizando nosso tempo não só para o tratamento, mas para uma conversa, ouvir o paciente, dar atenção, mostrar que ali ele não está sozinho, que estamos junto dele”.
Para ela, o acolhimento é fundamental para um bom prognóstico. “Todos sabemos que, com o emocional fortalecido, o organismo responde de forma favorável, contribuindo para o sucesso do tratamento e consequentemente a alta para casa.”
Profissionais sempre atentos
Segundo o médico intensivista Lukas Chaves, os pacientes com coronavírus, na maioria das vezes, são muito instáveis e requerem monitoramento e vigilância permanentes. Tudo isso, de acordo com ele, acaba trazendo um estresse psicológico intenso a todos os profissionais que trabalham nas UTIs. “Os pacientes com coronavírus podem piorar de uma hora para outra, você tem que estar pronto para agir rapidamente e certeiramente. Às vezes um paciente está indo bem, se acontece alguma coisa, é uma frustação. E tem paciente que não responde a nada que a equipe faz, isso traz para nós um impacto emocional sem dimensão. Todos os profissionais de saúde estão realmente cansados, mas seguimos com muita atenção, carinho e firmes no nosso objetivo. Tratamos a todos como se fosse da nossa família”, enfatiza.
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