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Do clássico ao grafite

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As telas de Ângela Falcometa estão dispostas em duas áreas do living: “Lendas’, emoldurada pela janela, e “Sertões”, na parede no lado esquerdo da imagem (Foto: Fernando Priamo)

A arte e a arquitetura caminham juntas, e, quando o assunto são projetos de interiores, uma não existe sem a outra. As obras de arte funcionam tanto como ponto de partida para a concepção do ambiente, ou, quando necessário, são produzidas exclusivamente para o espaço desejado. O diálogo entre artistas plásticos e arquitetos está cada vez mais aberto. Esta parceria pode ser apreciada na Mostra Casa Design 2016, que traz diversas telas e esculturas assinadas por expoentes da arte tanto da cidade quanto da região.

Fragmentos da natureza

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Retratar a natureza em técnicas de pintura mista e abstrata é a identidade da artista plástica Ângela Falcometa. Natural de Lima Duarte, a 50km de Juiz de Fora, a artista autoditada assina oito telas que misturam colagem, fragmentos minerais e vegetais, pintura acrílica e a óleo, expostas na Mostra Casa Design, que termina amanhã. Duas delas, “Sertões” e “Lendas”, que integram a série “Extratos do Brasil”, estão dispostas no living criado por Edith Verbena e Janércia Alves. Outra obra, “Nascentes”, também da mesma coleção, é o destaque no corredor do pavimento superior da casa. “Meu objetivo nesta série foi mostrar a diversidade biológica e cultural do nosso país, enaltecendo e valorizando o que temos de melhor. A natureza sempre se portou como fonte de inspiração para as artes, despertando uma experimentação individual de técnicas e composições”, explica Ângela.

Freestyle

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Grafites de Davidson Lopes destacam-se por suas cores vibrantes, em contraste com a paleta sóbria escolhida para o dormitório (Foto: Fernando Priamo)

A arte está cada vez mais democrática e abrindo espaço para novas formas de expressão. O grafite é o melhor exemplo desta mudança. No quarto do jovem, criado por Natália Torres, o artista Davidson Lopes, da Bula Temporária, assina dois painéis que trazem vida ao ambiente. O “Pássaro asteca”, carregado de tons vivos como amarelo, verde, azul e rosa, destaca-se sobre a paleta de cores escolhida para o cômodo. “O grafite é um trabalho intuitivo, e, para que aconteça, precisa da energia do lugar e desta interação”, destaca Davidson.

Próximo ao acabamento do teto, o artista ainda criou outro painel seguindo as mesmas cores do pássaro, em que dispôs da técnica freestyle, deixando a imaginação fluir para criar curvas e desenhos para harmonizar com o estilo do quarto. A criação aconteceu a partir do uso de tinta spray e látex, aplicada com pincel, rolinho e caneta para os detalhes. “O grafite é uma arte urbana, logo faz sentido ele estar dentro das casas e apartamentos, que por sua vez compõem este espaço”, comenta Davidson.

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Traçados e linhas
O traçado peculiar de Petrillo marca presença em cinco obras que compõem ambientes da Casa Design. Os trabalhos do artista plástico, pertencentes à mostra “Trabalhos recentes”, de 2014, ganham destaque no terraço contemporâneo, no quarto do jovem, no lavabo e no hall. As peças, quatro desenhos e uma escultura, transitam, segundo Petrillo, pelo imaginário de lugares que não existem, pois foram concebidas a partir de levantamentos topográficos. “Diferentemente dos lugares, as linhas estão sempre paralelas e dificilmente se cruzam. Minha proposta é fazer com que elas se cruzem e criem estes lugares”, observa. As obras foram produzidas em guache sob impressão das topografias.

Aço corten
A possibilidade de criar objetos de arte a partir da conversa com os arquitetos, para o artista plástico Adauto Venturi, é fundamental para conceber seus projetos. Na Casa Design, ele assinta três obras: “O observador de Venturi” e “A nova onda”, dispostos na área da piscina, e “À la Fontana”, no começo do lounge de entrada. As obras foram produzidas em aço corten oxidado, assinatura do artista.  As obras seguem o estilo ‘art nouveau’, com formas orgânicas e que trazem movimento e funcionalidade ao ambiente. Para Venturi, o aço corten é um material que traz originalidade ao ambiente em que está disposto, seja interno ou externo. “Ele confere resistência e durabilidade, uma vez que, devido a sua característica química, ao oxidar, não apodrece e pode ser utilizado em aparência natural, sem a necessidade de pinturas e outros acabamentos”, come.

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Sob encomenda

Fábio Gama prefere criar de acordo com o projeto arquitetônico, como a obra da sala íntima (Foto: Fernando Priamo)

O artista plástico Fábio Gama também tem preferência por criar obras a partir da demanda do arquiteto ou design. Das peças expostas em diversos ambientes da Casa Design, várias foram concebidas a partir da estruturação do projeto arquitetônico, como a sala íntima. Neste caso, a tela em arte abstrata foi criada para preencher a parede da escada e dentro da paleta de cores escolhida por Fernanda Nicolau e Deize Sales, que assinam o ambiente. “Busco respeitar a proposta do arquiteto e, mesmo depois de estar tudo pronto, se necessário, faço outras adequações”, destaca Gama. O contato direto com o arquiteto, segundo  o artista, também é fundamental para entender e equilibrar as peças e os pontos de iluminação pensados para o ambiente.

Contemporâne0

Obras de Dalton Carvalho e Petrillo marcam presença no terraço contemporâneo (Foto: Fernando Priamo)

Os painéis na fachada da Casa Design foram elaborados  pelo arquiteto e artista plástico Dalton Carvalho a partir de elementos contemporâneos, com figuras geométricas e abstratas e cores primárias bem chamativas, como vermelho e amarelo. A proposta foi desconstruir a ideia de painel único, possibilitando infinitas interpretações. Além da fachada, Dalton assina outra obra, disposta no terraço contemporâneo.

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