Quem mora em Benfica raramente precisa se deslocar até o Centro de Juiz de Fora, distante cerca de 15 quilômetros. Isto porque o bairro oferece uma estrutura comercial e de prestação de serviços diversificada. A região abrange cerca de 120 lojas de variados segmentos, cinco agências bancárias, hotéis, restaurantes, imobiliárias, laboratórios, agência dos Correios, cartório e instituições de ensino da rede pública e privada. O bairro também oferece opções de lazer e cultura com as atividades realizadas no Centro Cultural, no Esporte Clube Benfica e na Praça CEU, além do acervo disponível na Biblioteca Delfina Fonseca Lima.
A estrutura de Benfica concede ao bairro um status de cidade, responsável por polarizar toda a região Norte de Juiz de Fora, que possui cerca de cem mil habitantes conforme os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para se ter ideia, em Minas Gerais, cerca de 30 municípios possuem uma população igual ou maior do que este total.
A oferta imobiliária também é diversificada, abrangendo imóveis residenciais e comerciais para locação e venda. “É um bairro grande e muito bom, que vale a pena”, avalia o presidente da Associação Juiz-forana de Administradores de Imóveis (Ajadi) e proprietário da Sênior Imóveis, Antônio Dias. “Por ser praticamente uma cidade, Benfica possui uma rede imobiliária própria. É possível encontrar imóveis localizados no bairro em estabelecimentos do Centro, mas o maior volume de oferta se concentra por lá. A infraestrutura de Benfica é muito boa.”
Apartamentos de 2 quartos são principal oferta
Há 20 anos no mercado, a imobiliária Opções Imóveis atua com exclusividade em Benfica e adjacências. “Os apartamentos de dois quartos são a principal oferta para moradia no bairro. As casas são mais procuradas para fins comerciais”, explica a funcionária Cristiane Afonso Duque. Segundo ela, a demanda dos consumidores está bastante atrelada aos negócios que se instalam na região. “A chegada de empresas no Distrito Industrial, por exemplo, é um movimento que aquece o setor. Quem se muda para a cidade para trabalhar lá tem preferência por morar em Benfica.”
De acordo com o proprietário da WMF Aluguéis, Wagner Fernandes, as ruas Diogo Álvares, Marília e Guararapes são as mais procuradas para quem quer morar em Benfica. “Já a Martins Barbosa é a preferida por quem deseja um imóvel comercial, pois tem uma rede de lojas bem estruturada.” Ele explica que, por conta da distância entre o bairro e o Centro de Juiz de Fora, os clientes que buscam um imóvel em Benfica preferem fazer negócio com as imobiliárias locais. “Por isso, também, nós concentramos nossa oferta de imóveis na região.”
Em conta
Segundo a avaliação do setor imobiliário, o valor do metro quadrado em Benfica é estimado em, aproximadamente, R$ 2 mil, quase 60% mais barato do que o preço cobrado na região central da cidade, fixado em R$ 4.987, conforme informações do Portal Agente Imóvel.
Com jeito de lugar pequeno
Nascida e criada e Benfica, Denilza de Paula Nazareth hoje integra a Associação de Moradores do Bairro. “Muita coisa mudou nos 44 anos em que moro aqui. O comércio ampliou e se estruturou de uma tal forma que hoje temos uma rede completa com farmácia, açougue, supermercado”, exemplifica. “Mas, apesar desse crescimento, ainda mantemos uma familiaridade. As pessoas se conhecem, e quando precisamos de algo sabemos que podemos bater na porta do vizinho e receber ajuda.”
O relacionamento interpessoal citado por Denilza vai além do contato dos moradores pelas ruas do bairro. Benfica possui um site, que divulga os principais eventos realizados na comunidade e auxilia na preservação da memória local. A página foi criada pelos moradores Sander Venzi e Alessandra Patrícia e é alimentada com a participação de outros moradores. No espaço, são compartilhadas informações históricas, fotografias, agenda de eventos e entrevistas com quem contribui para escrever a história do lugar.
Esta proximidade entre os moradores também é um diferencial nas relações comerciais. “Os consumidores nos conhecem, sabem que vão comprar diretamente com o dono da loja, e isso cria uma maior credibilidade e confiança”, destaca o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Benfica, Euzébio Martins. Segundo ele, além dos clientes do próprio bairro, o comércio e os serviços atraem público de cidades do entorno como Santos Dumont, Ewbank da Câmara e Lima Duarte. “Temos um potencial comercial forte, com uma oferta variada de produtos e preços atrativos.”
Horário diferenciado
O horário de funcionamento também é diferenciado. “No sábado, é comum as lojas ficarem abertas até mais tarde. No domingo, também há alguns estabelecimentos que possuem expediente, como é o caso de farmácias, restaurantes e supermercados.” Outro aspecto positivo, na análise de Euzébio, foi a implantação da Área Azul no bairro, o que conferiu maior segurança aos consumidores que estacionam os carros nas ruas.
Praça CEU: um novo cartão-postal
Criado em 2015, o Centro de Artes e Esportes Unificados – conhecido como Praça CEU – renovou os ares de Benfica e intensificou a polarização do bairro em relação a outras localidades. Cerca de quatro mil pessoas frequentam o local semanalmente.
Situado em uma área de sete mil metros quadrados, o espaço dispõe de quadras coberta e de areia, mesa para pingue-pongue, parque infantil, academia ao ar livre e pistas de skate e para caminhada. Também são oferecidas 13 oficinas regulares de dança, música, teatro, artesanato e práticas esportivas. As atividades possuem mais de 1.200 alunos matriculados.
“A Praça CEU está em um ponto estratégico. Nós conseguimos mapear mais de 15 bairros da região que utilizam este espaço”, informa o coordenador do local, André Noronha. O projeto se tornou referência para os moradores da região. Muitos o consideram uma das ações mais relevantes ocorridas na Zona Norte.
Para ele, esta importância está atrelada à identidade que o espaço criou para a população. “Com a chegada do CEU, nós tivemos a oportunidade de trabalhar com a comunidade os sentimentos de pertencimento e de responsabilidade. A mobilização social foi o ponto-chave para isso acontecer, já que a comunidade teve que tomar decisões para o melhor funcionamento do espaço. Poder trazer esse olhar participativo para a comunidade foi um dos aspectos mais importantes do projeto.”
A Praça CEU possui, ainda, uma biblioteca com acervo de quase oito mil títulos disponíveis para consulta e empréstimo e mantém projetos como “Sarau Sideral”, “Clube de Leitores” e “Troca de Livros”. No cine teatro são apresentados espetáculos gratuitos e exibidos filmes na sessão que possui entrada franca.
Outros espaços
Dentre os espaços culturais ainda estão o Centro Cultural de Benfica, onde são realizados apresentações, espetáculos e palestras; a Biblioteca Delfina Fonseca Lima, que além do acervo disponibiliza espaço para a realização de projetos culturais como contação de histórias; e o Esporte Clube Benfica, que este ano completa 80 anos de atuação na área de recreação e prática esportiva.
Crescimento exige investimentos
As características de uma cidade reunidas em um bairro quase trouxeram a emancipação de Benfica em 1963, quando a localidade era um distrito juiz-forano chamado Benfica de Minas, como recorda o historiador e morador do bairro, Vanderlei Dornelas Tomaz. “De lá para cá, Benfica continuou crescendo, e hoje possui uma infraestrutura que não é encontrada em muitas cidades da Zona da Mata.”
Ele destaca que, com o crescimento, vieram também os problemas característicos de um município de médio porte. “É um bairro com estilo de cidade e precisa de atenção e investimentos do poder público no que se refere, principalmente, à segurança.” Para ele, a revitalização do passeio da Avenida JK às margens do Rio Paraibuna é outra necessidade. “Isto permitiria a caminhada e a circulação de bicicletas, por meio de uma ciclovia, de modo mais seguro.”
Apesar disso, Vanderlei garante que o bairro é um lugar bom para se viver. “Nasci e fui criado em Benfica, local que já recebeu a visita de Machado de Assis e foi citado em obras literárias de Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade. Temos muito do que nos orgulhar da nossa história e, também, o que cobrar do poder público para melhorias. A segurança é a nossa maior demanda.”