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Influências globais sem perder a identidade

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Indio da Costa lança livro com 16 de suas criações nos últimos dez anos (Foto: Divulgação)

 

Projetos como a revitalização da Marina da Glória, que ainda não foi executada, trazem a brasilidade, mais especificamente, a carioquice, por explorarem de forma leve e sinuosa a paisagem do Rio de Janeiro. É o que afirma o arquiteto e urbanista Indio da Costa, que fala sobre seu trabalho e seu livro “Ar como arquitetura” na entrevista a seguir.

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Tribuna – Como você avalia os caminhos da arquitetura e do design brasileiros?
Indio da Costa – Num mundo globalizado, a arquitetura e o design sofrem influências internacionais muito fortes. Acho que o nosso grande desafio é usar estas influências de forma adequada, preservando a nossa identidade cultural. Tanto o design quanto a arquitetura estão mais atentos às soluções ecologicamente corretas e sustentáveis, o que faz com que surjam novas e mais criativas soluções. Além disso, os novos instrumentos de trabalho, através de computação gráfica, programas cada dia mais sofisticados e métodos construtivos mais modernos, nos possibilitam ousar com formas diferenciadas.

 

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Existem aspectos que determinam um estilo legitimamente brasileiro?

Certamente. As nossas raízes culturais se fazem presentes nos nossos trabalhos que, sem desprezar influências do mundo inteiro, as filtram e adaptam à nossa realidade. Um brasileiro não consegue sentir e se expressar como um sueco, por exemplo, e isto, felizmente, está refletido no trabalho de cada um de nós, garantindo longevidade dos aspectos culturais de cada país, além da originalidade e da personalidade de cada um.

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Você incorporou a seus projetos referências de outras localidades do mundo. O que o Brasil já exportou na sua visão? Qual a importância deste intercâmbio?

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O Brasil já foi exportador de arquitetura na fase modernista, através, principalmente, de Oscar Niemeyer. Muitos arquitetos, como Zaha Hadid, se declararam influenciados pela arquitetura de Niemeyer. Portzamparc declarou sua admiração e possível influência pelo trabalho de Affonso Reidy, além de diversos outros. No momento, entretanto, vejo, com muita pena, uma influência mais forte no sentido inverso: do mundo para o Brasil.

 

Como os aspectos urbanos e naturais influenciam na arquitetura de uma cidade? O que deve ser considerado?

A boa arquitetura tem um forte compromisso com o seu entorno e a época em que está sendo concebida. Assim, o que é adequado para o Rio de Janeiro, que tem uma natureza especial, forte e muito presente em todos os seus bairros quase sempre não se encaixa corretamente em outra paisagem urbana. É preciso respeitar o local onde será inserido o objeto arquitetônico. Dentro do meu trabalho, dois exemplos muito claros disso são: o projeto da Marina da Glória, cuja solução formal só se encaixa corretamente naquele local específico, e o do Parque do Flamengo e o do Rio Panorâmico, projeto que propõe um circuito de teleféricos ligando o topo de alguns dos principais morros da Zona Sul da cidade, valorizando um aspecto marcante da experiência carioca: a paisagem extasiante.

 

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