Um a cada quatro imóveis vendidos em Juiz de Fora é destinado ao consumidor que não é juiz-forano, conforme levantamento feito pela construtora Rezato que observou o perfil da demanda por moradia na cidade nos últimos quatro anos. De acordo com a empresa, os apartamentos de dois quartos localizados na região central e bairros adjacentes são os mais procurados por estes clientes que, em sua maioria, têm entre 40 e 50 anos e adquirem o imóvel tanto para morar quanto para investir.
Segundo o sócio-proprietário da Rezato, Wilson Rezende, a maior parte destes consumidores é nascida em cidades vizinhas como Ubá, Leopoldina e Muriaé. “Estes clientes têm um papel importante na nossa economia por aquecerem a construção civil e mostrarem a relevância de Juiz de Fora para a região.”
Na avaliação do empresário, dentre os principais atrativos para que o público de fora se estabeleça na cidade estão os serviços prestados nas áreas de saúde e educação. “Temos uma grande oferta de cursos universitários e bons colégios para ensino médio e técnico. Também disponibilizamos uma melhor infraestrutura de atenção à saúde em comparação com os municípios do entorno. Além disso, dispomos de uma dinâmica comercial organizada com as lojas do Centro, a presença de shoppings e uma oferta variada de prestadores de serviços.”
Qualidade de vida
As vendas da imobiliária Souza Gomes corroboram o levantamento realizado pela Rezato. De acordo com o diretor Diogo Souza Gomes, 25% das transações são feitas com o público externo. “Nesse percentual incluímos consumidores nascidos em outros municípios e juiz-foranos que, até então, moravam em outra localidade e estão retornando.”
Segundo ele, além de atrair o público de cidades vizinhas da Zona da Mata, Juiz de Fora também recebe novos moradores oriundos dos grandes centros, com destaque do Rio de Janeiro, por conta da maior proximidade. “Boa parte vem em busca da melhor qualidade de vida que a nossa cidade oferece.”
Diogo ainda destaca outros perfis de compradores que aquecem o setor. “A oferta de ensino local faz com que muitos pais comprem um imóvel para os filhos estudarem aqui. Outro interesse que motiva a aquisição é quando a pessoa é transferida para trabalhar na cidade. Também há casos em que aposentados preferem sair dos grandes centros para garantir uma melhor qualidade de vida.”
Na Ribeiro e Arrabal Negócios Imobiliários, o público externo corresponde a cerca de 20% das vendas realizadas. Na análise do diretor de vendas, Anderson Ribeiro, esta participação comprova a polarização de Juiz de Fora sobre a região. “O setor imobiliário sente os impactos positivos desta realidade, assim como acontece com o comércio e também os serviços. A cidade atrai este púbico por oferecer maior conforto, qualidade e infraestrutura.”
Apesar de não realizarem pesquisas sobre vendas, a Associação Juiz-forana de Administradores de Imóveis (Ajadi) e o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) na Zona da Mata reconhecem a participação de consumidores de outras cidades nos negócios locais.
Uma escolha para cada perfil
Apesar dos apartamentos de dois quartos localizados na região central serem os mais procurados pelos consumidores de fora, outros imóveis também configuram na lista de aquisições deste público. Esta escolha varia de acordo com o perfil de cada cliente. “Assim como temos vários propósitos que motivam a compra de imóveis, temos vários perfis de consumidores. Os apartamentos de um e dois quartos são os mais procurados pelos pais de estudantes. Aqueles com três dormitórios são os favoritos para as famílias, enquanto as casas são os imóveis escolhidos pelos clientes que buscam investir numa maior qualidade de vida”, explica Diogo.
Localização
Centro, São Mateus, Bom Pastor, Cascatinha, Estrela Sul, Granbery e Santa Helena são as regiões mais procuradas por quem deseja comprar um apartamento. Quem opta pelas casas, em geral, busca imóveis nos condomínios da Cidade Alta.
“Cidade me permitiu realizar sonhos”
Natural de Além Paraíba, a psicóloga Neide Aparecida Barros Delgado mudou-se para Juiz de Fora com a família em 2007, quando o marido foi transferido do emprego. “Sempre quis morar aqui por conta de tudo que a cidade oferece. Fiquei muito feliz quando tivemos esta oportunidade.”
Ela conta que, após oito anos morando de aluguel, a família teve a chance de adquirir a casa própria. “Neste processo de escolha, priorizamos a localização e as condições de pagamento.” A família optou por uma casa em um condomínio do Bairro São Pedro.
Para Neide, a compra do imóvel foi uma grande conquista. “Os meus planos são de ficar em Juiz de Fora, cidade que me permitiu realizar sonhos. Aqui conquistei a minha casa própria e, também, retomei os estudos e me formei em psicologia, área que atualmente trabalho”.
“Foi encanto à primeira vista”
Quando a psicóloga Ezilene de Oliveira recebeu a notícia que a filha havia passado para o vestibular do curso de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no primeiro semestre deste ano, ela não teve dúvidas de que em breve se mudaria para a cidade. “Quando cheguei aqui foi encanto à primeira vista. Gostei do clima, da gastronomia, da receptividade.”
Nascida em Belo Horizonte, ela estava morando em Salvador, na Bahia, quando decidiu comprar um apartamento em Juiz de Fora. “Compramos em julho, e estamos organizando tudo para mudar até outubro.” Além dos estudos da filha, a busca por uma melhoria de qualidade de vida foi um dos fatores responsáveis pela escolha. “A cidade oferece mais segurança em relação aos grandes centros.” Para a escolha do imóvel também foram considerados localização, tamanho e valor. “Optamos por um apartamento no Bairro Cascatinha.”
“Gostaria de me estabelecer na cidade”
Comprar a casa própria em Juiz de Fora está na lista de vontades da estudante Luiza Muglia Souza. Natural de Muriaé, ela se mudou para a cidade em 2014 para cursar o ensino médio. “Vim para morar com o meu irmão e, desde então, pagamos aluguel.”
Morando em um apartamento no Bairro São Mateus, ela hoje é aluna do curso de Engenharia Elétrica da UFJF. “Vou manter o aluguel até o final do curso, pois não sei como serão as oportunidades de emprego após me formar. Mas eu gostaria de me estabelecer na cidade e ter a minha casa aqui.”
Vendas dinamizam a economia
Na análise do economista Fernando Perobelli, a participação de consumidores de fora no setor imobiliário é um aspecto positivo para a economia local. “É uma escala de oferta e demanda que traz um dinamismo econômico. Temos impactos positivos que vão desde o aumento das receitas tributárias até o crescimento do consumo. Cria-se um efeito multiplicador na nossa economia.”
Para ele, esta realidade deixa evidente o status de cidade polo que Juiz de Fora possui. “A atração deste público consumidor mostra que a cidade vem exercendo esse papel frente a outros municípios. Há pessoas que chegam para estudar, outras para trabalhar”, exemplifica. “O desempenho dos setores econômicos – seja comércio, serviços ou imobiliário – está atrelado a esta movimentação.”