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Arte, história e fé Disco voador do Oriente Espremida entre prédios

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Em diferentes estilos, templos religiosos representam a memória dos imigrantes que ajudaram a construir Juiz de Fora

A história de Juiz de Fora está ligada à chegada de centenas de imigrantes que vieram para o país em busca de novas oportunidades. Elementos culturais de cada nação foram incorporados à cidade e seguem vivos em cada parede erguida e preservada. A cidade possui referências portuguesas, negras, alemãs, italianas, sírias e libanesas. Muitas delas estão eternizadas nos templos religiosos, construídos para que estes povos continuassem a exercer sua religiosidade dentro dos ritos aos quais estavam acostumados em seus países de origem.

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Os alemães, por exemplo, vieram para Juiz de Fora para trabalhar na construção da Estrada União Indústria, em 1858, e fundaram a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana. De acordo com o presidente da Comunidade, Adalto Barra, o primeiro templo central foi erguido no século XIX no Bairro Fábrica, na Rua General Gomes Carneiro, sendo demolido anos mais tarde para a construção de uma nova sede, já no século XX, no Bairro Mariano Procópio. A única lembrança que sobrou do templo antigo foi um vitral colorido disposto na entrada do local, unindo-se aos traços de estilo modernista, como linhas orgânicas e formas geométricas, comuns nos anos 1970.

Barra explica que a arquitetura dos templos luteranos não segue um padrão específico de construção, acompanha a época. Internamente, as características são a ausência de imagens e apenas uma cruz fixada no centro do altar, simbolizando Jesus Cristo. Para aproximar mais os imigrantes, em 1935, foi inaugurada uma capela luterana no São Pedro. O local segue preservado até hoje, com a fachada em tijolos aparentes.

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O formato de “disco voador” da Igreja Greco-Católica Melquita, no Santa Helena, faz dela um templo singular na cidade. O que poderia ser uma determinação de estilos não passa de uma estratégia arquitetônica para aproveitar o espaço pequeno concedido aos imigrantes sírios e libaneses, na década de 1950, para construir a igreja. O desenho ainda trouxe significados religiosos. “As vigas de sustentação da igreja se portam como dedos segurando um prato com pão. A vela é a torre, representando o círio. Há ainda a cruz do rito bizantino no topo, com braços iguais”, explica o pároco da igreja, monsenhor João Carlos Teodoro.

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Do lado de dentro, a Melquita possui ícones que representam passagens bíblicas por meio da simbologia, utilizando cores e significados. “A tradição bizantina não faz uso de esculturas, pelo fato de este tipo de arte ser tardio e limitado. Por isso veneramos os ícones. As cores, por sua vez, obedecem a um código e não ao gosto do artista ou iconógrafo, que escreve os ícones, por isso não existe assinatura. O vermelho representa o divino, e o azul, o humano. A imagem de Maria estará sempre à direita de Jesus, pois a Rainha Mãe sempre fica à direita do Rei”, pontua.

Como toda igreja católica do rito bizantino, na área do altar existe o iconostasis, um painel em que os ícones ficam dispostos. Além disso, o setor é dividido em três partes, que representam os três graus da ascensão espiritual: o santuário, que só pode ser acessado por diáconos, padres e bispos; o nartex, onde acontecem os batizados e os casamentos; e a nave, onde os fiéis acompanham as celebrações.

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O iconostasis ainda dispõe de três portas, sendo a do meio a Porta Real, que marca o ponto exato do nascimento do Sol, o oriente. “Esta é outra particularidade da Melquita: padre e fiéis ficam voltados para esta posição, por isso a entrada não fica para a praça.” Outras cores presentes na Melquita, como o dourado, que remete ao Império de Bizâncio (nobreza, riqueza e beleza dos cerimoniais da corte que foram incorporadas à liturgia), e o azul do teto, fazendo alusão à tonalidade do céu no Oriente.

A Igreja de São Roque passa despercebida por quem passa pela Avenida dos Andradas. Espremida entre prédios, a capela marca a chegada dos italianos à cidade, no final do século XIX. Lucínia Scanapieco, membro da comunidade italiana local, explica que os imigrantes precisavam se unir para se adaptarem à nova realidade, além de manter seus costumes, como a devoção a São Roque, santo muito cultuado na Itália por ser o principal intercessor em casos de pestes e epidemias.

Os primeiros passos para a construção da capela foram dados em 1902, mas a obra só foi iniciada após a doação de um terreno na Rua da Gratidão, atual Avenida dos Andradas. A estrutura começou a ser erguida em 1904, sendo inaugurada em 1907. Em 2002, a igreja foi tombada como patrimônio cultural municipal no intuito de manter as características originais da época, embasadas no ecletismo, que mistura os estilos gótico, barroco e maneirista.

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