O investimento em peças de design, seja por sua estética ou funcionalidade, está cada vez mais tangível, o que vem despertando um interesse cada vez maior no consumidor e, por sua vez, levando lojas físicas e virtuais a disponibilizarem em seu acervo um maior número de opções.
“Uma peça de design, geralmente, possui formas atemporais. É feita com materiais de boa qualidade e ecologicamente corretos, além de ter um acabamento superior. É aquela peça que agrada os olhos, que tem uma preocupação em propor algo diferente, aliando funcionalidade, estética, conforto e durabilidade”, define o designer de móveis, Sílvio Romero.
Este conceito é a base para que o design atual abra ramificações que abrangem todo tipo de público e, principalmente, todos os tipos de bolso. Conforme explica o designer Fernando Fernandes, é preciso entender que o design tido como “assinado” pode ser produzido de duas formas: em larga escala ou de forma independente. No primeiro caso, a produção ocorre por meio de parcerias firmadas entre grandes lojas, ou marcas, e designers consagrados.
Nesta produção, Fernando destaca que muitas marcas já possuem uma fabricação estruturada, o que permite mais lucratividade a partir da otimização dos processos, pesquisa de tecnologias e materiais, reduzindo custos com a matéria-prima sem interferir no valor agregado da peça. “Por outro lado, o designer independente passa por uma série de dificuldades de produção, desde a prototipagem, a fabricação até a venda. Por isso os designers, em sua maioria, produzem peças sob encomenda e não possuem um estoque muito grande, o que encarece a produção em relação às peças produzidas em larga escala, seja qual for o valor final delas”, explica.
Por outro lado, Fernando afirma que há uma valorização cada vez maior do design artesanal e autoral. “As pessoas buscam personalização, individualidade, autenticidade, conceito e qualidade no desenho das peças. Há uma valorização dos pequenos produtores, que agora estão mais acessíveis, em contraposição aos produtos chineses ou populares que não expressam a identidade dessa geração”, reflete.
E que fique claro, peça exclusiva não é sinônimo de peça de design. Silvio Romero observa que um designer pode de criar um objeto para ser reproduzido em larga escala ou em baixa escala. “Uma coisa não exclui a outra. Mesmo assim, isso não se configura como exclusividade. Este conceito ocorre quando um número reduzido de peças é produzido por ele”, pontua.
Popularização
Um dos grandes motivos que tornaram o design mais acessível foi o fato de as patentes de peças criadas por grandes designers terem expirado, possibilitando a reprodução por qualquer pessoa. Um exemplo são as as criações do casal Charles & Ray Eames. O problema, na visão dos designers, não está nesta produção, mas na qualidade das peças, uma das principais premissas do setor. “A produção de peças renomadas e desejadas em larga escala, aliada a uma grande concorrência de produtores, torna o produto mais barato e mais vendável, porém, com baixíssima qualidade se comparado ao que é feito por fábricas que possuem autorização de produção”, ressalta a designer Flávia Araújo.
Por outro lado, a oferta desse tipo de produto em lojas de mobiliário e decoração, em lojas de departamento e até pela internet melhorou o acesso às peças e também serviu para divulgar o design autoral de pequenos produtores. “Existem lojas que convidam designers para produzirem peças exclusivas com valor agregado maior e lojas que conseguem popularizar o desenho com valor agregado menor. Em ambos os casos, acreditamos que as lojas auxiliam na popularização e no acesso ao design, pois, de certa forma, as peças são visualizadas pelo consumidor e se tornam objetos de desejo”, destaca a designer.
Outro ponto que contribui para este novo cenário, segundo ela, é a mudança do olhar. “As pessoas estão mais criativas, e as ferramentas tecnológicas estão contribuindo para esta consciência coletiva. Elas sempre se interessaram por isso, o que mudou é o senso estético, as referências e a facilidade de se encontrar produtos mais acessíveis”.
Hora de levar para a casa
Ao investir em design, o objetivo, segundo a arquiteta Jaqueline Bonjour, é unir qualidade, estética e funcionalidade. Para quem deseja aventurar-se nesta área, a profissional orienta começar por luminárias, itens de decoração, cadeiras e poltronas. Outra dica, conforme o designer Felipe Vargas, é buscar peças multifuncionais, como uma mesinha lateral que pode tanto se transformar em criado quanto em banquinho. “O design deve ser interpretado e utilizado da maneira que a pessoa necessita. Flexibilidade é uma boa palavra na hora de pensar em uma peça de design. A peça se torna interessante quando pode ser reinventada pelo usuário”, aponta.
5 motivos para ter uma peça de design em casa
- O produto tem que ser desejado por você, e você precisa criar uma relação com a peça
- Defina a finalidade e a função da peça no ambiente
- Escolha uma peça autorizada ou autoral, que seja verdadeira e não uma cópia
- O produto tem que ser durável, com indicações de possíveis manutenções e qualidade dos materiais
- Procure um design com estética atemporal, que não acompanhe modismos
Fontes: Fernando Fernandes, Flávia Araújo e Felipe Vargas, designers do f.studio