Engana-se quem pensa que cultivar uma horta é privilégio apenas para os que moram em casas grandes, com quintais. As hortas são viáveis em residências pequenas, inclusive apartamentos. Basta um pouco de tempo e habilidade para plantar hortaliças e temperos e ter alimentos orgânicos sempre à mão, evitando o consumo de produtos industrializados ou cheios de agrotóxicos.
“A escolha das espécies vai depender do espaço que se tem. Quando ele é muito pequeno, como no caso de apartamentos, o ideal é cultivar algumas ervas medicinais e condimentares”, observa a engenheira agrônoma e pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Wânia dos Santos Neves. Na hora da escolha, deve-se levar em conta aquelas que se adaptam melhor ao clima da região e aos hábitos alimentares da família.
Aquele cantinho esquecido em casa, como a varanda ou a área de serviço de um apartamento, pode ganhar uma nova função, desde que receba de quatro a cinco horas diárias de luz solar para garantir o desenvolvimento das plantas. “Não existe uma metragem mínima, basta ter uma parede em que os vasos possam ser pendurados. Neste caso, recomendo utilizar um suporte ou uma manta térmica quando for feita uma horta vertical para proteger a parede de umidade e não comprometer a estrutura física do espaço”, orienta. Wânia destaca que o local ainda deve ser de fácil acesso para que a pessoa execute os trabalhos de poda, irrigação e adubação com mais conforto. “Veja se o local possui disponibilidade de água de qualidade para irrigação e se é protegido contra ventos fortes, evitando a quebra de galhos, folhas ou de plantas jovens.”
Reciclando sem custos
Garrafas PET servem como vasos para plantio de alface e outras espécies (Foto: Divulgação)
Para construir sua própria horta, não é preciso fazer altos investimentos. A engenheira agrônoma da Epamig, Wânia dos Santos Neves, ressalta que é possível cultivar hortaliças em recipientes de diversos tamanhos, como vasos, garrafas PET, embalagens de plástico e caixas de leite. Os suportes podem ser por meio de pallets, caixotes e telas. “Os recipientes podem ficar no chão ou serem colocados no modelo de horta vertical. O material e o gasto dependem do que a pessoa quer e tem condições financeiras para fazer. Podemos ter um custo praticamente zero se usarmos somente material reciclável e um custo mais alto caso a intenção seja criar um espaço que sirva também como decoração”, comenta. A engenheira destaca, ainda, que é importante a pessoa ter em mãos um conjunto de jardinagem composto por pazinha de plantio, tesoura de poda, garfo quatro dentes e enxadinha; regador ou mangueira e balde.
Construir a própria horta e cultivá-la, para Wania, é uma garantia de consumo de alimentos mais saudáveis, já que em pequenas plantações não se usam agrotóxicos. “Outros benefícios que podem ser conseguidos com essa atividade são: aumentar a diversidade de verduras no cardápio e estimular a convivência com vizinhos, já que, muitas vezes, há trocas de verduras entre eles no caso de não plantarem as mesmas espécies, e funciona também como uma forma de terapia para quem realiza a atividade”, conclui.
