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Quer construir, reformar ou decorar sua casa? Confira as opções de financiamento

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Conseguir um financiamento junto aos bancos e instituições financeiras não é uma exclusividade para quem pretende comprar um imóvel. O mercado também oferece linhas de crédito para quem deseja construir ou reformar a casa. As opções são diversificadas e incluem desde a oportunidade de financiar boa parte da obra, até a compra de materiais de construção e móveis, passando por soluções inovadoras que busquem reduzir o consumo de água e luz.

A Tribuna realizou levantamento junto aos principais bancos públicos e privados (ver quadro). As ofertas e condições de financiamento variam entre os estabelecimentos e merecem atenção do consumidor. Especialistas orientam sobre como deve ser o planejamento para a realização de uma obra e quais aspectos devem ser analisados para a contratação de crédito.

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Na avaliação da economista e professora da UFJF, Fernanda Finotti Perobelli, o financiamento ainda é caro no Brasil. “Num país em que o investimento é remunerado a 0,85% ao mês, tomar financiamento a qualquer taxa superior a isso é pagar caro. A melhor alternativa é sempre programar os custos da obra, definir um prazo para começá-la e fazer aportes mensais numa aplicação financeira com liquidez e bom retorno”, compara. “A melhor maneira de fazer a obra é pensá-la como uma aplicação financeira, em que se aplica o dinheiro para sacar depois, e não como um financiamento, usar primeiro para pagar depois.”

A economista do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim, concorda. “O ideal é fazer uma poupança antes de começar a obra. Mas caso aconteçam imprevistos que encareçam o orçamento ou se trate de uma reforma emergencial ou simplesmente se o valor que foi poupado seja apenas parcial, é possível contratar um financiamento prestando bastante atenção nas condições oferecidas.”

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Reforma e construção

Só na Caixa Econômica Federal são oferecidas três linhas para reforma e construção. Por meio da modalidade do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), o consumidor pode financiar até R$ 3 milhões para reformar ou ampliar o imóvel. Os juros variam entre 9,79% e 14,05% ao ano, e o prazo para pagamento é de até 20 anos.

“Com recursos do Fundo de Garantia (FGTS), podem ser financiados até 80% do valor do imóvel à venda, com taxas de juros que variam de 4,5% a 9,16% ao ano”, informou a assessoria. Nesta modalidade, o prazo máximo para pagamento é de 30 anos.

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Já o Bradesco possui a linha de crédito do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que financia até 70% da construção com juros de 10,7% ao ano. As parcelas têm valor a partir de R$ 200, e o prazo para pagamento é de 25 anos. Os recursos do FGTS podem ser utilizados, conforme critérios definidos pelo banco. Um dos pré-requisitos para a contratação deste tipo de empréstimo é que, pelo menos, 30% da obra estejam concluídos.

O banco também financia pequenas obras de reforma. O subsídio chega a 70% do valor, e as parcelas custam a partir de R$ 20, sendo acrescidas do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). O pagamento pode ser feito em até quatro anos.

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Os bancos Santander e Itaú não possuem linhas de crédito com foco em reforma e construção.

Materiais, móveis e decoração

A Caixa também oferece a opção de financiar apenas os materiais de construção. Na prática, o cliente recebe um cartão com o valor do recurso para a compra dos produtos, que deverá ser realizada em um período máximo de seis meses após a contratação. “O Construcard é uma linha de crédito comercial com documentação mais simplificada. Os valores de financiamento variam de acordo com a capacidade de pagamento do cliente, e os juros são a partir de 1,98% ao ano”, afirma a assessoria. O prazo para quitação varia de três meses a 20 anos.

Pelo Banco do Brasil também é possível financiar a aquisição de materiais de construção, móveis planejados e artigos de decoração. O crédito possui diferentes condições para a compra em lojas que são conveniadas ou não ao banco. No primeiro caso, o valor é de até R$ 50 mil, e o pagamento pode ser feito em 54 vezes. No segundo, o recurso é reduzido para R$ 10 mil, e o prazo para 48 parcelas. As taxas de juros não foram informadas.

Financiamentos para materiais e móveis planejados também são possibilidades oferecidas pelo Bradesco. Para ambas as compras, o parcelamento é feito em até 48 vezes, sendo o valor mínimo da parcela de R$ 20 mais o acréscimo do IOF. Há exigência de que os materiais de construção sejam adquiridos na rede de lojas credenciadas ao banco, e o valor mínimo do crédito é de R$ 500.

 

Obra deve caber no orçamento

Outro cuidado que o consumidor deve ter é avaliar se as prestações do financiamento, acrescidas de juros, cabem no orçamento familiar. “Falamos que a regra deve ser não comprometer 30% da renda familiar. Estes cálculos precisam ser feitos e , principalmente, discutidos entre todos que ajudam nas despesas da casa”, alerta a economista do Idec, Ione Amorim. Ela destaca que uma obra que é paralisada se torna mais cara com o passar do tempo.

O planejamento orçamentário é necessário não só para a tomada de crédito, como também, para a realização da poupança, conforme ensina a economista e professora da UFJF, Fernanda Finotti Perobelli.

“Neste caso, os aportes mensais aplicados com o objetivo de juntar o dinheiro devem passar a fazer parte do cálculo. Se o orçamento já estiver apertado e não puder ‘suportar’ a programação mensal de investimento, há duas alternativas: cortar momentaneamente algumas despesas não essenciais ou adiar a obra para tornar menor o valor das aplicações mensais”, explica. “O erro mais comum é os consumidores não se planejarem, contratarem o financiamento e, quando chega a hora de quitar, não terem o recurso necessário para tal.”

De olho na economia de água e luz

A linha de crédito Negócios Sustentáveis do Banco do Brasil tem como foco o público que pretende reformar a casa para garantir maior eficiência hídrica e energética, de modo a reduzir as despesas com água e luz. O banco oferece quatro modalidades de empréstimo (BB financiamento, empréstimo automático, consignado e consórcio de bens sustentáveis) para a compra de produtos como módulos solares, lâmpadas LED, hidrômetros, sistema de reuso de água, dentre outros. As condições de contratação não foram informadas pela assessoria.

Pesquisa ainda é a melhor aliada

As possibilidades oferecidas pelo mercado podem tornar a reforma ou construção desejada real, mas apesar das aparentes facilidades na contratação de crédito é preciso estar atento para evitar que o sonho vire pesadelo. Para especialistas, a pesquisa entre estabelecimentos ainda é a melhor aliada antes da contratação de um financiamento do tipo. Isto inclui não só uma análise detalhada sobre as condições oferecidas por bancos e instituições financeiras, mas também, uma verificação de preços junto às lojas conveniadas.

“A ideia de financiar apenas a compra do material de construção é mais interessante do que a obra, pois implica num prazo menor de endividamento. Neste caso, o uso do cartão é interessante porque você paga à vista na loja, o que te garante um poder de negociar descontos”, destaca a economista do Idec, Ione Amorim. “A alternativa é interessante para quem poupou apenas uma parte do valor da obra, pois este recurso pode ser direcionado para o pagamento dos profissionais que irão trabalhar nela.”

No entanto, ela explica que a exigência de alguns bancos de que a aquisição dos produtos seja feita em lojas credenciadas deve ser avaliada. “É preciso saber quem são estes fornecedores, se os valores cobrados são interessantes ou não. O ideal é fazer uma cotação em, pelo menos, três lojas diferentes para verificar se esta exigência não prejudica mais do que ajuda.”

A economista e professora da UFJF, Fernanda Finotti Perobelli, orienta que a pesquisa deve ser estendida a todos os produtos e serviços da obra. “É preciso um orçamento detalhado de materiais e mão de obra antes mesmo que o dinheiro possa ser juntado ou tomado o empréstimo.” Ela exemplifica que um único produto pode apresentar valores muito diferentes. “Na semana passada, pesquisei o custo de 35 metros de rufo, que estava saindo por mil reais numa loja e por R$ 420 em outra. Uma diferença de 138% só nesse item.”

Atenção às práticas abusivas

Na hora da contratação de um financiamento, além das condições de juros e prazos, o consumidor deve se atentar para a abordagem feita pelo credor. De acordo com a economista do Idec, Ione Amorim, práticas abusivas por parte dos bancos também acontecem neste tipo de transação e devem ser denunciadas.

“Existe um tipo de assédio ao qual o consumidor, por vezes, é submetido na hora de contratar crédito. É dito que determinadas condições do financiamento só podem ser realizadas se um seguro ou outro tipo de serviço forem adquiridos, por exemplo. É preciso prestar atenção neste tipo de abordagem porque ela deve ser denunciada aos órgãos de defesa.”

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