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5 janelas que merecem uma olhada em Juiz de Fora

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Olhar a vida passar da janela nunca foi um fardo, sobretudo no interior. Corpo largado, apoiado pelos braços sobre o parapeito, pé descalço cruzado sobre o outro, para observar o movimento. Mais confortável quando as fachadas beijam o passeio, sem grades ou muros tapando a visão do que se passa nos asfaltos ou paralelepípedos. Um hábito mais do que secular, independentemente se as janelas abrem para dentro ou para fora. Dentre tantos ócios, olhar pela janela é a institucionalização do vigiar a vida alheia. A conversa despretensiosa com o vizinho sobre o marido de Dona Margareth ou a filha do Seu Benedito. Ver se vem chuva ou quara o sol. Já há mais de um ano, no entanto, olhar das janelas é imperativo. Repara-se na cor do prédio da frente, conta-se quantos apartamentos e casas estão para alugar na rua, nota-se, enfim, que a janela já há um bom tempo está tomada pela poeira ou precisa de um óleo de peroba. A Tribuna, então, lista cinco das muitas janelas célebres de Juiz de Fora, de onde qualquer cidadão gostaria de assistir ao fim de tarde.

Residência neocolonial

A casa é uma referência tanto arquitetônica quanto histórica na Avenida Barão do Rio Branco (Foto: Gabriel Ferreira Borges)

Poucos logradouros têm tantas janelas notáveis quanto a Barão do Rio Branco. Eis que, espremida entre uma farmácia e um estacionamento, a residência de arquitetura neocolonial de número 3.103 tem duas janelas tripartidas frontais de madeira formidáveis. Uma no térreo, outra no segundo andar. Ambas são separadas da Rio Branco por poucos metros, sendo a maioria do jardim. A vista não é lá tão agradável quanto as próprias janelas, já que há um ponto de ônibus situado à frente da casa no corredor central da avenida. A edificação, tombada pelo Município, remete à arquitetura neocolonial hispânica ou missões, devido aos elementos decorativos estampados na fachada do imóvel. Como as fachadas e os elementos externos estão preservados pelo tombamento, as janelas estão salvas.

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Comercial Solar Palace

 

Em formato circular, parte das janelas do Comercial Solar Palace ainda são divididas em três partes (Foto: Fernando Priamo)

O conjunto das janelas do Centro Comercial Solar Palace, projetado pelo arquiteto Raphael Arcuri, contorna com maestria a esquina entre a Rua Halfeld e a Avenida Getúlio Vargas entre os números 487 e 517. Embora todo o conjunto seja notável, as janelas arredondadas das sacadas, exclusivas da fachada do terceiro piso do edifício, se sobressaem devido à elegância. Aliás, elas se revezam com duas fileiras de janelas retangulares, mais uma outra sacada. A fachada em estilo eclético, composta por ornamentos e vãos “que se alternam ritmicamente”, bem como a riqueza destes elementos, são um dos valores históricos e culturais que levaram a edificação a ser tombada pelo Município. A vista é privilegiada tanto do lado que margeia a Rua Halfeld, de frente para o prédio do Museu do Crédito Real, quanto daquele da Getúlio, no qual a vista destaca outra edificação, a de número 362, sobre a Caixa Econômica Federal, que contorna harmonicamente a esquina entre as ruas já citadas.

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Associação Comercial e Empresarial

Além das janelas harmônicas, a Associação Comercial e Empresarial tem uma pintura do artista plástico Ângelo Biggi (Foto: Fernando Priamo)

O núcleo histórico da Praça da Estação é um dos mais célebres de Juiz de Fora, não só pelo desenvolvimento urbano, mas, também, pelo valor arquitetônico que denuncia. Os imóveis reproduzem o estilo do final do século XIX e início do século XX. Dentre as edificações que a compõem, está o prédio da Associação Comercial e Empresarial, espremido ali entre o Hotel Renascença e o antigo Cine São Luiz na Rua Doutor Paulo Frontin 52 a 56. A fachada, um dos elementos preservados pelo tombamento do imóvel, expõe um conjunto de quatro janelas, todas no segundo pavimento, reproduzidas à semelhança na porta da sacada da edificação, além de ornamentos considerados “classicizantes”. A vista, privilegiada, enamora tanto a Praça da Estação, um ponto tradicional de passagem de boa parte dos trabalhadores juiz-foranos, quanto a antiga ferrovia.

Edifício Wagner Pereira

Apenas o térreo do Edifício Wagner Pereira não reproduz as janelas, já que desde o século XIX o pavimento é utilizado para o comércio (Foto: Fernando Priamo)

Outro imóvel que se destaca em meio ao núcleo histórico da Praça da Estação é o Edifício Wagner Pereira, cuja vista, assim como a da Associação Comercial e Empresarial, dá para a praça. A edificação de número 229/235 tem um conjunto de oito janelas esverdeadas de madeira, em tom mais forte do que aquele do próprio edifício, sendo duas com sacadas, no segundo pavimento. As demais esparramam-se entre o segundo e o terceiro andares, propícias para serem debruçadas em qualquer noite de verão. Todas são charmosamente esguias. A fachada do bem, também tombado pelo Município de Juiz de Fora, é decorada por ornatos de inspiração rococó, com cornijas onduladas e curvas horizontais e diagonais.

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Casa em art noveau

As linhas curvas dos detalhes nas janelas da residência denunciam a arquitetura em art noveau, diferente das demais (Foto: Fernando Priamo)

Junto à Villa Iracema, a residência, situada na Rua Batista Oliveira 917, é a única em estilo arquitetônico art noveau em Juiz de Fora. A fachada frontal da edificação tem duas janelas de madeira belíssimas, esbeltas, uma em cada extremidade. Ambas são separadas por uma sacada situada no centro, cuja porta ainda entremeia duas outras janelas, menores se comparadas às outras duas. Embora a vista não seja tão harmônica quanto a dos imóveis localizados na Praça da Estação, as janelas dão de cara para o passeio, o que pode facilitar a conversa fiada com um desavisado qualquer enquanto se fuma um bom cigarro. Tombada pelo Município, a casa ainda apresenta ornatos e balcão de ferro com serralheria bem trabalhada.

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