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Cinco momentos em que o roqueiro chamou a mãe

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Não importa a forma de expressão artística, ela está aí para que o ser humano coloque para fora suas emoções, traumas, lembranças, desejos, saudades, declare seu amor ou mágoas. Na música, por exemplo, as mães já foram retratadas de diversas formas, sejam declarações de amor, ressentimentos, pela ausência, saudade, relações complicadas. A lista de artistas que já cantaram a respeito de suas respectivas genitoras é enorme, e certamente muita gente vai lembrar de Agnaldo Timóteo, Roberto Carlos, Emicida, Erasmo Carlos, Fábio Jr., Chico César…

Mas o rock também sabe chamar pela mãe quando é necessário, até o Metallica tem a sua “Mama said”. Por isso, aproveitando a comemoração do Dia das Mães no próximo domingo (9), a Tribuna lista cinco clássicos do rock do Pink Floyd, U2, Barão Vermelho, Queen e John Lennon em que as mães estão presentes de alguma forma. Seja na lembrança, saudade, pela ausência ou como a figura que coloca os limites quando necessário – ou por deixarem aquele buraco no peito impossível de ser preenchido.

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Afinal, mãe é mãe, e vice-versa.

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“Mother”, Pink Floyd
“The Wall” foi o último álbum do Pink Floyd com o baixista Roger Waters, e até hoje é considerado um dos maiores trabalhos conceituais da história do rock and roll. O trabalho foi inspirado tanto no passado de Waters, que perdeu o pai quando ainda era bebê, durante a Segunda Guerra Mundial, e foi criado pela mãe superprotetora, quanto pelo desejo do músico em criar uma barreira entre ele e o público, após o sentimento de frustração com os fãs após a última turnê da banda. “Mother”, que fecha o lado A do álbum duplo, mostra justamente a relação do protagonista de “The Wall”, Pink, com a mãe superprotetora, que o ajuda a construir um muro para protegê-lo do mundo exterior. Essa relação complicada é retratada em versos como “Mãe, você acha que eles vão gostar dessa música? Eu deveria construir esse muro?”, respondidos com “Mamãe vai transformar todos seus pesadelos em realidade (…) Ela não vai deixar você voar, mas poderá deixá-lo cantar.” Rapaz…

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“Lemon”, U2
Bono, vocalista do U2, perdeu a mãe, Iris, em 1974. Ela foi vítima de um aneurisma cerebral, quando o cantor tinha apenas 14 anos. Por isso mesmo, as lembranças de sua mãe são recorrentes na discografia da banda irlandesa em canções como “I will follow”, “Mofo”, “Tomorrow”, “Iris (Hold me close)” e “Lemon”, uma das grandes faixas de “Zooropa” (1993). A letra de “Lemon”, que trata sobre a preservação da memória por meio do cinema, surgiu após Bono receber de parentes o vídeo de um casamento do qual sua mãe foi dama de honra, aos 24 anos, em que usava um vestido cor de limão (“Ela vestiu limão / Para colorir na noite cinza e gelada”). Graças ao vídeo caseiro, Bono pôde ver sua própria pessoa refletida na imagem da mãe, sentimento compartilhado em versos como “Ela é a sonhadora / Ela é imaginação / Através da luz projetada / Ele podia se ver tão perto”.

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“Mother”, John Lennon
O primeiro álbum solo de John Lennon, “John Lennon/Plastic Ono Band”, foi lançado em 1970 e trazia na faixa de abertura uma das canções mais autobiográficas e dolorosas da carreira do ex-Beatle, que nunca teve a oportunidade de dividir um lar com seus pais biológicos. Seu pai, Alfred, não estrava presente quando ele nasceu, em 1940, e quando retornou da guerra foi rejeitado pela mãe de John, Julia, que estava grávida de outro homem.

Posteriormente, Julia deixaria John com sua irmã, Mimi, que passou a cuidar dele. Porém, Julia e John se mantiveram próximos – tanto que ela foi a pessoa que deu a ele sua primeira guitarra elétrica – até sua morte, em 1958, quando foi atropelada por um carro. Segundo John Lennon, “Mother” surgiu após sessões de terapia com o psicólogo norte-americano Arthur Janov. Na letra, John expõe suas feridas emocionais ao cantar “Mãe, você me teve, mas eu nunca tive você / Eu quis você, mas você não me quis (…) Pai, você me deixou, mas eu nunca te deixei / Eu precisei de você, mas você não precisou de mim (…) Mamãe, não vá / Papai, volte para casa.”

“Sub-produto de Rock”, Barão Vermelho
A canção de Cazuza e Frejat integrou a trilha sonora do especial infantil “Plunct, Plact, Zuuum”, exibido pela Rede Globo em 1983, sobre um grupo de crianças que decide sair de casa depois que são proibidas de fazer o que gostam. Como era tradição na época, o programa misturava artistas dos mais variados gêneros musicais, indo de Raul Seixas como o “Carimbador Maluco” a Maria Bethânia lembrando “a arte de sorrir cada vez que o mundo diz ‘não'”. Quanto à música do Barão, ela tratava da inconsequência da idade e da autoridade dos pais, retratada nos versos “Mamãe tá certo (sic), eu pisei na bola / Quebrei vidraça, fiz a maior pirraça / Mamãe tá certo, eu fui pro fundo e não pode / O mar tá bravo, que bode!”.

“Bohemian Rhapsody”, Queen
“Bohemian Rhapsody” é considerada por muitos a grande canção do Queen e um dos maiores clássicos do rock em todos os tempos, com suas seis partes divididas em introdução, balada, solo de guitarra, ópera, hard rock e conclusão. Era algo tão fora do contexto da época _ e olha que os anos 70 tinha todos os exageros do rock progressivo _ que quase não foi lançada em single, entre outros motivos pelo delírio operístico e não ter refrão.

Quanto à letra, Freddie Mercury nunca explicou sua inspiração. Há quem diga que ela reflete os inúmeros problemas pessoais do rock star, ou que seria sobre um homem que acidentalmente matou outro e vendeu sua alma ao Diabo, até mesmo que seria parcialmente inspirada em “O estrangeiro”, de Albert Camus. Ou que ela não quer dizer nada, seria apenas a reunião de ótimos versos que se encaixavam bem. Seja lá qual for a inspiração, a verdade é que o personagem da canção, em seu desespero, recorre à mãe nos versos “Mamãe/ Não quis te fazer chorar / Se eu não estiver de volta a esta hora amanhã / Siga em frente, siga em frente (…) Eu não quero morrer / Mas às vezes desejo / Que eu nunca tivesse nascido.”

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