A Ford travou a mira nos modelos que estão no topo do ranking de vendas. E tratou de dar armas ao seu pequeno Ka para enfrentar as linhas compactas das marcas rivais. Os recursos são os que estrearam na versão FreeStyle há cerca de um mês, com mudanças no visual, atualização da plataforma eletrônica, reforços estruturais e o novo motor 1.5, com 128/136 cv, com gasolina/etanol. Este novo propulsor 1.5, da família Dragon de três cilindros, pode trabalhar opcionalmente com um câmbio automático de seis marchas, que agora fica disponível para todas as versões da linha Ka 2019. A exceção é o Ka hatch S, destinado a frotistas e que está conta apenas com a motorização 1.0, também de três cilindros, com 80/85 cv, com gasolina/etanol.
Os novos Ka hatch e sedã chegam às lojas com preços entre R$ 45.490 do Ka hatch 1.0 S e R$ 70.990 do Ka sedã 1.5 automático Titanium. Com a carroceria hatch, além da versão S, o Ka tem a SE, SE Plus e as de topo FreeStyle e Titanium. Já na configuração sedã, as versões começam na SE e seguem para a SE Plus, SEL, a top com câmbio manual, e Titanium, de topo com transmissão automática. A versão S chega com ar, travas, direção e vidros dianteiros elétricos, ajuste de altura do banco do motorista, isofix, banco traseiro bipartido e computador de bordo, que passa a ser de série em todas as versões.
A versão SE, tanto hatch quanto sedã, acrescenta apenas rádio com Bluetooth, suporte para celular no alto do painel e retrovisores e maçanetas na cor do carro. O SE hatch com motor 1.0 sai a R$ 45.990, vai a R$ 51.990 com motor 1.5 e chega a R$ 56.490 com câmbio automático com controle de cruzeiro. O SE sedã 1.0 fica em R$ 49.490, passa pelos R$ 55.490 do 1.5 e alcança R$ 59.990 com câmbio automático com controle de cruzeiro. A versão SE Plus acrescenta R$ 2.500 ao preço de cada versão e traz tela touch “flutuante” de 6,5 polegadas, sistema multimídia com comando vocal Sync 3, sensor de estacionamento, vidros traseiros e retrovisores elétricos e faróis de neblina.
Apenas nas versões de topo, que trabalham apenas com o motor 1.5, é que a Ford passa a oferecer tecnologias como controle de estabilidade e tração, auxílio de partida em rampa, câmara de ré, airbags laterais e de cortina, além de rodas de liga leve de 15 polegadas e setas nos retrovisores, No caso da versão hatch FreeStyle, o Ka vem revestimento dos bancos parcialmente em couro, suspensão elevada e uma série de adereços aventureiros, como rack de teto e protetores nas caixas de roda. O modelo custa R$ 63.490 com câmbio manual e R$ 67.990 com automático. Na versão Titanium, os bancos são totalmente em couro, a ignição é por botão, o câmbio é sempre automático e custa R$ 68.990. Exatamente os mesmos equipamentos estão na Titanium sedã, que custa R$ 70.990. A topo com transmissão manual é a SEL, que passa a ter bancos parcialmente em couro e perde a ignição por botão de partida. Ela sai a R$ 65.990.
Com o novo desenho da linha Ka, o compacto da Ford passa a atuar com mais força em dois subnichos de compactos, segmento que representa 48% do mercado brasileiro. Entre os modelos de entrada, o Ka atua até a versão SE Plus. A ideia da Ford foi igualar as ofertas de equipamentos dos principais rivais, os Chevrolet Onix e Prisma e Hyundai HB20 e HB20S. Com as versões consideradas de topo é que a linha Ka passa a oferecer tecnologias, como controle de estabilidade e tração, que permitem rivalizar com modelos superiores, que apesar de mais caros e modernos, têm bom de volume de vendas, como Volkswagen Polo e Virtus ou Fiat Argo e Cronos. No primeiro semestre, o Ka hatch manteve o terceiro lugar no ranking, com média mensal de 8.043 unidades, enquanto o sedã foi o segundo compacto mais vendido, com média de 2.822 vendas por mês. Números que devem subir com as novidades na linha.
Primeiras impressões
O pequeno Ka ganhou diversos recursos, principalmente nas versões de topo. Controle de estabilidade, airbags laterais e de cortina e tela touch de 6,5 polegadas que se projeta do console central dão um ar tecnológico ao modelo. O visual externo, com para-choques mais trabalhados e detalhes em cromado também insinuam que a Ford quis mudar o status do Ka. Mas as mudanças mais substanciais, que fizeram mesmo efeito, foram as do motor, do câmbio e as estruturais, com o reforço da gaiola do monobloco e o retrabalho da suspensão.
O motor da família Dragon, de três cilindros, conversa bem tanto com o câmbio automático quanto com o manual. E a explicação é simples: há potência de sobra – o que não quer dizer em excesso. Os 128/136 cv movimentam o compacto da Ford com extrema facilidade. Além da boa relação peso/potência, por volta de 8 kg/cv, é um propulsor de baixa inércia por conta de ter apenas três cilindros e uma quantidade menor de peças móveis. Isso se traduz em acelerações fortes e retomadas decididas.
A melhora da estabilidade também é bastante perceptível – ainda mais em uma pista exigente como a do Velo Cittá, onde foi feita a apresentação. As salvaguardas eletrônicas até entram em ação, principalmente com a carroceria sedã, quando se força um pouco mais o Ka nas curvas e nas frenagens. Já a versão hatch mostrou um excelente equilíbrio, mesmo quando bastante exigido. Por outro lado, em uso normal, na estrada ou em perímetro urbano, o Ka se mostrou dócil, confortável e amigável, com seus novos recursos de multimídia. Ou seja: tudo que se exige de um compacto moderno e racional.
Ponto a ponto
Desempenho
O antigo motor 1.5 litro já animava bastante o Ka. O novo, com 128/136 cv empurra os modelos com muito mais tranquilidade. A combinação funcionou melhor ainda na versão hatch, que é mais leve. Segundo a fabricante, ele alcança os 100 km/h partindo do zero em apenas 9,9 segundos, enquanto o sedã cumpre a mesma tarefa em 10,6 s. Nos dois casos, a aceleração é homogênea e gradual e as retomadas são vigorosas. Nota 9.
Estabilidade
A Ford reforçou a estrutura e garante que o novo Ka teve a rigidez torcional aumentada em 5,3% no hatch e 9,2% no sedã. Com isso, pôde amaciar um pouco a suspensão para ganhar conforto, sem comprometer a estabilidade. Em ação, o Ka hatch age quase como um kart, desenhando as curvas sem fazer menção de escorregar. Já o sedã é menos grudado no chão, mas não chega a invocar facilmente o controle de estabilidade. Nota 8.
Interatividade
A Ford deixou o Ka moderno e prático. O sistema Sync de 3ª geração tem um comando vocal funcional e pode ser acessado também pela tela “flutuante” sensível ao toque, de 6,5 polegadas. O compacto ganhou também volante multifuncional para comandar a central multimídia e o controle de cruzeiro quando tem câmbio automático. Nota 8.
Consumo
O InMetro não aferiu ainda o Ka com o motor 1.5 de três cilindros. A Ford avalia o consumo médio 13,5 km/l de gasolina no Ka hatch e 12,2 km/h no sedã. Nota 7.
Conforto
A suspensão mais suave incrementou o conforto a bordo. A Ford ainda fez o Ka passar por um tratamento acústico que reduziu a invasão de ruídos na cabine. O novo sistema de direção, que compensa o torque no volante provocado por inclinações na pista ou leves desbalanceamentos das rodas, também melhoram a qualidade de vida do motorista. Sem falar no ganho do câmbio automático. Nota 8.
Tecnologia
Dependendo do mercado em que atua, o Ka oferece um padrão de tecnologia diferente. Nas versões menos equipadas, apresenta alguns recursos como direção inteligente, sistema multimídia amigável, capaz de espelhar o aplicativo Waze, e trem de força bem moderno. Já nas versões superiores, a Ford de fato elevou o nível de seu compacto: seis airbags, controles de estabilidade e tração, auxílio para partida em rampa, câmara de ré e partida sem chave. Nota 9.
Habitabilidade
O Ka é alto internamente e tem entre-eixos razoável. São os mesmos 2,49 metros no hatch e no sedã. Mas no caso do sedã, o espaço interno é menor que o dos rivais. O porta-malas do hatch, de apenas 257 litros, é pequeno. O do sedã de bons 445 litros é cerca de 10% menor que o dos rivais. Nota 6.
Acabamento
Os revestimentos básicos para todas as versões são no nível dos rivais de entrada. Muito plástico e alguns apliques de tecido ou couro apenas nos pontos de toque dos ocupantes. De qualquer forma, o aspecto geral é agradável, principalmente por conta da tela elevada no meio do painel, e melhora bastante com acabamento em couro nos bancos. O uso de detalhes em cromo ajuda no ambiente, mas não há luxo ou requinte. Nota 7.
Design
O novo visual, com reentrâncias nos para-choques e um nicho em “C” para os faróis de neblina, deu um aspecto moderno ao Ka. Mas o desenho “gordinho” do compacto se adequa melhor à carroceria hatch que à sedã – que ainda tem uma traseira pouco harmônica. Nota 8.
Custo/benefício
Nas versões básica e intermediárias, a Ford conseguiu manter o preço sob controle, o que dá vantagem sobre rivais como Onix e HB20 por ser um pouco mais moderno. Já nas versões mais equipadas, o Ka passa a concorrer com carros bem modernos e projetos mais recentes, o que prejudica sua competitividade. Nota 7.
Total: O Ford Ka FreeStyle somou 77 pontos de 100 possíveis.
Ficha técnica:
Ford Ka 1.5
Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.497 cm³, três cilindros em linha, duplo comando variável na admissão e no escape no cabeçote e quatro válvulas por cilindro. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas ou automático com modo sequencial manual de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira e controle eletrônico de tração.
Potência: 128/136cv com gasolina/etanol a 6.500 rpm.
Torque: 15,6/16,1 kgfm a gasolina/etanol a 4.750 mil rpm.
Diâmetro e curso: 84 mm X 90 mm. Taxa de compressão: 12:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira semi-independente por eixo de torção, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Controle de estabilidade de série.
Pneus: 175/65 R14 e 195/55 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. ABS com EBD com assistência de frenagem e de partida em rampa.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,89 metros de comprimento (4,28 m no sedã), 1,70 m de largura, 1,57 m de altura e 2,49 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.
Peso: 1.128 kg (1.135 kg no sedã).
Capacidade do porta-malas: 257 litros (445 litros no sedã).
Tanque de combustível: 51,6 litros.
Produção: Camaçari, Bahia, Brasil.
Lançamento no Brasil: 2018.
Preços da versão hatch: S, R$ 45.490. SE 1.0, R$ 45.990. SE 1.5, 51.990. SE Plus 1.0, R$ 48.490. SE Plus 1.5, R$ 54.490. FreeStyle 1.5, R$ 63.490. Titanium 1.5 Automático: R$ 68.990. Câmbio automático nas versões 1.5 acrescentam R$ 4.500.
Preços da versão sedã: SE 1.0, R$ 49.490. SE 1.5, 55.490. SE Plus 1.0, R$ 51.990. SE Plus 1.5, R$ 57.990. SEL 1.5, R$ 65.990. Titanium 1.5 Automático: R$ 70.990. Câmbio automático nas versões SE 1.5 e SE Plus 1.5 acrescentam R$ 4.500.