Depois de embarcar no Chevrolet Equinox 2019 para um test drive que duraria todo o fim de semana, passei no supermercado para fazer o rancho e meti o carrão na BR-040 rumo a meu domicílio, e aí o primeiro susto. Passando pelo mirante, surpreendo-me com o mostrador do painel apontando 150km/h. “Isso tudo?! Mas eu nem…” Tiro o pé. A velocidade reduz para 120km/h, e as rotações estão a míseras 1.700 rpm. Pseudonerd, penso nos jargões dos filmes de ficção científica de segunda categoria e nas revistas em quadrinhos da longínqua infância: “Esta arma poderosa não pode cair em mãos erradas”. Todavia, alertara-me o gerente de vendas Felipe Toledo, da Planeta Chevrolet, que nos cedeu o possante: os itens de segurança acompanham toda a ferocidade do motor 2.0 turbo, herdado do Camaro americano, que entrega vigorosos 262 cv de potência, de longe o mais nervoso entre os principais concorrentes do SUV médio da GM.
Da versão 2018, que substituiu o Captiva, o Equinox manteve virtualmente tudo, ganhando apenas o alerta de detecção de pedestre com auxílio de frenagem. De resto, continua completíssimo desde a versão de entrada, a LT, que custa R$ 147.590, e superando expectativas na topo de linha, Premier (testada pela reportagem), que custa R$ 167.790. Embora, em termos de mercado, esteja atrás de carros como Jeep Compass, Hyundai ix35 e Kia Sportage, ocupando apenas a sexta posição entre os SUVs médios mais vendidos de 2018 (o líder absoluto dos SUVs continua sendo o Compass, cujo modelo de entrada parte de R$ 113.990, mas pode chegar a quase R$ 180 mil na versão turbodiesel topo de linha), o Equinox supera praticamente todos em termos comparativos quando se trata de tecnologia embarcada de série e desempenho.
A começar pelo brutal trem de força de 2.0 litro com torque de 37 kgfm – alimentado somente a gasolina -, administrado por um câmbio automático de 9 velocidades, que faz o carro trabalhar sempre a giros suaves, geralmente abaixo de 2.500, 2.000 rpm. Isso, entretanto, não significa necessariamente economia de combustível, já que o motorzão consome bem para manter a saúde na condução dos 2.200kg brutos do Equinox. O Inmetro aponta consumo de 8.4 km/l na cidade e 10.1 km/l na estrada, a depender sempre do pé do motorista.
Experiência segura
Na hora de devolver o carro, brinco com Felipe que, com toda essa potência, o bicho é um perigo, e ele chama atenção para os itens de segurança do SUV, que são muitos: controle de estabilidade e tração, suspensão independente nas quatro rodas, tração integral permanente nas quatro rodas no sistema AWD, acionado por botão, que regula o envio de torque para uma ou outra roda, segundo a necessidade do carro para aumentar a aderência à pista, além dos alertas de ponto cego, de colisão frontal, de movimentação traseira, de mudança de faixa – há inclusive um assistente de permanência dentro da faixa, que corrige a trajetória caso o motorista dê bobeira -, controle de frenagem em descidas… tudo para fazer da condução, além de prazerosa, uma experiência segura. Alertas vibratórios instalados no banco ajudam a manter a atenção (e o juízo também).
Conforto, espaço, confiança
A equação potência + segurança resulta em uma sensação de extrema confiança atrás do volante do Equinox. A resposta nas acelerações e retomadas é excelente, a estabilidade nas curvas idem, e a precisão da direção elétrica progressiva faz com que o freguês sinta o carro literalmente na mão. E há o conforto interno padrão Chevrolet: os bancos são revestidos em couro, com duas posições de pilotagem eletronicamente memorizadas para o motorista, o espaço interno é ótimo inclusive para os passageiros que vão atrás, já que o piso é uniforme, e o porta-malas é de respeito, com capacidade de volume para 468 litros – com os bancos rebatidos e ocupando espaço até o teto, pode chegar a 1.627 litros, mais que uma picape média (a Volkswagen Amarok, para se ter uma ideia, tem capacidade para 1.280 litros). O teto panorâmico, charmoso que só, é o maior da categoria.
Os itens de série e a tecnologia embarcada justificam o preço salgado do Equinox em sua versão Premier. Além de todos os itens de segurança e do conforto interno – o ótimo isolamento acústico é acompanhado de um conjunto de auto-falantes e microfones que praticamente anulam o ruído na cabine, daí o desavisado não perceber que estava a 150km/h -, há uma gama enorme de apetrechos tecnológicos, como o já conhecido sistema exclusivo On Star, que provê auxílio de uma central de atendimento direto com a Chevrolet, computador de bordo, central multimídia com tela LCD de 8 polegadas, indicador de vida útil de óleo e da calibragem dos pneus, sensores de luminosidade e de chuva, ar-condicionado dual zone e outros mimos, como abertura elétrica do porta-malas – é só passar o pezão sob a traseira e tampa se abre – e sistema remoto de partida do motor, com acionamento do ar-condicionado para entrar no carro já devidamente refrescado. E, mimo dos mimos, sistema de estacionamento easy park, que mapeia a vaga e faz a baliza sozinho. Parece que não, motorizado leitor, mas ainda assim é preciso ter carteira para dirigir.