Em mercados ricos, como Europa e Estados Unidos, um sedã é sinônimo de conforto, status e espaço para pessoas e bagagem. Por isso, as marcas acabam oferecendo apenas modelos grandes. Sedãs menores, como Toyota Corolla ou Honda Civic, são considerados carros de universitários, que têm pouco dinheiro. Já nos mercados periféricos, como o Brasil, os sedãs médios continuam povoando o sonho de consumo da classe média. E quando o modelo ostenta uma marca de luxo, são verdadeiramente venerados. Mas nada se compara ao sucesso dos sedãs na China, onde 70% dos modelos fabricados são de configuração três volumes. Foi justamente para o mercado chinês que a BMW se juntou com a Brilliance para produzir o Serie 1 sedã. O modelo, que tem características semelhantes às de rivais como Mercedes-Benz Classe A sedã e do Audi A3 sedã, começa agora a extrapolar as fronteiras do país asiático e vem sendo oferecido em países emergentes, como o México.
As linhas do menor sedã da BMW são muito semelhantes às do Série 1 cupê. A linha do teto, inclusive, é bem parecida e o design geral tem aspecto bem esportivo. As portas têm contornos harmônicos integrados às proporções do modelo. Em relação às dimensões, o Serie 1 sedã mede 4,45m de comprimento, 1,80m de largura e 1,44m de altura. A uma distância entre-eixos é de 2,67m.
O interior remete totalmente ao que já se conhece da marca, só que traz menos requinte. O revestimento é de um material sintético chamado sensatec, que simula couro — detalhe que não costuma incomodar os chineses. Os assentos dianteiros oferecem ajustes de distância, altura e inclinação do encosto, que é de acionamento manual. O único ajuste elétrico é o de suporte da lombar. Há teto solar panorâmico que abre somente sobre a fileira dianteira de assentos. O ar-condicionado é de duas zonas e os bancos traseiros são rebatíveis na proporção 40-20-40.
O Serie 1 sedã utiliza a mesma plataforma UKL2, usada pela Mini e aplicada também no X1, X2 e Série 2 Activ Tourer. Isso quer dizer que tem tração dianteira. No México, o modelo pode ser equipado com dois motores da família TwinPower Turbo. O primeiro é um 2.0 de quatro cilindros, montado transversalmente. Este propulsor é capaz de gerar 192 cv de potência entre as 5 e 6 mil rotações e 28,62 kgfm entre 1.350 e 4.600 rpm e tem acoplado uma caixa automática de oito velocidades. Com esse conjunto, o modelo chega aos 100 km/h, partindo da imobilidade, em 7,5 segundos e à máxima de 235 km/h. Há ainda uma versão mais branda, com um motor 1.5 de três cilindros com 136 cv de potência, 22,43 kgfm de torque e injeção direta, que faz o zero a 100 km/h em 9.4 segundos e leva o modelo a 212 km/h. O esquema de suspensão é McPherson no eixo dianteiro e multibraço no traseiro.
O Serie 1 sedã não é compatível com nenhuma das plataformas de telefones que existem — Apple CarPlay e Android Auto. Além disso, a tela central é de tamanho reduzido, com 6,5 polegadas. Ao menos, ela exibe informações do telefone celular pareado via Bluetooth e dos modos de condução, assim como as imagens da câmara de ré que, apesar de pequena, tem boa resolução. Em relação aos itens de série, ele vem com airbags frontais, laterais e de cabeça, além de cintos de três pontos automáticos em todos os assentos. Há ainda sistema de assistência à condução, como aviso de colisão com função de freio autônomo em cidade e assistente de estacionamento.
Primeiras impressões
Os motores turbinados têm sido bastante explorados pelas fabricantes. No 120 sedã, o propulsor se mostra suficiente e de muito boa resposta. As acelerações são lineares e constantes, assim como o torque, graças ao turbocompressor, que hoje em dia não demonstra o efeito “lag”, muito presente nos veículos turboalimentados de concepção mais antiga. Em relação à transmissão, a caixa automática tradicional com conversor de torque de oito marchas faz o trabalho de forma eficiente e não se sente as trocas. A versão testada, a de topo, oferece paddle shifts no volante para troca. Apesar de, na prática, não serem muito utilizados pelos consumidores, dá o toque apimentado à versão.
O Serie 1 sedã oferece três modos de condução. O primeiro é o Ecopro, utilizado no trânsito cotidiano. Com essa seleção, o motor prioriza a economia de combustível e mantém as acelerações progressivas e suaves – usado na estrada, ele ainda avisa quando o limite de 130 km/h é atingido já que, quanto maior a velocidade, maior o consumo. Os outros modos de condução são o Comfort, em que o comportamento é destinado à suavidade da direção, e, por último, o Sport, que modifica o trabalho do turbo e faz as trocas da transmissão em giros mais altos, o que favorece as respostas do motor. Apesar da proposta esportiva, não há como desligar os controles de tração e estabilidade, como é possível nos modelos M da BMW.