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Conheça os riscos do combustível adulterado para seu carro

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O mecânico Marcos Vinícius, da Renault, dá as dicas sobre o uso correto do combustível (Foto: Leonardo Costa)

 

Somente no mês de setembro, a gasolina acumulou aumento de aproximadamente 10% nos preços nas refinarias, gerando efeito cascata, também, para o etanol. Os postos de Juiz de Fora seguiram esta tendência de mercado e imediatamente passaram a vender mais caro, embora a variação de um estabelecimento para outro ainda permita abastecer com menor impacto no bolso. Mas é preciso tomar muito cuidado para que o barato não saia caro. Combustível de procedência duvidosa é um verdadeiro veneno para a saúde do veículo e o desempenho do motor. Peças como velas, bicos injetores e catalisadores são as mais sensíveis ao desgaste prematuro e, se for feito, pode prejudicar o motor, gerando prejuízos de valores inimagináveis.

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Quando o carro é abastecido, uma cadeia de funções é ativada até que o motor possa operar de forma adequada. Do tanque, o combustível segue para uma bomba até passar pelo bico injetor e promover a faísca na vela de ignição e gerar energia. “São as partes que mais trabalham com o combustível. Acontece que, quando a gasolina ou o etanol são de qualidade inferior, estas peças podem estragar”, diz o mecânico Marcos Vinícius, que trabalha na oficina da concessionária Renault em Juiz de Fora.

A primeira consequência desta economia nos postos é observada no ato de dirigir. Primeiro, o carro pode demorar mais tempo para ligar e, em seguida, falhar quando estiver em movimento, como se estivesse dando trancos. Nas estradas, o problema fica ainda mais perceptível, pois, em velocidade elevada, o condutor terá a potência comprometida. Em uma ultrapassagem, por exemplo, o motor não vai corresponder à altura quando da aceleração, podendo provocar até acidentes. “E acelerando mais, automaticamente o consumo de combustível vai aumentar para além do previsto”, observa o mecânico.

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Pouco a pouco
As falhas ocorrem de forma gradativa. Não é regra, conforme explica Marcos Vinícius, mas geralmente o primeiro indício de algo errado ocorre após desgastes nos bicos injetores. “Isso varia de motor, mas imagine que cada bico tenha quatro furos. Se o combustível for de qualidade ruim, um destes furos pode entupir. Aí a central (dos carros com injeção eletrônica) automaticamente vai compensar, deixando este bico mais aberto. Só que em seguida outro furo também pode entupir, e depois o terceiro. Chegará o momento em que todos estarão impedidos e a central não conseguirá mais compensar. É quando as falhas começam.”

De acordo com Marcos Vinícius, no primeiro indício de desempenho aquém do previsto um mecânico deve ser procurado. Isso porque problemas de bicos podem ser resolvidos com uma limpeza, e a vela, substituída sem grandes custos. A manutenção começa a ficar cara quando o catalisador é danificado. Para quem não sabe, trata-se da peça responsável por “filtrar” os gases gerados durante a queima do combustível para a geração da energia. Se a gasolina ou o etanol chegam ao catalisador sem a devida combustão, sua estrutura metálica pode ser danificada. E o custo de substituição pode variar de R$ 300 até a R$ 3 mil, conforme levantamento feito pela reportagem.

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Vela de ignição é uma das peças sensíveis ao combustível adulterado (Foto: Leonardo Costa)

 

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Como escolher o combustível correto

Os postos de combustíveis de todo o país comercializam, basicamente, gasolina comum e aditivada, etanol e, em alguns casos, gasolina premium, além de óleo diesel e gás veicular. Todos estes modelos são encontrados nas redes presentes em Juiz de Fora, além dos estabelecimentos chamados de “sem bandeira”, que adquirem combustíveis de um fornecedor independente. O tipo de combustível a ser utilizado vai interferir diretamente no desempenho do veículo e, em alguns casos, prevenir contra desgastes prematuros das peças, como as já citadas velas, bicos injetores e catalisadores.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), a legislação vigente determina concentração de 27% de etanol anidro na gasolina comum, também chamada de gasolina tipo C. A mesma proporção é encontrada na gasolina aditivada, embora esta contenha detergentes que reduzem o atrito entre as peças e auxiliam na limpeza do motor.

Conforme explica o professor da UFJF Washington Orlando Irrazabal Bohorquez, mestre em engenharia de energia, doutor em engenharia aeronáutica e mecânica, e pós-doutor em engenharia aeroespacial, a gasolina aditivada tem em sua fórmula compostos que auxiliam na limpeza do motor e dispersantes que ajudam na quebra de impurezas produzidas no processo de combustão.

 

Sem procedência
Gasolina sem procedência, popularmente conhecida como “batizada”, pode ter sido armazenada inadequadamente, recebendo em sua fórmula elementos químicos indesejáveis. Na prática, este produto, além de danificar as peças, pode vir com uma octanagem menor que a prevista, ou seja, menor pressão na mistura ar-combustível. No motor, este tipo de combustível pode causar um fenômeno chamado de “batida de pino”, causando problemas graves de desempenho e manutenção.

Por outro lado, as gasolinas premium, com maior octanagem, não farão diferença considerável em carros considerados comuns. “Eles são indicados para modelos importados e esportivos, cujos motores necessitam de compressão mais alta, para se extrair o máximo de eficiência térmica e mecânica.”

 

Em JF, etanol
Na avaliação do professor da UFJF, em Juiz de Fora o combustível com a melhor relação custo/benefício é o etanol, no caso dos veículos com a tecnologia flex. Ele explica que, quando se projeta um motor flex no Brasil, se considera que ele receberá gasolina, misturada a 27% de etanol anidro (com 99,6% de graduação alcoólica), ou ainda abastecido apenas com etanol hidratado (cerca de 5% de água). “E o etanol possui melhor rendimento com o motor trabalhando em baixa velocidade e desenvolvendo maior potência. Por isso, com R$ 70 de álcool, trafegando cerca de 20 quilômetros por dia, é possível circular de carro cerca de duas semanas. O mesmo valor não permite mais que uma semana de autonomia na gasolina.”

 

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