A Kia apresentou, nos últimos anos, um fenômeno de crescimento a nível global bem considerável. Deixou de ser uma marca pouco expressiva para se tornar objeto de desejo. No Brasil, sua consolidação se deu em 2011, quando bateu seu recorde de vendas – foram 77 mil unidades comercializadas. Tanto glamour permitiu que a fabricante se desse ao luxo de produzir um veículo extremo, rápido e bem equipado: trata-se do Stinger, que chega ao Brasil em 2018, logo após o fim do Inovar Auto que, mesmo obrigando o pagamento de 30 pontos percentuais extras de IPI, não impediu que a fabricante coreana ganhasse o título de maior importadora de veículos sem fábrica no país.
Com nome de míssil e proposta de performance, o Kia Stinger apareceu no último Salão de Detroit já em sua versão de produção. O carro é uma obra do designer alemão Peter Schreyer, atual presidente da empresa, que levou a marca ao topo da gama de veículos generalistas mais bem desenhados. Já em sua parte mecânica, o Stinger tem “traços” de Albert Biermann, também alemão, e que foi responsável pela divisão M da BMW há alguns anos.
As dimensões são generosas. São 4,83 m de comprimento, 1,87 m de largura, 1,4 m de altura e entre-eixos de 2,90 m. As rodas são de 19 polegadas – as do eixo traseiro são mais largas para melhorar a aderência como asfalto.
Por dentro, o acabamento agrada. As tapeçarias são de pele, os ajustes dos assentos dianteiros são elétricos e, em geral, os materiais são de boa qualidade. O teto solar é panorâmico. No caso da instrumentação, tudo é análogo e fácil de ler, com o tacômetro à esquerda e o velocímetro à direita. No centro do painel, uma tela sensível ao toque exibe informações do sistema de entretenimento, que é compatível com as plataformas Android Auto e Apple Car Play. O console central dispõe de um sistema de carregamento de telefones por indução.
Uma das virtudes do Stinger é a força de tração, que é despejada no eixo posterior. Essa força vem do V6 de 3.3 litros herdado do Sorento, mas “vitaminado” com dois turbos e melhorias nos sistemas de admissão e escape para atingir a potência de 365 cv em 6 mil rpm e um torque de 51,98 kgfm entre 1.300 e 4.500 rpm – o zero a 100 km/h é feito em aproximadamente 5,9 segundos. O motor é posicionado longitudinalmente, acoplado a uma caixa automática tradicional de oito velocidades. Há também uma versão com motor menor, de quatro cilindros, de 2.0 litros de 250 cv com a mesma caixa de transmissão.
No quesito segurança, o Stinger oferece uma boa lista de sistemas. Há freios ABS de quatro pistões dianteiros e dois traseiros, sete airbags para condutor e passageiros e controle de estabilidade. O modelo conta também com sensores em todo perímetro do veículo, com câmaras de visão em 360 graus e de ré. Tem ainda detector de ponto cego, que avisa sobre um obstáculo no retrovisor e exibe alertas com um ícone na central.
Nos Estados Unidos, o Stinger GT, com motor V6, é vendido a partir de US$ 39.895 (cerca de R$ 132.200). O modelo “menos apimentado”, com motor 2.0, tem preço inicial de US$ 32.795 (ou R$ 108.690). A Kia vai trazer o sedã para o Brasil em 2018, após o fim do Inovar Auto. (Colaboração de Victor Alves/ Auto Press)
Primeiras impressões
A nobreza do V6 de 3.3 litros TwinTurbo é imediata quando se afunda o pé no acelerador. Os 51,98 kgfm de torque são sentidos desde o início. A direção é muito boa, precisa, pouco “anestesiada”. No modo de condução “Sport”, o trabalho da suspensão é impecável e, mesmo em se tratando de um veículo grande que pesa quase duas toneladas, o Stinger é ágil e divertido.
A transmissão automática oferece paletas de trocas no volante e permite “jogar” com as marchas, sobretudo nas reduzidas. Se o giro estiver numa faixa inadequada para determinada manobra, o recurso da paleta permite reduzir a marcha até chegar a uma zona melhor do regime de rotações, o que melhora a resposta de aceleração.