Algumas vezes, fica difícil ligar o nome ao carro. De 1989 a 2011, a Mitsubishi produziu o cupê esportivo Eclipse, que no Brasil, inclusive, chegou a ser o preferido dos jogadores de futebol nos anos 1990. Depois de quatro gerações e 22 anos de existência – incluindo carroceria conversível -, o modelo foi aposentado e, aparentemente, esquecido pela marca japonesa. Porém, no ano passado, a fabricante trouxe o Eclipse novamente à sua linha de produção, mas com o “sobrenome” Cross. De semelhanças com o carro icônico, apenas o desenho cupê e as linhas bem contemporâneas. Mas, como o próprio nome já denota, com capacidades aventureiras e apostando no segmento que se dá melhor no atual mercado global, o dos SUVs. E que deve desembarcar no Brasil no segundo semestre deste ano, possivelmente em meados de agosto.
O Eclipse Cross, na verdade, foi a primeira movimentação da Mitsubishi para ampliar suas vendas globais, principalmente no continente europeu, após a nova aliança com a Renault e a Nissan. Os planos são de investir em três novos crossovers para lá, sendo os próximos uma nova geração do Outlander e ainda um novo SUV, o menor da fabricante, direcionado a brigar com os utilitários esportivos compactos das concorrentes e que deve tirar de linha o SUV médio ASX. A tradição em modelos voltados para o fora de estrada é um dos trunfos que a marca quer explorar. Isso porque as vendas de SUVs na Europa crescem entre 10 e 20% por ano e, em 2017, chegou a 28,3% do total. E quase metade delas são de modelos com tração integral.
A plataforma do Eclipse Cross é a mesma do Outlander e do ASX – baseada na do sedã médio Lancer. Suas linhas expressam mais elegância do que robustez. Mas elementos típicos dos crossovers, como as amplas caixas de roda e proteções em preto e prata na parte inferior do carro, estão presentes. Na traseira, destaca-se o conjunto ótico alongado, que atravessa o vidro traseiro, dividindo a janela em duas partes.
Por dentro, a marca adotou uma estratégia para ampliar o espaço, apesar do entre-eixos pouco extenso, de 2,67 metros. O banco traseiro fica sobre trilhos e pode deslizar até 20 cm. Desta forma, é possível aumentar o espaço para pernas dos passageiros de trás ou, caso haja necessidade, da capacidade do porta-malas, que varia entre 341 e 448 litros. O Eclipse Cross mede 4,40 m de comprimento, 1,80 m de largura e 1,68 m de altura. O interior traz acabamento com detalhes que imitam fibra de carbono e plásticos cromados. A central multimídia tem tela sensível ao toque de sete polegadas e um head-up display ajuda o motorista a visualizar as informações mais importantes para uma viagem.
Para mover o Eclipse Cross, há três opções de trem de força. Duas trazem o novo motor 1.5 turbo da marca, movido a gasolina, capaz de entregar 163 cv de potência e 25,5 kgfm de torque máximo, este último disponível entre 1.800 rpm e 4.500 rpm. O que muda é a transmissão, que pode ser manual de seis marchas com tração dianteira ou CVT com tração integral. A velocidade máxima fica em 205 km/h e 200 km/h e o zero a 100 km/h é cumprido em 10,3 segundos e 9,8 s, respectivamente. A outra opção é um 2.2 turbodiesel com tração integral e transmissão automática de oito velocidades. Nesse caso, a potência é de 150 cv e o torque é de 40,8 kgfm. Para o Brasil, está prevista a vinda do modelo com motor 1.5, mas ainda não há preço definido. Na Itália, os preços partem de 24.950 euros, ou seja, cerca de R$ 97.500.
Primeiras impressões
Basta entrar no Mitsubishi Eclipse Cross para notar que o modelo corresponde às boas expectativas, alimentadas antes de sua chegada, em relação a qualidade, conforto e requinte. O design é bem moderno, com linhas próximas às de um cupê, e o interior se mostra espaçoso, apesar de suas dimensões limitadas. E o primeiro impacto do teste se deu em função das estradas cobertas de neve, que conseguiram destacar a facilidade de condução e a grande segurança que o modelo transmite, mesmo diante de severas condições de trânsito.
A avaliação foi feita apenas com propulsor a gasolina 1.5 turbo, que alia um consumo contido a um desempenho que pode ir de satisfatório a brilhante, de acordo com o ânimo do condutor. Há três modos de direção disponíveis, Auto, Snow e Gravel, sendo os dois últimos focados na condução em neve e fora de estrada, respectivamente. A visibilidade é ampla e quando se pisa com vontade o acelerador, até dá para se lembrar do extinto cupê esportivo que ajudou a batizar o novo SUV.