Em tempos de crise, muitos motoristas estão apostando em exemplares usados. É o que mostra a pesquisa da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), entidade que reúne cerca de 7,4 mil distribuidores de veículos nacionais e importados de todo o país. De acordo com a Fenabrave, atualmente, para cada veículo novo emplacado, 4,5 veículos usados são comercializados. O número é superior à marca registrada em outubro de 2014, último ano de crescimento econômico, quando a proporção era de 3,1 automóveis usados para cada zero quilômetro licenciado.
Segundo o relatório, divulgado na última semana, em outubro deste ano foram vendidos 900.062 automóveis usados, entre utilitários e veículos comerciais leves, um crescimento de 15,17% se comparado com o mesmo período do ano anterior, quando foram vendidos 781.530 automotores. No acumulado de 2017, em dez meses, 8.838.634 unidades foram comercializadas, o que representa uma alta de 9% com relação a 2016. Para efeitos de comparação, em dez meses, foram emplacados 2.635.130 veículos novos, o que representa crescimento de 0,80% ante o mesmo período no ano passado.
A movimentação do mercado de seminovos tem beneficiado as concessionárias da cidade, que buscam oferecer veículos de boa qualidade e em excelente estado por um preço mais acessível. O proprietário da concessionária Nila Veículos, no Bairro Cascatinha, Marcos Marin, explicou que variáveis como o ano do veículo, estado de conservação, lançamento de novos modelos e documentação em dia impactam diretamente no preço do automóvel.
Bom negócio
Marin lembra que, entre as vantagens de comprar um carro com um ou dois anos de uso, está a possibilidade de encontrar veículo com baixa quilometragem, em bom estado de conservação e com uma variedade de equipamentos, como ar-condicionado, direção hidráulica, câmbio automático e banco de couro. “Existem carros que são bem rodados, mas muito bem conservados. Por isso, quando você tem um carro bom e conservado, o cliente não se importa com garantia de fábrica. Não é um fato que venha a impedir a venda”, explicou.
Segundo ele, a perda de valor de um veículo zero quilômetro começa a partir do primeiro dia de uso do veículo. “Qualquer carro zero quilômetro, a partir do momento que sai da concessionária perde, pelo menos, 15% do seu valor de venda. Por terem sofrido depreciação, eles permitem ao comprador pagar menos, em relação a um carro novo, por modelos mais equipados”, explica. Caso você esteja interessado em adquirir um determinado veículo, vale a pena pesquisar na Tabela Fipe qual o preço dos modelos de anos anteriores.
Concessionárias investem em estoque diversificado
A expansão no mercado de seminovos fez com que muitas concessionárias autorizadas de marcas passassem a apostar em um estoque diversificado, como a representante da Ford em Juiz de Fora, Original. De acordo como o gerente de vendas Ângelo Augusto Paradinha, em 60% das vendas de um carro zero quilômetro, um seminovo está envolvido na troca, o que acaba gerando um showroom variado e flexível, e representando uma fatia considerável no faturamento da empresa. “Hoje o veículo seminovo para a concessionária autorizada rentabiliza um pouco melhor, muito por qualidade e pela maior flexibilidade na negociação”, explica.
Segundo o gerente, a concessionária opta por um perfil diferenciado na escolha do veículo que irá compor o estoque de usados da empresa. “Optamos por carros mais novos, de 3 a 4 anos de uso e com baixa quilometragem. Se o veículo não nos interessa, repassamos para outros revendedores parceiros.” Atualmente, um dos veículos mais vendidos é o Ford Ka. “É um carro na faixa de R$ 30 mil, que as pessoas buscam pela relação custo-benefício, por ser econômico e ter qualidade.”
Para ele, no momento de optar por um veículo zero quilômetro ou seminovo na hora da venda, é preciso levar em consideração diversos fatores, como o desejo do cliente, formas de pagamento e o modelo do veículo. Veículos importados, por exemplo, podem ser encontrados com preço abaixo do mercado, pois possuem alta depreciação em período curto de tempo. Entretanto, o consumidor deve ficar a tento aos valores de manutenção e seguro quase sempre bem mais caros que os veículos nacionais.
Veículos usados mais vendidos
De acordo com o ranking da Fenabrave, em outubro deste ano, os automóveis e comerciais leves mais vendidos se encontram no segmento “veículos de entrada”, ou seja, aqueles mais acessíveis ao consumidor. Entre os cinco primeiros da lista estão Volkswagen Gol (80.416 unidades), Fiat Palio (50.313), Fiat Uno (29.362), Chevrolet Corsa (24.004) e Fiat Strada (23.275).
Entre os 15 os primeiros, há também a presença de veículos de segmentos superiores, como Toyota Corolla (nono – 18.369 unidades) e Honda Civic (12º – 15.690 unidades). Integra a décima posição, com 18.199 unidades comercializadas, o sedan de entrada e veterano Classic, veículo da Chevrolet que deixou de ser produzido no ano passado, após 21 anos ininterruptos de produção.