O Gol está se tornando um quarentão. O hatch lançado em 8 de maio de 1980 tinha uma tarefa para lá de importante no Brasil: substituir o Fusca, um dos carros mais emblemáticos do mundo. E vem cumprindo sua missão com louvor: foi o veículo mais vendido do país por 27 anos consecutivos. Assumiu a liderança em 1987, com apenas sete anos de idade, e só foi tirado do topo do ranking em 2014. Ainda hoje, é o quinto veículo mais vendido do país e o primeiro da Volkswagen, à frente até do Polo.
Quem vê os louros obtidos ao longo dessas quatro décadas talvez não imagine o tropeços que esse Volkswagen deu antes de conseguir embalar. Na época do lançamento, o Gol chamou a atenção pelas linhas. O estilo lembrava um pouco o do “irmão” Passat. O problema é que o motor remetia muito ao do Fusca.
De acordo com as premissas estabelecidas pela Volkswagen, o Gol deveria ser mais moderno, espaçoso e bonito que o Fiat 147. Além disso, teria de ser tão ou mais econômico que o rival. E tudo isso com um anêmico motor 1.300 refrigerado a ar!
Os planos originais previam que o Gol entraria em campo com o motor do Passat, refrigerado a água. Mas duas razões adiaram essa estratégia. Uma foi custo. Para poder brigar em preço com o rival da Fiat, ao menos na estreia o novo modelo deveria ter mecânica mais barata. Além disso, o Passat vendia bem e seria difícil abastecer de motores as duas linhas simultaneamente.
Como o motor saiu da traseira do Fusca para a frente do Gol, em uma área muito mais ventilada, foi possível dispensar o radiador de óleo e adotar uma nova ventoinha. Com essas e outras alterações, o boxer perdeu 14 kg de peso e ganhou 4 cv de potência, passando a 50 cv. Uma das curiosidades é que o distribuidor vinha protegido por um saquinho plástico, para evitar infiltração de água. O desempenho do novato era melhor que o do veterano, embora não empolgasse muito. Isso foi dando sobrevida ao Fusca.
Um sopro de ânimo surgiu no ano seguinte na linha Gol, com a chegada do motor 1.600, ainda refrigerado a ar. Mas as coisas só começaram a melhorar mesmo a partir de 1984. Foi quando a Volkswagen lançou a versão esportiva GT, que trazia o mesmo motor 1.8 refrigerado a água do Santana. No ano seguinte, quando finalmente o hatch recebeu o motor 1.6 do Passat e uma reestilização, que inclui a adoção de faróis maiores, as vendas dispararam. Em 1989 foi a vez do Gol GTI, primeiro carro do Brasil com injeção eletrônica de combustível. Com motor 2.0 de 120 cv, era o sonho de consumo de todo brasileiro fã de carro.
• ‘Bolinha’
A segunda geração surgiu apenas em 1994, após 14 anos do lançamento do hatch. Com linhas mais arredondadas, ficou popularmente conhecida como Gol “bolinha”. A nova versão GTI, de 1995, tinha motor 2.0 16V de 145 cv importado da Alemanha. Por causa do coletor de admissão invertido, havia um calombo no capô.
• ‘G3’
Embora seja chamado de “G3”, o modelo de 1999 não é a terceira geração, mas uma reestilização que incluiu linhas mais retas, painel renovado e, pela primeira vez, carroceria de quatro portas. Air bags e ABS passaram a vir como opcionais. Outra novidade foi o motor 1.0 turbo, que chegou em 2000, com 112 cv.
• ‘G4’
A quarta reestilização, de 2006, trouxe de volta as linhas mais sinuosas. Com o fim do Fusca, o Gol perdeu as versões sofisticadas e assumiu o papel de carro de entrada da Volkswagen no país, abrindo espaço para o Fox subir na vida.
• ‘G5’
A mudança mais radical veio em 2008, com a chegada da terceira geração, cuja plataforma é derivada da utilizada no Polo. O motor passou da posição longitudinal para a transversal, e a cabine melhorou muito.
Desde então, o Gol recebeu três leves reestilizações (em 2012, 2016 e 2018) e ganhou novo fôlego com o câmbio automático, que passou a equipar o modelo no fim de 2018.