Não há, seguramente, um carro como o Jeep Renegade no mercado brasileiro. Em termos de mecânica, conforto, desempenho, pode ser igualado e até superado por outros SUVs compactos, mas quando o freguês busca uma identidade marcante, o charme que remete ao célebre Willys, o esportivo compacto da Jeep fazendo bonito. E é só sentar ao volante do carro, como fizemos na última semana, para sentir essa diferença: a sensação é distinta de qualquer outra experiência com utilitários esportivos que possamos ter tido anteriormente. Não por ser melhor ou pior, mas por ser absolutamente singular.
O modelo que testamos foi a versão Limited 1.8 Flex AT6, topo de linha entre as não movidas a diesel, vendida por R$ 103.490. No Brasil desde 2015, quando virou uma verdadeira febre, conquistando inclusive a liderança entre os SUVs mais vendidos do país – hoje é seu irmão maior, o Jeep Compass, a liderar o segmento geral -, o Renegade passa agora pelo seu primeiro face-lift. E é uma “plástica” muitíssimo discreta. Há uma leve mudança na tradicionalíssima grade frontal, alteração no para-choques (que melhorou o ângulo de entrada, agora o maior da categoria, 28 graus na versão flex e 30 na diesel), algumas atualizações no interior e a adoção de rodas de liga leve de 19 polegadas.
É sempre bom lembrar que, entre seus concorrentes, o Jeep Renegade orgulha-se de ser o único projeto original de fábrica, ou seja, não deriva de plataformas de carros de passeio. Isso se reflete em alto nível de segurança – são sete airbags – e excelente dirigibilidade, inclusive para a superfície lunar de Juiz de Fora. A suspensão, independente nas quatro rodas em todas as versões, responde bem às crateras de todos os diâmetros e profundidades das ruas da Manchester Mineira. O isolamento acústico na cabine também merece destaque, bem como o ótimo espaço interno para motorista e carona. No banco traseiro, nada muda: viajam só dois e olhe lá. É o preço do estilo do Renegade. Se quer um carro família, parta para o Compass.
Olhos que brilham
A mudança mais visível está nos “olhos” do Renegade. “A ideia é que mesmo de longe, olhando pelo retrovisor, o motorista saiba que lá vem um Renegade”, afirma Guilherme Vasconcelos, gerente comercial da Union Jeep Juiz de Fora. Ele se refere aos novos faróis full led – de neblina, inclusive -, que incluem luzes diurnas e fazem o tradicional design circular que remete ao clássico Jeep Willys – e à nova versão do Jeep Wrangler – literalmente brilhar, mesmo à luz do dia. Charme similar não se repete nas lanternas traseiras. Por dentro, couro reveste o volante e os bancos, e um bom número de nichos servem para acomodar todo tipo de tranqueira que carregamos (eu carrego!) no dia a dia, como celular, óculos, chaves, carteira etc.
A principal evolução do Renegade 2019, todavia, talvez seja no que diz respeito à tecnologia e conectividade. A partir da versão Longitude – a intermediária entre a Sport e a Limited testada pela Tribuna -, o modelo passa a contar com a maior tela multimídia da categoria, com 8,4 polegadas, compartilhada com o Jeep Compass. A partir de agora é possível parear o smartphone através dos sistemas Android Auto e Apple Car Play. O sistema, chamado de Uconnect, permite também a programação digital do ar-condicionado bipartido, inclusive através de comando de voz. No painel, cujo mostrador – bem bonito – oferece displays analógicos e digitais, com informações do computador de bordo, há entrada USB, também disponível no console central para os passageiros do banco traseiro.
Na estrada com o Renegade 2019
Enquanto não chegam ao Brasil os aguardados motores 1.0 e 1.3 turbo que a Fiat Chrysler deve incorporar a seus modelos nacionais, o conjunto mecânico do Jeep Renegade Limited segue o mesmo: um propulsor de 1.8 litro e 16 válvulas, que gera 139 cv e 19,2 kgfm de torque para empurrar o carrão de 1,5 tonelada. A sensação é de que a robustez do conjunto pede mais força do que o motor, administrado por um câmbio automático de seis velocidades, pode entregar. Isso acaba se refletindo no consumo, que não é dos melhores, de acordo com a tabela do Inmetro: 9,6 km/l na cidade e 10,7 km/l na estrada, com gasolina, e 6,7 km/l na cidade e 7,4 km/l na estrada com álcool. O sistema start-stop, que desliga o motor nas paradas do trânsito, tenta compensar essas médias.
A impressão ao dirigir é que, para uma condução urbana mais sossegada, sem exigir demais em arranques velozes, o carro mostra bom desempenho. Mas respostas rápidas não são especialidade do Renegade, o que também pode ser percebido na estrada, nas acelerações e retomadas que experimentamos por uns 30km de passeio na BR-040. Em termos de segurança, aí sim, o SUV se garante bonito. A direção elétrica transmite confiança, e os controles de estabilidade e tração conferem um desempenho equilibrado mesmo em velocidades mais altas.
Uma outra mudança que merece destaque na versão 2019 no Jeep Renegade – que vem com auxílio de partida em rampa, câmera e sensor de ré e freio de estacionamento eletrônico – é o considerável aumento de 47 litros no porta-malas, que agora tem capacidade para 320 litros. Isso foi possível com a adoção do estepe temporário – menos na versão Trailhawk, que continua com o estepe full size. No geral, a impressão que o Renegade deixa após um test drive é de que é um belo carro para solteiros e jovens casais que procurem tecnologia e seguranças, mas, acima de tudo, estilo. Para outros públicos que têm interesse pela grife Jeep e estejam dispostos a gastar mais, o Compass, líder absoluto de vendas no segmento geral dos SUVs, continua sendo a melhor pedida.
Preços
Jeep Renegade Sport 1.8 MT (flex): R$ 78.490
Jeep Renegade Sport 1.8 AT6 (flex): R$ 83.990
Jeep Renegade Longitude 1.8 AT6 (flex): R$ 96.990
Jeep Renegade Limited 1.8 AT6 (flex): R$ 103.490
Jeep Renegade Longitude 2.0 AT9 (diesel): R$ 125.490
Jeep Renegade Trailhawk 2.0 AT9 (diesel): R$ 136.990