Potência, versatilidade, conforto, acabamento diferenciado e baixo custo de manutenção. Estas são as principais características que fazem dos utilitários os veículos do momento. Os modelos esportivos, também conhecidos como SUVs, conquistaram os brasileiros de forma surpreendente, tanto que já representam uma fatia importante do mercado automotivo.
Juiz de Fora, de acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), é o município mineiro que teve maior aumento percentual de emplacamentos deste tipo de veículo nos últimos 12 meses. O crescimento é de 8,9%, o que representa 140 novos carros nas ruas. O salto impressionante, que culminou nas atuais 1.718 unidades emplacadas, é observado principalmente nos últimos cinco anos. Para efeito de comparação, em 2013, a cidade tinha apenas 800 utilitários nas ruas, menos da metade.
O que faz do utilitário o carro do momento é uma série de fatores. Entre eles, o lançamento de modelos robustos pelas principais fabricantes que atuam no mercado nacional. O divisor de águas pode ser considerado o Jeep Renegade, montado no Brasil desde 2014. Conforme dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), entre janeiro e agosto deste ano, em todo território nacional, 29.925 unidades foram comercializadas. Isso faz dele o terceiro mais vendido da categoria (ver gráfico). O primeiro, aliás, também é da Jeep, o Compass, com 39.351 unidades.
Perfil heterogêneo
O gerente comercial da Union Jeep Juiz de Fora, Guilherme Vasconcelos, afirma que o perfil de quem busca carros SUV é muito diversificado. “É até difícil traçar o perfil do cliente, o que explica o sucesso destes carros. Vendemos Compass e Renegade para jovens, famílias, idosos. A procura é muito grande, fruto de uma campanha assertiva da marca. O brasileiro, antes da entrada do Renegade no mercado, ainda tinha a imagem daquele Jeep do quartel, da década de 40. Apresentamos muita qualidade, com um preço acessível”, explicou.
Segundo ele, o que faz do Renegade e do Compass competitivos no mercado é o fato de ambos serem montados no país. O Renegade parte de R$ 69.990 e pode chegar até os R$ 130 mil. Já o Compass tem preço inicial de R$ 109.900 e pode chegar a R$ 197 mil, de acordo com os acessórios, rodas, potência do motor e tipo de combustível, se gasolina ou diesel. Sem contar que a manutenção chega a ser mais barata que de carros populares. Como exemplo, Guilherme informou que o Renegade deve ser avaliado por um mecânico a cada 12 mil quilômetros, sem limite de tempo, ao custo aproximado de R$ 430.
SUV é o preferido entre as mulheres
Um levantamento feito pela General Motors na região forneceu um dado importante para a Planeta Chevrolet, concessionária de Juiz de Fora. Segundo este estudo, em 80% das vendas, as mulheres têm o poder da decisão pela compra. Segundo Gabriel Santos, diretor de vendas da concessionária, isso se deve a alguns fatores. Entre eles, o fato de o utilitário esportivo ser um carro alto, que transmite mais sensação de segurança, além da potência, torque, baixo consumo de combustível, design diferenciado e acabamento interno de alto padrão.
Somente na Planeta Chevrolet, 15% das vendas já são de SUV, o que é considerado um índice elevado para um veículo ainda pouco popular no país. A Chevrolet, aliás, é a marca que mais ganhou participação de mercado neste segmento em 2018, conforme a própria montadora. “Se comparar o primeiro semestre deste ano, com igual período em 2017, a participação de SUV no país cresceu 27%. A Chevrolet, neste tempo, aumentou as vendas em 170%.”
Entre os modelos comercializados pela marca, o mais vendido é a Tracker, seguida do Equinox. Entre os dois, a faixa de preço inicial é de R$ 85 mil, podendo chegar até a R$ 163 mil, conforme a versão escolhida. No caso da Tracker, a primeira revisão exigida é com 10 mil quilômetros, ao custo de R$ 333. “Este aumento no número de vendas é uma tendência nacional, mas Juiz de Fora está mesmo um pouco fora da curva. Se considerar apenas Chevrolet, o município é o segundo de Minas Gerais em vendas de utilitários esportivos, perdendo apenas para Belo Horizonte. Emplacamos, por exemplo, 25% a mais que Uberlândia.”
E este dado é significativo, afinal, a cidade do Triângulo possui a segunda maior frota de veículos de Minas Gerais, perdendo apenas para Belo Horizonte. Em terceiro lugar está Contagem que, no entanto, tem metade do número de SUVs de Juiz de Fora.
Curvando-se aos utilitários
Até mesmo fabricantes que se destacam em outros segmentos estão se curvando aos utilitários. Este é o caso da Toyota, conhecida por modelos sedãs de qualidade, como o Corolla e o Etios, muito embora tenha disponibilizado ao mercado, faz alguns anos, a respeitadíssima Hilux. “Nosso ponto forte ainda é o sedã, mas no caso do público feminino, por exemplo, muitas preferem o SUV a uma picape, que tem aspecto mais imponente, até mesmo bruto”, disse o líder de qualidade em vendas da Toyota Imperial em Juiz de Fora, Pedro Campos.
De acordo com ele, atualmente a demanda pelos utilitários, de um modo geral, sendo esportivos ou não, chega a 30% do volume de vendas na concessionária, muito em razão da grande publicidade feita por este tipo de veículo. “Isso acabou moldando um pouco o comportamento do público”, avaliou, acrescentando que entre os mais vendidos na cidade no segmento estão a SW4 e a RAV, que estão na faixa de preço entre R$ 130 mil e R$ 270 mil.