Nos Estados Unidos, o Honda Accord é um dos modelos mais relevante do portfólio da Honda. Afinal, durante muito tempo foi o principal carros de volume da marca por lá. Ainda hoje, o sedã da Honda vende muito bem: em 2017 está em décimo no ranking norte-americano, com 190 mil unidades vendidas _ mais que o líder no Brasil, o Chevrolet Onix, que ficou com 188 mil vendas ano passado. De qualquer forma, os sedãs médios e médio-grandes estão perdendo espaço para os SUVs. Sendo assim, é provável que o pior inimigo do Accord esteja nas próprias concessionárias da Honda: o utilitário esportivo médio CR-V, o terceiro SUV mais vendido dos Estados Unidos, com 220 mil unidades em 2017. Talvez por isso o modelo tenha chegado à décima geração querendo oferecer uma esportividade que os SUVs não têm. Além de ser luxuoso, atraente, divertido e ambicioso. A chegada do sedã no Brasil já está confirmada para este ano, importado dos Estados Unidos.
O novo Accord aposta mais na emoção do que antes. Tanto pelo visual mais esportivo e como também pelo trem de força turbinado. A dianteira está mais elegante e robusta, graças aos faróis mais finos e longos, com tecnologia full led, à grade cromada que os une e aos detalhes em preto brilhante. De maneira geral, a aparência é mais larga e mais baixa, com uma linha de cintura marcada que corta a lateral da frente até a traseira. A coluna traseira tem uma queda acentuada que transmite uma imagem de cupê de quatro portas e o aproxima do visual do sedã médio Civic _ porém, com desenho menos radical. As rodas de 19 polegadas completam a imagem mais agressiva do Accord. Já a traseira é mais discreta, com lanternas de leds em formato bumerangue e saída de escape dupla com acabamento cromado.
Por dentro, o Accord mudou completamente e ganhou um ar de modelo premium. Há detalhes em alumínio e elementos que simulam fibra de carbono. O volante está 2,5 cm mais baixo, para criar uma atmosfera mais esportiva. Há chave presencial, bancos com multifunções e volante coberto por couro, além de um nicho específico para armazenar o telefone celular que é coberto por uma tampa e traz carregador de indução, porta USB e tomada 12V. Os ocupantes traseiros contam com saídas de ar e apoio de braços central com dois suportes para copos.
No painel de instrumentos, a iluminação é branca, em led, e o lado esquerdo traz uma tela configurável que pode exibir informações relacionadas ao tacômetro, computador de bordo, áudio, eficiência e dados de assistências de segurança. No lado direito, mantém-se um velocímetro analógico. O sistema multimídia de última geração, com tela de 8 polegadas em alta resolução, tem navegador próprio e interação com Apple Carplay e Android Auto. Em relação às medidas, o novo Honda Accord tem 4,88 metros de comprimento _ diminuiu 1 cm _, mas cresceu 5,5 cm na distância entre-eixos, que agora é de 2,83 m. De acordo com a marca, pela adoção de materiais mais leves e resistentes, o peso foi reduzido entre 50 e 80 kg, dependendo da versão e melhorou rigidez torcional em 32%.
A Honda optou por tirar de cena os motores a gasolina aspirados e adotar propulsores turbinados. Saem o 2.4 litros de quatro cilindros e o V6 de 3.5 litros. Chegam o 1.5 turbo, já utilizado pelo Civic e também pelo novo CR-V e o 2.0 turbo, que também equipa o Civic Type R. O primeiro rende 194 cv de potência e 26,5 kgfm de torque entre 1.600 e 5 mil giros e é associado a uma caixa CVT. O maior entrega 255 cv e 37,7 kgfm de torque entre 1.500 e 4 mil rpm. Este propulsor trabalha em conjunto com um novo câmbio automático de 10 velocidades. A tração é sempre dianteira.
Para garantir a segurança, o Accord vai além dos sete airbags, câmara de ré, freios ABS e controles eletrônicos de estabilidade e tração. O sedã médio-grande traz alerta de troca involuntária de faixa, sensor de ponto cego, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo e frenagem automática de emergência. No México, onde o modelo foi testado, o Honda Accord varia entre 443.900 pesos mexicanos a 554.900 pesos mexicanos, ou seja, algo entre R$ 73.200 e R$ 91.600. No Brasil, ainda é vendida a nona geração, com motor 3.5 V6 aspirado de 280 cv, por R$162.500.
Primeiras impressões
Basta entrar no novo Honda Accord para perceber a boa qualidade dos materiais e o cuidado típico da marca na montagem. Há uma sobriedade até mais característica dos modelos de luxo alemães, com diversos revestimentos de toque suave na parte superior e frontal do console central. Já na parte inferior, não vale muito a pena conferir a textura, porque não é tão boa de se tocar. O controle do ar-condicionado de duas zonas tem comando semelhante ao utilizado pela Audi e é charmoso. Já o teto solar parece um tanto pequeno para os padrões atuais.
No sistema multimídia, a interface adotada é simples e bem fácil de usar. Os ícones são grandes e é possível acessar diferentes funções, entre GPS, bluetooth, áudio e outros aplicativos. E não se trata de um equipamento 100% sensível ao toque, o que é bom. Controles de volume, sintonizadores de estações de rádio e outros botões físicos aparecerem e facilitam a utilização durante as viagens. O espaço interno é bom no que diz respeito a pernas, joelhos e ombros de todos os passageiros. Atrás, porém, o caimento acentuado do teto pode fazer com que algumas pessoas mais altas tenham de se afundar um pouco no banco para se sentirem confortáveis.
O motor testado, 2.0 turbo, responde de forma impecável. A transmissão com 10 marchas interage bem com o propulsor e facilita a entrega de vigor de acordo com a intensidade das pisadas no acelerador. A posição de condução mais baixa instiga ainda mais o condutor a elevar os giros e arrancar mais desempenho do sedã. O Accord sempre foi um carro bem plantado no chão e bom de curva, o que também aguça uma direção mais esportiva. Há um modo econômico de direção, que torna o pedal do acelerador muito menos responsivo e a transmissão passa a priorizar a redução do combustível e não o desempenho. No modo esportivo, essa relação se inverte e o carro se transforma, estendendo as marchas e elevando os giros do motor. E é nessa hora que se percebe que o Honda Accord está cada vez mais distante da velha ideia de “carro de tiozão”.