A morte dos automóveis movidos a diesel foi anunciada e parece ser inevitável. Assumem, neste contexto, particular protagonismo os motores a gasolina da nova geração, capazes de andar bem e gastar pouco. Mesmo que a solução não seja o suprassumo que se antevia, em razão de normas de proteção ambiental cada dia mais restritivas, o fato é que se percebe uma tendência de downsizing generalizada, tanto no tamanho como no número de cilindros. O novo Honda Civic, atualmente em sua décima geração, depois de 45 anos na ativa, é um dos adeptos. Só daqui a cerca de um ano estará disponível com motor diesel, o que faz com que a grande estrela de sua gama na Europa se torne, por enquanto, a versão 1.0 turbo de 129 cv, já que serão poucos os que poderão optar pelo vigoroso 1.5 turbo de 182 cv das configurações de topo.
A Honda apostou em uma imagem exterior radical, inequivocamente agressiva, dinâmica e esportiva. Mas, nem por isso, isenta de controvérsia. Exemplos disso são as generosas entradas de ar dianteiras, que caem bem no Type-R, mas são meramente decorativas no modelo convencional. E principalmente pela traseira, esteticamente difícil de digerir e que em nada favorece a visibilidade.
O motor de três cilindros 1.0 litro é um dos mais evoluídos e potentes de hoje. São, na verdade, 988 cc, com injeção direta de gasolina, distribuição variável com duplo variador de fase e turbocompressor. O resultado é uma entrega de 129 cv a 5.500 rpm e 20,4 kgfm de torque máximo em 2.250 giros, com câmbio manual de seis velocidades.
O preço parte de 23.300 euros, cerca de R$ 84.500. Mas a versão de topo nessa motorização, a Executive Premium, começa em 29.730 euros, ou seja, algo em torno de R$ 108 mil. Está certo que não é o valor mais chamativo para os consumidores, mas a verdade é que se trata da configuração mais abastada da gama, com um nível de equipamentos de conforto e segurança vistos em modelos de segmento premium.
Primeiras impressões
Lisboa (Portugal) – O exterior no novo Honda Civic chama bastante atenção. No interior, no entanto, o desenho esportivo não diminuiu sua racionalidade. Destaque para a ampla habitabilidade traseira, que permite que três adultos viajem à vontade, um trunfo difícil nessa categoria. Vantagem também para o porta-malas, que além de um ótimo acesso, oferece substanciais 478 litros de capacidade com os cinco lugares montados em sua carroceria hatch, podendo atingir um máximo de 1.245 litros estando o banco traseiro rebatido.
O nível de qualidade geral se deve mais ao rigor da montagem do que à nobreza dos materiais utilizados no habitáculo. O novo Civic faz jus à tradição dos fabricantes nipônicos de combinarem alguns plásticos macios com outros bem mais duros. Em compensação, o painel de instrumentos é bem completo e legível, o sistema de carregamento por indução para celulares é um argumento a se levar em conta e a posição de condução é excelente, com bancos dianteiros com bom apoio lateral.
O volante multifuncional é repleto de comandos, mas sua lógica de funcionamento nem sempre é a mais evidente. A central multimídia, apesar de ter todas as funcionalidades exigidas na categoria dos médios, merecia um grafismo mais evoluído e, principalmente, um acesso mais rápido e fácil a diversas funções, para facilitar sua operação durante a condução. Sobre o motor 1.0 turbo, vale frisar que é suficientemente suave e silencioso e prima pela resposta pronta em praticamente todas as faixas de rotação.
Porém, ganha mesmo outro fôlego a partir do regime de torque máximo, pouco acima dos 2 mil giros. A caixa de velocidades é rápida, precisa e de curso curto. O resultado é uma direção fácil na cidade e bastante agradável na estrada, em função do comportamento respeitável quando se adotam ritmos mais intensos.