Despertar o interesse e o paladar das crianças para uma alimentação saudável nem sempre é tarefa fácil, mas o projeto “Horta nas Escolas” tem trabalhado para mudar essa realidade. E mais do que promover o bem-estar físico, a iniciativa propõe o ensino sobre educação ambiental, sustentabilidade e coloca os pequenos em contato direto com a terra. Estudante da Faculdade de Gestão Ambiental, Tutmés Ronzani, 30 anos, é o idealizador do projeto. “A ideia surgiu por conta da disciplina Educação Ambiental, ministrada pela professora Rachel Zacarias , para a qual fizemos um levantamento que revelou o uso indiscriminado de agrotóxico nas hortas da Zona da Mata.” Ele explica que a realidade da região é reflexo do que acontece no país. “Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cada brasileiro consome, em media, 5,2 litros de agrotóxico por ano.”
A partir de então, Tutmés desenvolveu a proposta de criar hortas em escolas para melhorar a qualidade da alimentação e também contribuir para que os alunos, desde cedo, pudessem se conscientizar sobre educação nutricional, sustentabilidade e meio ambiente. O valor do investimento para a realização do projeto não chega a R$ 40. “O dinheiro é apenas para a compra de sementes, calcário e adubo orgânico. Eu mesmo faço o plantio e manejo, tudo de forma simples para que a escola possa dar continuidade ao trabalho”, explica. “A ideia é conseguir fazer este projeto com um custo zero, principalmente, porque quero levá-lo às escolas públicas.”
A primeira instituição a aderir ao projeto foi a Escola Saber Mágico, no Bairro Borboleta. No local foram criados canteiros para o cultivo de alface, beterraba, rúcula e outros alimentos que são incorporados à merenda das crianças . “Iniciamos o projeto há um mês e já tem sido uma experiência encantadora. Alguns alunos que não gostavam de comer verduras e legumes ficaram mais interessados à medida em que acompanharam e participaram do processo de plantio “, conta a proprietária Jussara Oliveira Tertuliano Clemente.
Segundo ela, em pouco tempo, o “Horta nas Escolas” já trouxe bons resultados. “Estamos muito satisfeitos. Queríamos muito uma iniciativa deste tipo, e o trabalho do Tutmés nos permitiu realizá-la. Hoje temos uma área verde produtiva pela qual todos da escola se sentem responsáveis”, avalia. “As crianças demonstram carinho pelas plantinhas e compreensão da importância do alimento orgânico. Numa linguagem apropriada para elas, estamos repassando estes valores. Promovemos um aprendizado prático de várias áreas de conhecimento, como ciências, geografia, dentre outros.”
Os alunos têm entre um ano e meio e seis anos. Para aguar a horta, a escola criou um sistema de captação de água da chuva. “O que torna o custo com o projeto ainda menor”, destaca Jussara.
Dinâmica
Antes de iniciar o projeto, Tutmés realiza uma visita técnica à instituição para avaliar o espaço, o tipo de solo, a profundidade e saber quais alimentos há o interesse de serem cultivados. Nos primeiros 40 dias do projeto, ele ministra um curso prático para que alunos e funcionários da escola possam gerenciar a própria horta. “Como é um projeto de Educação Ambiental, existe uma integração mútua para que todos possam compreender a importância do manejo sustentável”, explica. Após esta etapa, ele monitora os resultados a cada três meses.
Participação
A instituições interessadas podem entrar em contato pelo e-mail tuttmes88@gmail.com ou Facebook. De acordo com Tutmés, as escolas que não têm espaço para a criação de canteiros também podem aderir ao “Horta nas Escolas”. “Este projeto pode ser adaptado. Podemos construir a horta em caixotes de madeira, em garrafas pet ou em canos de tubulação.”
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