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Juiz-forano inova ao criar sistema para reaproveitar água da chuva

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Quando os filhos ainda eram pequenos, o engenheiro Wadih Garios estava na Argentina e foi lavar os vidros do seu carro usando uma mangueira. Uma atividade até então comum na vida dele, assim como na rotina de muitos brasileiros, mas que foi vista com espanto pelos argentinos. Depois de descobrir que o país substitui a água retirada de mananciais pela água da chuva em algumas tarefas para economizar e preservar o meio ambiente, o empresário começou a repensar o seu consumo. “Foi nesse momento que eu comecei a pensar em criar modelos melhorados para aproveitar a água da chuva.” E assim surgiu o Monjolin, um sistema sustentável e econômico que capta, filtra e reutiliza a água que vem da chuva.

O sistema recebeu o nome de Monjolin por causa de uma antiga máquina hidráulica chamada Monjolo, responsável por descartar e triturar grãos secos através do efeito de gangorra. Parecido com esse modelo, o movimento do filtro adaptável do Monjolin é impulsionado pela água, ocorrendo a separação das impurezas. No final do processo, mais de 95% da água é aproveitada e pode ser usada para lavar pisos, carros, regar plantas e outras atividades. Caso o interesse seja o consumo próprio, a água precisa passar por tratamento com cloro.

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Foram muitos testes até realmente dar certo. A ideia começou a ser elaborada por Wadih nos anos 2000. Com o avanço das notícias sobre mudanças climáticas, o inventor decidiu desenvolver um filtro que colaborasse na redução dos estragos causados por tempestades, ao reaproveitar parte das águas pluviais. A primeira patente foi registrada apenas em 2007. Depois do primeiro teste, Wadih só foi ver o que tinha acontecido com o sistema anos depois e, para a sua surpresa, o filtro ainda estava funcionando.

Hoje, aos 62 anos, o empresário conta com uma equipe de seis pessoas que o ajudam a inovar a todo momento. O clima da empresa é familiar, seus dois filhos Anna e Arthur, que eram crianças na época em que Wadih criou o Monjolin, agora trabalham junto com o pai. Além deles, as ideias surgem do trabalho conjunto com Gabriel Rodrigues, Guilherme Mercês e Dilla Roman, que Wadih considera parte da família. Atualmente, o objetivo da equipe é desenvolver outros projetos para aumentar a capacidade de aproveitamento do sistema.

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Equipamento idealizado pelo engenheiro Wadih Garios capta, filtra e reutiliza água da chuva (Foto: Leonardo Costa)

Filtro consegue aproveitar mais de 95% de água

O percurso da água no sistema começa pelo telhado. A chuva escorre até a calha e entra na tubulação de PVC, onde seria descarregada diretamente na caixa d’água em um modelo padrão, porém, no Monjolin, o filtro que separa as impurezas está localizado no caminho entre a calha e a caixa d’água. O filtro é composto por uma malha de 60 micra (unidade de medida microscópica) que impede a passagem de folhas, insetos e demais resíduos para evitar deterioração de matérias orgânicas dentro da caixa da água. Depois de passar pelo filtro, a água com as impurezas é descartada por um cano e água limpa segue o caminho até o reservatório.

A diferença do filtro Monjolin, explica o empresário, é que ele se adapta de acordo com a intensidade da chuva. Quanto mais chuva, maior é o percentual de aproveitamento e menor o desperdício. A água poderia ser 100% reaproveitada, no entanto, o sistema é feito para retirar 5% do líquido para realizar a autolimpeza do elemento filtrante. “A água armazenada é quase pura, tem apenas uma poeirinha no fundo da caixa d’água, o que facilita para o tratamento na hora de usar para consumo próprio”, afirma Arthur. O produto tem longa duração, podendo funcionar por mais de dez anos. A manutenção é recomendada a cada dois meses e pode ser feita pelo próprio cliente, para manter a alta eficiência do sistema. Os valores do Monjolin variam de R$ 670 a R$ 890.

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Invenção é comercializada em mais de oito países

Embora o produto já esteja sendo comercializado no exterior, em países como Estados Unidos, Canadá, Portugal, Reino Unido, Índia, Singapura, China e Austrália, no Brasil a procura ainda é menor. Arthur acredita que a falta de incentivo ao aproveitamento da água da chuva no país pode estar relacionada com a baixa demanda nacional. Ele observa que outros países têm mais consciência sobre o tema, fazendo com que mais pessoas tenham interesse e acesso a um sistema como o Monjolin.

Em Juiz de Fora, alguns lugares já adotaram a invenção, como é o caso do Moinho, na Zona Norte. O local instalou o Monjolin não para captar água de chuva, mas para recircular a água de um chafariz. “Lá, o sistema gera uma economia de água absurda. Em um evento com duração de nove horas, o Moinho gastava cerca de 53 mil litros de água por dia. Agora com o nosso sistema, três mil litros são descartados, enquanto 50 mil litros são reaproveitados, ou seja, recirculados no sistema de captação da água do chafariz”, explica Gabriel.

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