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Em Juiz de Fora, Bolsonaro abre campanha e discursa no Calçadão da Rua Halfeld

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Quatro anos após ter sido vítima de uma facada desferida por Adelio Bispo de Oliveira, o presidente da República Jair Bolsonaro (PL) retornou, nesta terça-feira (16), ao local do atentado que quase custou sua vida no dia 6 de setembro de 2018. Dessa vez, porém, a visita aconteceu sem maiores transtornos. No local, o agora candidato à reeleição fez seu primeiro ato na campanha, que começou nesta terça. “Estamos dando a largada onde tentaram nos parar em 2018”, afirmou Bolsonaro, que chamou os presentes como “conterrâneos”.

Na abertura de sua campanha, o presidente deu mostras dos discursos que devem pautar sua empreitada pela reeleição. Ele desembarcou no Aeroporto da Serrinha por volta das 10h e, no local, participou de encontro com lideranças evangélicas. Ao sair do local, conversou brevemente com a imprensa e descartou a realização de desfile militar do Dia da Independência, em 7 de setembro, no Rio de Janeiro, como havia sinalizado anteriormente.

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“Teremos um ato cívico. É impossível a tropa desfilar. Não haverá desfile da tropa dia 7 no Rio de Janeiro. Será tudo concentrado em Brasília. Teremos lá (no Rio) um movimento da Marinha na praia e nossa Força Aérea com esquadrilha da fumaça. Artilharia nossa atirando. Estão organizando uma grande motociata no Aterro do Flamengo, passando por Copacabana, em direção ao Leblon. Não vai ter (o desfile militar) porque a previsão é de muita gente na praia. Teremos dificuldades de a tropa se organizar para o desfile. Não pretendo fazer uso da palavra lá”, disse o presidente.

Ainda sobre o 7 de setembro, já no comício, Bolsonaro voltou a convocar seus apoiadores a irem às ruas “pela última vez”. Ao todo, o candidato discursou por aproximadamente onze minutos em cima de um trio elétrico posicionado na esquina das ruas Halfeld com Batista de Oliveira, onde, em setembro de 2018, foi alvejado por uma facada. Em sua fala, ele repetiu discursos adotados nos últimos meses e voltou a fazer críticas à esquerda e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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“O Brasil é uma grande nação, é um grande país, que, até pouco tempo, era roubado pela esquerdalha que estava no poder. O país não quer mais corrupção”, afirmou Bolsonaro aos apoiadores que acompanharam o ato. Em sua fala, Bolsonaro fez apelo à religião e a falas conservadoras que já estavam presentes em sua campanha vitoriosa de 2018, como o discurso contrário a pautas identitárias e ao aborto.

“O país não quer o retrocesso, não quer a volta da ideologia de gênero nas escolas. Somos um país que respeita a vida desde a sua concepção e que não quer se aliar ao comunismo de outros locais do mundo”, disse o candidato.

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O presidente também falou sobre as recentes quedas nos preços dos combustíveis nas últimas semanas. “Nós podemos, cada vez mais, dizer que o nosso país é um país de prosperidade. Podemos comparar o nosso Brasil com outro país do mundo. Ninguém tem o que nós temos. Vocês veem o esforço do Governo para que a nossa inflação diminua e para que os preços dos combustíveis também caiam”, discursou.

Assim como tem sido nas últimas semanas, a primeira-dama Michelle Bolsonaro também teve destaque e discursou logo após o presidente. Uma vez mais, Michelle abordou um tom mais religioso em sua fala e convidou os apoiadores a rezarem o Pai Nosso. Apenas Michelle e o General Braga Neto (PL), candidato a vice na chapa de Bolsonaro, discursaram com a presença do presidente no trio elétrico. Presente no trio elétrico, o candidato de Bolsonaro ao Governo de Minas, o senador Carlos Viana foi saudado pelo presidente, mas não discursou.

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Papel de destaque

A visita do presidente Jair Bolsonaro a Juiz de Fora deu à cidade um papel de destaque no primeiro dia de campanha eleitoral para o primeiro turno das eleições 2022, que começou nesta terça-feira. A escolha por começar a campanha na cidade e discursar no local da facada é simbólica. Desde o atentado, Bolsonaro tem afirmado que, em Juiz de Fora, nasceu pela segunda vez, o que se repetiu nesta terça.

A visita atraiu apoiadores de Bolsonaro que, mais de uma hora antes do horário previsto para a chegada do presidente, já se concentravam no entorno do Aeroporto da Serrinha. Muitos deles eram motociclistas e engrossaram a motociata, que, com a participação do presidente, partiu do aeroporto até o Centro. Após o discurso no Calçadão, que se encerrou por volta das 12h30, o presidente retornou ao aeroporto e decolou em avião da Força Aérea Brasileira por volta das 13h10.

Esta é a segunda vez em que Bolsonaro visita Juiz de Fora desde o atentado. A primeira aconteceu há pouco mais de um mês, no dia 15 de julho. Na ocasião, a passagem do presidente pela cidade também teve um roteiro similar, uma vez que ele também desembarcou no Serrinha e, de lá, partiu em motociata pelas ruas da cidade, até o 2º Batalhão de Polícia Militar, no Bairro Santa Terezinha. Em seguida, Bolsonaro ainda participou de um encontro de lideranças evangélicas e visitou a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, hospital em que, em setembro de 2018, foi socorrido e operado após a facada.

Na agenda desta terça-feira, uma nova visita à Santa Casa voltou a ser especulada, mas acabou descartada na segunda-feira. Isso porque o presidente abreviou a passagem pela cidade, para embarcar para Brasília a tempo de participar da posse de Alexandre de Moraes, ministro do Superior Tribunal Federal (STF), como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em solenidade marcada para as 19h.

Espera pelo presidente começou cedo

A concentração dos apoiadores no Centro começou cedo. Por volta das 10h, o Calçadão da Rua Halfeld já estava tomado por ambulantes e partidários vestidos de verde e amarelo. Até o fechamento da reportagem, a organização do evento não divulgou estimativa de público no comício.

A Polícia Militar não registrou nenhuma ocorrência relacionada à passagem do candidato pelo Centro. Já no final do discurso, uma das apoiadoras passou mal e precisou ser resgatada pela ambulância de uma empresa privada que estava no local. Segundo o Samu, as equipes não foram acionadas para nenhuma outra ocorrência.

A Tribuna esteve no Calçadão e não identificou nenhuma manifestação de oposição. Além de adereços estampando a bandeira do Brasil e o rosto de Bolsonaro, alguns ambulantes carregavam imagens do ex-presidente e também candidato, Lula, com dizeres, como “eu sou ladrão e corrupto”.

A reportagem entrou em contato com alguns ambulantes e, de acordo com eles, a venda de adereços bolsonaristas estava boa. Os preços das bandeiras do Brasil variavam de R$ 20 a R$ 150. Camisetas com os dizeres da campanha podiam ser adquiridas, em média, por R$ 40. Muitos ambulantes afirmaram ter vindo de outros estados para acompanhar o atual presidente. Um deles, ouvido pela Tribuna, vinha de São Paulo e afirmou estar preparado para seguir Bolsonaro durante toda a campanha.

Antes da chegada de Bolsonaro ao Calçadão, a expectativa dos apoiadores era alta. Além das músicas da campanha, o som de buzinas e vuvuzelas ambientava a espera pelo candidato. Duas senhoras, que conversaram com a reportagem, afirmaram estar com boas expectativas para as eleições de outubro. “Se não tiver nenhum problema com as urnas, ele ganha de novo”, afirmou. A confiabilidade das urnas eletrônicas, no entanto, foi reforçada pela própria Justiça Eleitoral, que já divulgou as medidas adotadas para garantir a segurança e a transparência do processo eleitoral.

A Tribuna também abordou duas jovens que participavam do comício. Naturais do estado do Rio de Janeiro, elas moram em Juiz de Fora e cursam Medicina. Segundo as universitárias, elas já participaram de outros eventos em prol da reeleição de Bolsonaro. Na opinião delas, o candidato escolheu Juiz de Fora por ter sido a cidade na qual ele “renasceu” após a facada ocorrida em 2018. Outras pessoas ouvidas pela Tribuna também reforçaram a ideia de que o candidato teria escolhido a cidade por conta deste “renascimento”.

Por volta das 13h, com a saída do candidato, a concentração se dispersou, sem transtornos.

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