Pré-candidato ao Governo de Minas, o ex-deputado federal juiz-forano Marcus Pestana (PSDB) foi o entrevistado desta terça-feira (12) na série de sabatinas realizada pelas equipes da Tribuna e da Rádio Transamérica Juiz de Fora com os postulantes ao Palácio da Liberdade. O tucano falou sobre temas diversos. Entre os destaques, em contrapartida ao discurso do governador Romeu Zema (Novo), pré-candidato à reeleição, Pestana disse que a situação financeira de Minas é delicada. Ex-secretário de Estado de Saúde quando do anúncio da construção do Hospital Regional de Juiz de Fora, ele falou ainda que a unidade hospitalar já “deveria estar pronta”.
“No caso do Hospital Regional de Urgência e Emergência de Juiz de Fora, fui eu que assinei o primeiro convênio, um mês e meio antes de sair da secretaria. Eu arrumei o recurso para o terreno, para o projeto e para a obra. Não faltava dinheiro para a obra. Tiveram problemas operacionais, pois quem conduzia a obra era a Prefeitura. Mas já deveria estar pronto”, afirmou o pré-candidato. Ainda sobre o mesmo tema, Pestana considerou que sua trajetória na Secretaria de Estado de Saúde, função que exerceu durante o segundo mandato do ex-governador Aécio Neves (PSDB), entre 2007 e 2010, baliza qual será sua atuação caso chegue ao Governo.
“A maior testemunha do que eu irei fazer é tudo o que eu fiz. As UPAs estão aí; a obra no Morro da Glória está aí; o Palácio de Saúde reformado e revitalizado está aí; e tantas obras que foram feitas (…). Os seis últimos hospitais entregues à população em Minas Gerais fui eu que lancei. Tem seis parados”, considera o tucano. Assim, com relação ao Hospital Regional de Juiz de Fora, Pestana foi taxativo. “Meu compromisso é concluir e o hospital ficar à disposição da população da Zona da Mata e de Juiz de Fora.”
Situação econômica
Durante a entrevista, o pré-candidato ao Governo disse estar muito preocupado com a situação financeira do estado. “Minas é devedora. Está numa situação delicada. Os chamados restos a pagar, que são dívidas de curto prazo e convênios com prefeituras e hospitais, por exemplo, têm duas vezes o tamanho de um orçamento anual. Foram acumulados, principalmente, no governo do time do Kalil (Alexandre Kalil, pré-candidato ao Governo de Minas pelo PSD), do PT”, considerou.
Neste ponto, fez críticas ao atual Governo e defende a necessidade de ajustes mais estruturais. “O Zema, na verdade, não fez um ajuste profundo. Ele melhorou a gestão de caixa em relação à herança que ele recebeu, mas ele só está pagando as contas em dia. Pagar as contas em dia é obrigação”, disse, ao defender as experiências do PSDB em Minas e em outros estados, como o Rio Grande do Sul.
“O governador Eduardo Leite fez as reformas profundas, previdenciária, administrativa e privatizou estatais desnecessárias. Fez reforma tributária. Em Minas, nada disso ocorreu de forma profunda. Foi só a suspensão do pagamento das parcelas da dívida e a inflação. É importante saber que a inflação é uma tragédia para a população, mas os governos são sócios da inflação. Como os preços crescem, os impostos crescem junto”, afirmou.
Desta forma, o ex-deputado avalia que o respiro financeiro que permitiu o atual governador colocar contas em dia se deu por fatores excepcionais, citando, principalmente, a decisão do STF que autorizou a suspensão do pagamento da dívida do Estado com a União. “A folga de caixa de agora, no final de 2021 e início de 2022, foi por causa da inflação e pelo não pagamento da dívida. Então é preciso experiência e diálogo. Sem diálogo não se aprova nada na Assembleia”, disse, ao defender que é necessário experiência para gerir o Estado.
“Na vida é assim. O Paulinho da Viola tem jeito para tocar cavaquinho e violão. O Neymar, para jogar futebol. O Zema, para vender móvel, combustível, juro alto… O Kalil era empreiteiro. Eu sou um homem público, um gestor. Sou treinado, com minha experiência de 40 anos, para lidar com a administração pública. Isso não é para amador. A situação é gravíssima”, avaliou.
Pré-candidatura defende legado do PSDB à frente do Estado
O ex-deputado defendeu que sua pré-candidatura foi formada a partir de anseios internos do PSDB e apelo de lideranças políticas sobre a necessidade de se defender o legado do partido, que, nas últimas décadas, já governou o estado por 16 anos, nos mandatos dos ex-governadores Eduardo Azeredo, Aécio Neves e Antonio Anastasia. “O PSDB tem uma longa história em Minas Gerais. Em 16 anos, dos 34 anos de nossa existência, nós lideramos o Palácio da Liberdade. Temos um legado. Também havia uma insatisfação com a polarização posta em Minas Gerais, entre o atual governador Zema e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Kalil”, defendeu Pestana.
Desta forma, Pestana afirma que, durante a campanha, vai propor que a população faça uma comparação entre os projetos colocados como opção para o Governo de Minas. “Eleição é escolha. É comparação. A minha candidatura reflete uma história pessoal e um legado coletivo dos governos do PSDB. Há distinções claras na capacidade de diálogo e nas realizações feitas durante os governos, na comparação de legados e no compromisso com a democracia”, considera o pré-candidato do PSDB.
‘Sou um homem público’
Além de projeto políticos e partidários, Marcus Pestana ainda defende que há diferenças nas biografias públicas e políticas dos principais candidatos envolvidos na disputa pelo Governo de Minas, sempre se referindo, principalmente, a dois de seus adversários: o governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). Assim, considerou que a pré-candidatura do senador Carlos Viana (PL) ainda busca se viabilizar. “O Viana ainda não se colocou concretamente como candidato. Vai depender do entendimento entre o governador Zema e o presidente Bolsonaro. Esse jogo não está claro. Na verdade, hoje existem três candidaturas principais colocadas, que é a do governador Zema, do prefeito Kalil e a minha”, avalia o tucano.
Assim, Pestana considera que existe uma “diferença fundamental” entre ele e seus adversários. “O Zema e o Kalil eram empresários. Tiveram uma vida toda focada nas suas empresas e no mundo privado. Sempre motivados pelo lucro, pelos resultados de suas empresas. Isso é legítimo. É a regra do capitalismo. Um (Zema) entrou na vida pública há quatro anos; Kalil, há seis.” Para o pré-candidato do PSDB, as carreiras políticas de Zema e Kalil, mais recentes, foram construídas em um discurso pautado pela negação da política.
“Os dois são frutos da mesma árvore: a antipolítica. Eu não. Eu sou um homem público. Vocês me conhecem bem, assim como a região toda da Zona da Mata e das Vertentes. Particularmente Juiz de Fora, onde eu nasci e fiz toda minha formação educacional e universitária. Eu me tornei vereador com 22 anos, há 40 anos. Estou com 62. Então, essa é uma diferenciação fundamental”, afirma Pestana.
O ex-deputado diz ainda que é “o único dos candidatos que foi há mais de 550 municípios mineiros”. “Eu sou o único candidato que tem uma placa de obra em cada um dos 853 municípios mineiros. É só ver na Zona da Mata e em Juiz de Fora, o que nós fizemos”, disse, citando a parceria para o atendimento público na Maternidade Hospital Therezinha de Jesus, o Consórcio intermunicipal Acispes, e as UPAs de Santa Luzia e São Pedro.
Para tucano, adversários têm dificuldades de diálogo
Para o ex-deputado Marcus Pestana, sua experiência na vida pública lhe garante ampla capacidade de diálogo, após desenvolver atividades tanto no Executivo como no Legislativo. “São legados dessa experiência política de ter sido secretário de planejamento, secretário de saúde.” Para ele, falta essa mesma capacidade de diálogo a seus adversários. “Eles ficaram a vida toda focados nos negócios privados, e eu sempre cuidando daquilo que é público, do que é coletivo, do que é comunitário. Em vez de blábláblá na internet, eu vou mostrar resultados, como os royalties do minério, que eu relatei no Congresso. Não tem velha ou nova política. Tem boa e má política. Eu tenho mais experiência para governar Minas”, disparou o tucano.
Assim, Pestana sinalizou que irá apostar em sua biografia pública durante o processo eleitoral. “Fui coordenador da campanha das Diretas; fui diretor do Comitê Brasileiro de Anistia; fui coordenador do comitê por uma Constituinte livre e soberana; fui coordenador da campanha pelo impeachment do Collor em Juiz de Fora, na Zona da Mata. O Kalil tem 63 anos; eu tenho 62; e Zema, 58. Então, pergunto: quando o povo estava lutando pela liberdade e a democracia, onde estavam eles?”, questionou.