Eu gosto de uma história bem contada. Gosto de seguir o trajeto que o narrador vai construindo. Gosto de imaginar e de criar uma fisionomia e um figurino para os personagens. Gosto de viver a história. E foi isso o que aconteceu na última sexta-feira quando iniciei a leitura de “As mãos ásperas” (Patuá, 148 páginas), do escritor de Cataguases e professor de Literatura Portuguesa, da Universidade Federal de Juiz de Fora, Marcos Vinicius Ferreira de Oliveira. Nessa nova incursão pelo gênero conto, o autor traz seis narrativas ambientadas entre sua cidade natal e Vista alegre, mesclando referências reais e inventadas. Entrega para nós, leitores, textos que nos fazem refletir sobre a realidade que nos cerca.
No primeiro texto, conheço Ana, a protagonista de “Ofélia”. Ela está de volta a Cataguases depois de ter tentado a vida de atriz no Rio de Janeiro. Da varanda de um prédio vê a cidade. Tem, diante de si, as águas do Rio Pomba. Algumas pessoas retornam dos bares da Av. Astolfo Dutra; outras deixam a Igreja Santa Rita depois da missa de domingo. Ana não foi feliz na capital fluminense. É uma boa atriz, mas essa qualidade não é suficiente para ser escalada para os grandes papéis. É negra e sofre discriminação por causa da cor de sua pele. “Ora, não é que a negra hoje está tão bonita. Até parece ter nascido branca”, disparou um personagem. “E, além do mais, amiga, você é negra. Negra, ouviu. Negra”, afirmou outro. Quando menina, ela quis ser Ofélia. Fazia teatro na escola. “Senhor Sampaio, sua filha é muito talentosa”. Mas arrancaram dela o sonho. “Olha, menina, não sei o que disseram a você lá de onde você veio, mas, no meu mundo, acho que no mundo inteiro, Ofélia é branca. Branca, ouviu? Branca. Cor da neve. Já viu neve preta?”
Outros personagens, tendo à frente estreitos horizontes e obrigados a lutar contra as severas imposições de suas trajetórias, transitam pelas narrativas. “Nelas, pessoas muito comuns vivem vidas muito comuns. E, por isso, merecem atenção, pois o comum ali são o preconceito, as interdições e as injustiças. Essas coisas serem comuns diz muito sobre nossa tragédia cotidiana”, adianta o autor, confessando que, em “As mãos ásperas”, teve “menos receio de abrir feridas, de mexer no material indesejável delas.” Acredita que tenha rompido com algumas amarras que o deixavam pouco confortável para tratar de certos temas.
“O que temos aqui são protagonistas vivendo sua realidade de limbo, de ruínas emocionais, enovelados em camisas-de-força e conduzidos a becos-sem-saídas. Não há como escapar aos paradoxos nesse tempo-lugar sem qualquer expectativa, metáfora da própria condição individual”, assevera, na apresentação da publicação, o crítico e escritor Ronaldo Cagiano.
Marcos Vinicius estreou na ficção com o livro de contos “Uma outra forma de tirania” (7Letras), no ano de 2006. Em 2011, lançou a novela “E se estivesse escuro” (7Letras). Fez uma pausa na ficção. Em 2013, publicou o ensaio “Tecido em ruínas – Fabricação e corrosão das Catraguases no Inferno Provisório de Luiz Ruffato”. Comecei este texto dizendo que gosto de uma história bem contada. As narrativas bem escritas me prendem e fico imaginando cada passo dado pelos personagens. Caminhei com eles por Cataguases e Vista Alegre. E não é que, em sua primeira resposta para esta entrevista, Marcos Vinicius transportou-me para sua vida de menino, e não resisti. Segui com ele pelo caminho de jornais feito por sua mãe.
Marisa Loures – Desde seu primeiro livro, a memória tem sido matéria essencial para sua literatura. Começo, portanto, pela sua memória de leitor e escritor. Quem foi responsável pela sua formação leitora? E por que escrever?
Marcos Vinicius – Quando eu era criança, minha mãe encerava a casa e fazia um caminho com jornais para preservar o piso, contra a poeira da rua. Minha maior diversão era ficar deitado sobre as folhas do jornal, tentando adivinhar o significado das palavras. Eu ainda não sabia ler, mas gostava de escutar o som das palavras. Pedia para a minha mãe ler, para que eu ouvisse o som das palavras e imitasse depois, como se eu mesmo estivesse lendo. Quando fui para a escola, por coincidência, ganhei de presente da professora “O Livro dos papagaios”. Meu pai foi escriturário e depois agente de Estação da Rede Ferroviária. Por ter que estar sempre escrevendo, ele comprava tudo quanto era enciclopédia e dicionário que os antigos vendedores de livros que passavam de porta em porta ofereciam. Quando aprendi a ler, passava um tempão perto da pequena estante que a gente tinha em casa, brincando de saber quantas palavras eu conhecia. Um dia, descobri que, além dos dicionários e enciclopédias, meu pai tinha um exemplar de “O Conde de Monte Cristo”, do Alexandre Dumas. Fiquei emocionado com aquela história, com aquelas personagens, me identifiquei com o Edmond Dantès, com a sua história de injustiça e redenção. Aquilo, de algum modo, parecia ter a ver comigo, com o jeito como eu me via no mundo. Depois, quando eu tinha uns 9 ou 10 anos, passando férias na casa da minha avó, no distrito de Vista Alegre, tinha uma senhora que morava no Rio de Janeiro e tinha uma casa para também passar férias lá. Sempre que ela vinha do Rio, trazia caixas de livros para doar. As caixas ficavam guardadas na casa de uma tia minha. Um dia, minha tia disse que eu podia escolher um dos livros, se quisesse. Achei um exemplar de “Alice no país das maravilhas”, do Lewis Carrol. Essas foram experiências muito marcantes para mim. Quando penso em responder por que escrevo, acho que é porque, na minha toca do coelho, sinto que posso gritar contra as injustiças e contra a sordidez do mundo.
– O livro traz referências inventadas e reais. Leio a narrativa e reconheço os pontos de Cataguases que você cita. O que é ficção e o que é realidade nessa obra? Os personagens são pessoas reais que cruzaram seu caminho?
– Essa fronteira entre ficção e realidade não me interessa muito romper. Gosto de pensar que opero num limite tênue entre ambas. Aproveitando um pouco do real para transfigurá-lo. Gosto de pensar que tenho um compromisso com um real referencial, porque ele contém muito do que eu sou, do material que me formou como observador do mundo. É mais ou menos como quando o Drummond diz no “Confidência do Itabirano”. “Alguns anos vivi em Itabira/ Mas, principalmente/ Nasci em Itabira/ por isso sou triste, orgulhoso, de ferro”. É a consciência do lugar de origem, das suas consequências, das quais é muito difícil de fugir. Não sou um sujeito cosmopolita. Nunca fui. Apesar de haver morado um tempo em algumas capitais do país, sou um interiorano que pensa, age e sente como interiorano. Minhas personagens não fogem do alcance dessa equação. Gostaria de poder me encontrar com algumas delas na rua. Mas só com algumas delas. Da maior parte delas, no entanto, eu gostaria mesmo é de manter grande distância.
“Escrevo porque não me conformo, porque nunca me senti confortável no mundo. Escrevo porque não compactuo com as linhas que o destino insiste em traçar sem consultar ninguém. Escrevo porque tenho necessidade de expressar minha revolta contra as hipocrisias, as mesquinharias, os fascismos disfarçados que andam de mãos dadas com os poderes constituídos por aí afora.”
– Na apresentação do livro, o escritor e crítico Ronaldo Cagiano destacou que você traz “protagonistas vivendo sua realidade de limbo, de ruínas emocionais, enovelados em camisas-de-força e conduzidos a becos-sem-saídas.” Encerrou o texto, fazendo uma citação de Albert Camus: “O escritor não pode se colocar a serviço daqueles que fazem a História; ele está a serviço daqueles que a sofrem.”. Essa questão levantada por Ronaldo é uma constante em seu trabalho de escritor?
– Muito generosa essa citação do Ronaldo Cagiano. Ele é uma pessoa bastante generosa, aliás. Eu ficaria imensamente frustrado se meus livros forem algum dia identificados com alguma reiteração ou reforço das estratégias de manutenção dos poderes opressivos. Escrevo porque não me conformo, porque nunca me senti confortável no mundo. Escrevo porque não compactuo com as linhas que o destino insiste em traçar sem consultar ninguém. Escrevo porque tenho necessidade de expressar minha revolta contra as hipocrisias, as mesquinharias, os fascismos disfarçados que andam de mãos dadas com os poderes constituídos por aí afora. Mas, sou da opinião de que panfleto serve bem para campanhas. Nessas campanhas, o indivíduo sempre é sacrificado em nome dos enganos massivos. Panfleto não serve para literatura. Gosto de pensar que tenho liberdade de escolha e que respeito as escolhas dos outros. Ter compromisso com algumas verdades pessoais ou coletivas não me confere o direito de fazer proselitismo de qualquer tipo. Penso que é preciso respeitar as pessoas, respeitar o leitor. Se você se propõe a fazer literatura, tem que saber que a literatura lida mal com a falsidade. Embora ela dependa em grande medida da imaginação, ela suporta mal a mentira. É inaceitável que o escritor minta para o leitor. Se me coloco ao lado “dos que sofrem a História” é porque acredito que esse seja o meu lado, o lado que me identifica como pessoa, como escritor, como sujeito da minha própria história. Se não fosse assim, teria que fazer outro tipo de literatura. E eu não teria nenhum problema em assumir esse outro tipo, se, é claro, ele fosse a minha forma mais genuína de expressão.
– Para quem conhece Cataguases, é curioso ler seu texto, pois vamos imaginando tudo o que o narrador vai contado. Vejo, nitidamente, as pessoas retornando dos bares da Av. Astolfo Dutra e os fieis saindo da Igreja Santa Rita nas missas de domingo. Em entrevista para O Estado de Minas, Luiz Ruffato declarou que, para ele, “Cataguases não é uma espécie de quadrilátero ferrífero onde aporto apenas para retirar matéria-prima.” De que forma sua cidade natal e as experiências vividas lá são importantes para a sua literatura?
– Diferentemente do Ruffato, que mora há bastante tempo em São Paulo, eu continuo morando em Cataguases. Portanto, nossas perspectivas, embora tenham muito em comum, se distanciam num aspecto fundamental. Na obra dele, a cidade é um lugar para o qual a volta é sempre impossível, porque só pode se dar como movimento de tensão entre o “deslocamento” das personagens no presente e o passado delas, perdido para sempre nos labirintos da memória. No meu caso, obviamente não querendo estabelecer qualquer comparação qualitativa entre a consagrada obra dele e os meus esforços em fazer ficção, a cidade é o espaço do presente, é o espaço que conspira contra o presente, inviabilizando esse presente e, consequentemente, o futuro das personagens. A personagem Ana, do conto “Ofélia”, por exemplo, se estabelece temporariamente no Rio. Quando ela tem que retornar a Cataguases, a cidade é a mesma que ela havia deixado para trás. Ela mudou, mas a cidade que ela encontra não. Nas histórias do Ruffato, quando as personagens saem de Cataguases, elas nunca mais conseguem retornar, mesmo que voltem para cá, a cidade delas não existe mais.
“As novelas, os programas de auditório, mais parecem produzidos em países nórdicos do que num país cuja população escravizada chegou a representar mais da metade. Sei perfeitamente que a ficção não vai poder mudar essa realidade, mas acho que a ficção pode ajudar a desnudar essa mecânica perversa das interdições e do racismo como arma de poder dos discursos hegemônicos.”
– Por falar na Ana, personagem do conto “Ofélia”, ela é negra. Quis ser Ofélia, mas jogam na cara dela que Ofélia é branca. Também sofreu discriminação por causa da cor de sua pele quando estava no Rio. “E, além do mais, amiga, você é negra. Negra, ouviu. Negra.” Acredita que, ao tocar em questões como essa, que mostram que o preconceito racial, infelizmente, ainda é muito presente no Brasil, a ficção pode colaborar para mudar esse cenário?
– A personagem Ana quer se ver contemplada pelas representações que a cultura ocidental consagrou. E não quer que essas mesmas representações impeçam seu trabalho de atriz. A certa altura do conto, ela indaga: “Por que Ofélia não pode ser negra?”. E a reposta que dão a ela é: “Porque não pode”. Ora, isso não é uma resposta. É somente uma forma de querer que pareça natural uma interdição, que pode ser facilmente reconhecida como uma construção tradicional, histórica e culturalmente aceita como tal. Essa interdição quer fazer parecer que o problema é ela ser negra e, por ser uma mulher negra, ela não possui direito à subjetividade. Por isso, os papeis que lhe são oferecidos e o modo como ela é tratada ao longo da narrativa. Ela possui talento e capacidade técnica para o papel. No entanto, dizem a ela que “Ofélia é branca porque é branca”. Coincidentemente, vemos hoje, mundo afora, a explosão de movimentos que procuram combater o racismo. Fico impressionado quando vejo algumas pessoas dizerem que “não existe racismo no Brasil”. Como não? Para ficarmos somente no campo da literatura, é inadmissível que num país como o nosso, tanto os escritores quanto a maioria esmagadora das personagens sejam hegemonicamente brancos. Se formos para o campo do entretenimento, a questão fica ainda mais evidente. Nossa televisão, que existe desde a década de 1950, só agora tem apresentadores e apresentadoras não-brancas. As novelas, os programas de auditório, mais parecem produzidos em países nórdicos do que num país cuja população escravizada chegou a representar mais da metade. Sei perfeitamente que a ficção não vai poder mudar essa realidade, mas acho que a ficção pode ajudar a desnudar essa mecânica perversa das interdições e do racismo como arma de poder dos discursos hegemônicos.
– Já ouvi de escritores que o próprio livro escolhe em qual gênero quer nascer. Por que escolheu o gênero conto para contar essas histórias?
– Não sou muito bom em planejar as histórias que escrevo. Então, acho que tendo a concordar com quem diz que é o próprio livro o responsável por definir o seu gênero. Por outro lado, tenho uma enorme predileção pela narrativa curta. Aquela que, como disse o Cortázar, usando metáfora das lutas de boxe, “vence por nocaute”. Gosto das histórias nas quais a situação crítica se mantém em voltagem alta. Mas, obviamente, é preciso reconhecer o talento dos escritores que mantêm a atenção do leitor por muitas páginas mesmo quando a matéria da ficção recomendaria apenas um parágrafo.
– Você fez sua estreia na ficção com um livro de contos em 2006. Depois, publicou uma novela em 2011. Do lançamento dessa novela para esse novo livro – “As mãos ásperas” – são 9 anos. Nesse período, publicou um ensaio sobre o projeto literário “inferno provisório”, do Luiz Ruffato. Por que a pausa na ficção?
– Eu não via muita razão para publicar ficção. Continuei a escrever nesse tempo todo, mas não considerei publicar. Não gostava de nada do que eu estava escrevendo. Não me sentia muito seguro com os rumos que as histórias estavam tomando. Então tomei a decisão de voltar a publicar somente quando tivesse algo que me agradasse, que, como leitor, eu gostasse de ler. A primeira versão de “As mãos ásperas” ficou pronta em 2017. De lá para cá, escrevi “Ofélia” e “A história do goleiro Capiva”. Então, no final de 2019, eu achei que o livro estava finalmente pronto para ser submetido a uma editora.
– O que espera provocar no leitor com “As mãos ásperas”?
– Só posso desejar que as pessoas leiam “As mãos ásperas”. Modestamente, se, por acaso, eu tiver leitores, gostaria que eles experimentassem na leitura o mesmo sincero prazer que tive em conceber essas histórias.
“As mãos ásperas”
Autor: Marcos Vinicius Ferreira de Oliveira
Editora: Patuá, 148 páginas
Disponível para venda no site da editora Patuá.
Trecho do conto “As mãos ásperas”
Por Marcos Vinicius Ferreira de Oliveira
“O que temos aqui?”. Infecção. Bastava o movimento trivial. A dor, insuportável. “O que temos aqui, deixe ver”. A respiração adiposa me chegando, ao rosto, junto à cabeleira grisalha. O dentista apoiando suas luvas de borracha, esticando os meus lábios grossos, iluminando toda a cavidade da boca, como se manejasse um farol. Daí em diante, olhos fixos, no teto, corpo experimentando uma rigidez defensiva, de concreto armado, nem percebo quantos arranjos ele fez, habilidoso, até a confirmação do óbvio diagnóstico: “Infeccionado, muito infeccionado”. A naturalidade desajeitada, o grosso nariz, inspirando, para a energia do golpe, insinuante, de novo, luz para a sombra da cavidade, latejante. Certeza: “Um quadro delicado”.
As decisões, quando muito adiadas, costumam dar queixas aos impulsos, resultando em assinaturas nervosas, acordos mal alinhavados, colhidos os termos ao longo das noites do pouco sono. O que era um molar? Um corpo indesejado, talvez, garrancho contaminando, ruínas. Embora os passos do trajeto possam desaparecer, na superfície rugosa das consequências, paradoxos esquisitos, são como socos, dados por um pugilista profissional. Abrem fendas na inércia. Então a criança medrosa ressurge, suando frio, requintes de lêndeas, em profusão, no cabelo crespo, fugas aos banhos gelados, as esquivas de gabinetes como aquele, de paredes brancas, as cáries contrariando a impaciência da tia. Tudo tornando, afinal, pronunciado, como se desabafo fosse: “Sempre tive medo de dentista, doutor”. E a resposta, a imersão no passado, feita em um risco de bordado: “Bobagem. Não vai incomodar quase nada”.
A manhã, nuvens cimento, lâminas, afiadas mais que o ar-condicionado, mais que o metal na carne molhada, dilacerada pelas palavras: “os escritos de alguns homens de História contam detalhes dos modos nada sofisticados da tortura”. Não ouvia, eclipsado, lancinado, tanto, a dor espraiando seus domínios. “Será mesmo assim tão sádica a natureza humana?”, prosseguia. “Certa feita, li que a tortura não é desumana, porque a desumanidade não está entre nós. Acho que era um filósofo, não sei bem ao certo. Para ele, veja você, a tortura constitui simplesmente um crime, horroroso, mas um crime. Crime. Só isso. E o torturador é só um criminoso vulgar. A tortura faz o torturador, acho que eram mais ou menos estes os termos. A minha memória já não anda lá para essas coisas”. Enquanto fustigava o meu nervo doente, arfando, contorcendo a cabeleira grisalha, deixando-me à deriva, enveredando pela mecânica dos procedimentos, a extração de informações, o frio dos nervos resistindo ao poder de degradar, o dentista insistia, com dificuldade, ajeitando-se a intervalos regulares: “O curioso disto é a imposição do terror, pelo que o torturador sempre diz estar combatendo”.