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É impossível ser feliz sozinho

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Antônio Carlos Jobim sabia das coisas quando poetizou a frase que escolhi como título para dar continuidade ao tema da semana passada, quando escrevi que deveríamos agradecer pelo resultado das urnas no último dia 2 de outubro por ter evidenciado o tamanho do buraco onde estamos metidos. A mentalidade que fez o Brasil adotar o sistema de escravidão de negros por mais de 300 anos ainda reina absoluta, agravada agora pelo ímpeto de escravizar mais gente, independentemente de raça, religião, gênero, classe social, origem, sexualidade, peso, altura, idade… Claro. Para o mal não há limite.

Tudo porque insistimos em nos manter “seguros” em um sistema de crenças, baseado no medo, no ódio ao diferente, na ideia de que somos independentes uns dos outros e que uns merecem e sabem mais, que vem determinando o modo como as relações de poder se estruturam no Brasil, quiçá no mundo. A questão é que o Universo no qual todos estamos e pertencemos tem suas próprias leis.

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Uma delas é a do movimento constante e parar ou tentar refrear essa dinâmica é agir contra si mesmo, contra a própria humanidade, afinal somos parte deste todo. “Tudo o que você faz um dia volta pra você”, canta Zélia Duncan em “Bumerangue”, em uma clara referência à Lei Universal do Retorno. Se não concorda, experimente fazer com maestria e amorosidade o que você pode e sabe com os recursos que tem em mãos agora, neste exato momento, mesmo sendo pobre, preto, rico, branco, homem, jovem, mulher, idoso…

Não demora muito e a colheita chega fartamente. Quanto mais se pratica a excelência individual, tendo o direito do outro como inspiração e limite, menos tempo há que se esperar pelos resultados, porque estamos em um contexto de prosperidade e abundância. Ainda temos terras de sobra para compartilhar, ar puro e água doce que são condicionantes essenciais à nossa sobrevivência no planeta. Entretanto, as mudanças climáticas não são filme de ficção, infelizmente. Em breve, talvez nem isso tenhamos, mas vamos deixar esse tema para outra oportunidade e nos concentrar no toma lá dá cá.

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Baseado na lógica universal do retorno, podemos perder qualquer necessidade de julgar os outros. Cada um recebe o que planta no tempo certo para sua evolução como gente. Portanto, não precisamos nos preocupar em fazer justiça com as próprias mãos ou com palavras de ódio e calúnia, até porque é a verdade que liberta. O Universo sabe cuidar disso muito mais assertivamente. Quando a barra pesa no geral, aparecem novidades, como a pandemia de Covid-19, para sinalizar que algo fugiu ao controle do livre arbítrio (escolhas individuais e coletivas) e desequilibrou a dinâmica da existência. Não tem mistério e nem castigo. É só a lógica de quem está em constante transformação e movimento e não vai parar só para satisfazer o ego dos humanos. Além de nós, há outros tipos de vida coexistindo, a exemplo dos animais, das plantas e do reino mineral.

A partir desta compreensão, gostaria de compartilhar a sabedoria contida em um livro bem fininho intitulado “Os quatro compromissos – Um guia prático para a liberdade pessoal”. Sua leitura faz com que percebamos os evidentes, mas nem sempre visíveis a olhos desavisados, limites da Matrix (exatamente como no filme) que nos aprisiona indistintamente. Enquanto estivermos presos ao sistema de crenças que exclui, discrimina, faz vítimas e, portanto, vai de encontro ao princípio universal da abundância e interdependência entre os seres, pior para nós que somos chamados à constante evolução da consciência.

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Autor do livro, Don Miguel Ruiz, propagador da sabedoria tolteca identificada há milhares de anos no Sul do México, descreve, didaticamente, quatro atitudes que nos livra da dominação cega e nos impede de viver nossa máxima potencialidade humana. Talvez algumas pessoas mais apegadas à “Síndrome da Gabriela” (… Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim) tenham mais dificuldade para exercitar “Os Quatro Compromissos”. Ainda assim, vale muito a pena tentar.

“Nossa imagem de perfeição é o motivo pelo qual rejeitamos a nós mesmos; é por isso que não nos aceitamos da maneira que somos e não aceitamos os outros da forma que são”, alerta Don Ruiz. Essa também é uma forma de compreender a fundo o verso de Antônio Carlos Jobim. A felicidade é uma decisão pessoal, intransferível. Quem a cultiva, porém, nunca se sente sozinho. Está sempre em ótima companhia.

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PRIMEIRO COMPROMISSO

Seja impecável com sua palavra

As palavras possuem um poder imenso e, por isso, devem ser empregadas sem leviandade e, sobretudo, para promover a harmonia. Preste atenção no que diz, por exemplo, aos seus filhos, sobrinhos, às crianças. O que disser poderá marcá-los positivamente ou negativamente para o resto de suas vidas. Palavras são encantamentos que lançamos uns aos outros. Não gaste sua energia espalhando fofocas, fake news e fuja o máximo que puder de comentários negativos. “Ninguém pode nos fazer mal com tanta eficiência quanto nós mesmos”. Não se deprecie, não se imponha sofrimentos, não se menospreze. “Diga a si mesmo o quanto gosta de você”.

SEGUNDO COMPROMISSO

Não leve nada para o lado pessoal

Aconteça o que for não leve nada para o lado pessoal. A opinião das pessoas a seu respeito fala muito mais sobre quem elas são do que sobre você. Então, seja elogio ou xingamento é possível reconhecer o outro pela fala e, a partir daí, aprender a se tornar mais imune em relação ao pensamento alheio. Para fazer escolhas responsáveis, você só precisa confiar em si mesmo. Quando não aceitamos a dor emocional que os outros sentem e tentam despejá-la para nos atingir, ela se torna pior para quem a enviou.

TERCEIRO COMPROMISSO

Não tire conclusões

“Temos tendência a tirar conclusões sobre tudo. Presumir. O problema é que acreditamos que elas são verdadeiras”. “Toda tristeza e drama de sua vida foram causados pelo fato de ter tirado conclusões e levado as coisas para o lado pessoal”, explica Don Ruiz. A forma para evitar esse hábito é fazendo perguntas. Seja corajoso para perguntar até que as suas dúvidas se desfaçam e você possa ver tudo com mais clareza e pureza.

QUARTO COMPROMISSO

Sempre dê o melhor de si

Para que os outros compromissos se tornem hábitos enraizados é fundamental dar sempre o melhor de si em tudo, tudo mesmo o que fizer diariamente. No trabalho, em casa, com os amigos, com os vizinhos, com desconhecidos, com as pessoas que ama. “Quando você faz o que pode, aprende a aceitar a si mesmo. Mas é preciso estar atento e aprender com os erros. Isso significa praticar, observar com honestidade os resultados e continuar praticando. Isso aumenta sua consciência”. Se tiver alguma dúvida sobre como proceder, pergunte-se: o que o amor faria nesta situação?

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