Vamos falar sobre a sucessão em empresas familiares? Esse modelo de organização se caracteriza justamente por pertencerem e serem administradas por um determinado núcleo de pessoas que possuem um vínculo familiar, seja ele qual for.
As empresas familiares são maioria no Brasil e representam a maior parte da produção e da força de trabalho no país.
A gestão desses empreendimentos tende a ser passada de geração em geração. De avô, para pai, para filho, etc. Contudo, essa sucessão acaba por ser uma dificuldade na maioria dos casos, por uma série de fatores como conflitos pessoais, diferença de gerações, a ausência de processos claros e bem definidos, dentre outros.
Gerações e relações: conflitos que podem atrapalhar uma sucessão
Algumas coisas diferenciam o momento de sucessão em uma empresa familiar e outros negócios.
Talvez a principal delas seja o legado e toda a ideia de passagem de bastão entre gerações. São empresas que são administradas a muito tempo pela mesma pessoa e que, em geral, apenas são substituídas quando já são mais velhas, por seus descendentes. O que nos leva ao primeiro tipo de conflito que vamos abordar, aquele que acontece entre gerações.
O conflito de gerações acontece, pois temos de um lado os fundadores da empresa, que é uma geração que tende a ser mais antiga, conservadora, e apegada à história e tradição. Do outro lado temos os sucessores, mais novos, cheio de ideias, e voltados a novas metodologias e formas de trabalho. Ou seja, dois perfis completamente diferentes que brigam entre si, o primeiro resistente ao que é novo e dúvidas sobre a capacidade do outro em dar continuidade ao seu negócio e segundo com sede de mudanças.
Há também outros tipos de conflitos que podem prejudicar esse momento de sucessão, como pais que esperam que os filhos assumam tomem a frente da empresa, enquanto os mesmos não possuem esse desejo ou aptidão.
Bem como, podem surgir problemas com outros membros da família que façam parte da empresa, e com irmãos em situações onde um possa se sentir menos favorecido que outro.
Seja qual for o conflito, a empresa nunca sai ganhando nesses casos, por isso, evitar problemas e divergências na escolha do sucessor deve ser a prioridade do negócio.
A profissionalização da gestão como solução
Como foi dito, todo e qualquer problema e conflito que possa surgir na sucessão de empresas familiares gera consequências negativas para o negócio, mas você sabe como garantir o melhor resultado nestes casos?
A resposta é simples, através da busca pela profissionalização da gestão da empresa. O que consiste basicamente na clareza sobre a estruturação dos processos organizacionais, e na adoção de melhores práticas para que cada segmento da gestão possa ser conduzido de acordo com aquilo que é essencial para o modelo de negócio.
Isso é o que vai fazer com que qualquer transição aconteça com tranquilidade para todos: gestão, lideranças, colaboradores, parceiros, fornecedores e clientes.
Além é claro de proteger a empresa de divergências que possam pôr em risco a saúde da operação, independente da geração e de quem seja o sucessor.
Dessa maneira, profissionalizar os processos organizacionais é tornar a empresa independente, no sentido de estabelecer mudanças necessárias na forma de gestão e isso precisa ser feito pensando em alguns pontos:
Conciliar as relações com as demandas de negócios
É importante determinar quais membros vão colaborar nas ações e demandas propostas, e quais vão assumir o negócio, para que o mesmo se desenvolva de forma sustentável.
Estruturar uma gestão financeira, fiscal e contábil
Em alguns casos, é frequente que as contas pessoais e empresariais acabem se misturando e se confundindo, e, consequentemente, disfarçando dados importantes como despesas fixas, variáveis, lucro e fluxo de caixa. Para evitar que isso aconteça, é importante criar processos e segui-los de maneira clara para registrar as operações.
Criar um plano de cargos e salários
Estabelecer salários e criar planos de carreira, descrevendo as funções dentro da empresa e definindo poderes, responsabilidades e benefícios é uma maneira assertiva da empresa passar a funcionar por meio de uma hierarquia de cargos e não de vínculos familiares.
A importância do plano de sucessão
Vimos que os negócios familiares tendem a se perpetuar de geração em geração. Dessa forma, para que a transição aconteça, é preciso que o processo seja realizado de forma gradual. A grande virada de chave acontece para as empresas que compreendem que a sucessão, por mais que seja uma “herança”, um lugar direito, é sobre conquistar um espaço e não sobre reivindicá-lo.
É importante que o sucessor consiga:
- Aprender sobre os processos internos e externos à empresa.
- Desenvolver o seu relacionamento com os colaboradores da organização, clientes e parceiros.
- Mergulhar na história da empresa de forma a respeitá-la e absorver a essência dos seus valores.
- Desenvolver-se profissionalmente através de qualificação.
- Criar uma afinidade com o mercado, bem como, a sua rede de relacionamentos e contatos.
Diante de tudo o que foi dito até aqui, podemos concluir que para que o processo de sucessão possa ser realizado de forma a garantir a perenidade do um negócio lucrativo e de crescimento contínuo.
Pensar nisso é primordial para não colocar em risco ou afetar negativamente a sobrevivência de uma empresa, além é claro de virar a chave para uma gestão cada vez mais estratégica e profissional.