O Brasil é um país com altas taxas de cesárea, o que traz como consequência a piora nos indicadores de saúde materna e neonatal. A pesquisa Nascer no Brasil (2012), inquérito nacional de parto e nascimento, mostra que dos partos ocorridos no país 56% são cesarianas, sendo 46% no setor público e 88% no setor privado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o recomendado é que a taxa de cesariana fique em torno de 15%, considerando a gestação de risco habitual e a gestação de alto risco.
Outros dados da pesquisa Nascer no Brasil (2012):
- A cobertura do pré-natal no país é de 98,7%;
- 75,8% dos pré-natais são iniciados até a 16º semana, ainda que o padrão ouro seja o início do pré-natal até a 12º semana. Nesse caso a taxa cai para 60%;
- A taxa de realização de no mínimo 6 consultas pré-natais, de acordo com essa pesquisa é de 73,1%;
- 75,6% dos pré-natais são acompanhados por profissionais médicos. O atendimento no pré-natal por enfermeiros ainda é restrito;
- Somente 58,7% das mulheres são informadas sobre sua maternidade de referência;
- 16,2% das mulheres procuram mais de uma maternidade para admissão para o parto;
- 60% das mulheres recebem orientações sobre sinais de risco na gestação, indicando que o pré-natal no país ainda orienta pouco as gestantes;
- 1 em cada 4 mulheres sofre violência obstétrica.
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- A literatura aponta que menos de 30% das mulheres referiram preferência pela cesariana no início do pré-natal. Dentre os motivos de escolha pelo parto cesárea pelas mulheres estão: crença de que será mais seguro para o feto, pouca valorização dos riscos da cesárea para a mulher, medo da violência obstétrica, medo da dor, medo de não conseguir atendimento e como via para realizar a laqueadura no caso das multíparas.
- Para mudanças nesse cenário é importante a implementação das Políticas Públicas já vigentes, mas ainda não implantadas/implementadas. Nesse sentido, é fundamental a inserção de enfermeiras obstétricas e obstetrizes na assistência, a implantação de educação permanente com melhoria de fluxos e processo de trabalho e qualidade na assistência.
- O pré-natal é uma oportunidade importante para a promoção da saúde e para isso os pré-natalistas precisam estar bem preparados para o bom atendimento com base nas melhores evidências científicas disponíveis. É importante que esses profissionais estejam atualizados, qualificados, treinados e que se comprometam com o acúmulo de conhecimento para práticas transformadoras e resolutivas.
- É importante a atuação de médicos e de enfermeiros no atendimento pré-natal. É fundamental destacar o papel dos enfermeiros na assistência ao pré-natal de baixo risco. Assim, pode-se inclusive otimizar os atendimentos médicos para as gestantes que tenham comorbidades ou apresentem maior risco.
- Deve-se atentar que o cuidado no pré-natal deve ser compartilhado entre os profissionais e não ser exclusivo de uma categoria.
- Atenção: não há alta do pré-natal.
- Possibilidades de recursos para educação em saúde: pré-natal coletivo (centering pregnancy) de origem norte-americana. Não é um grupo de gestantes o qual de forma geral é um espaço com a apresentação de um tema. O pré-natal coletivo é centrado na mulher e nas necessidades da mulher. Deve-se utilizar a metodologia ativa e a atividade tem duração média de 2 horas. Dinâmica do pré-natal coletivo: de 6 – 10 gestantes e suas parcerias, com idade gestacional aproximada, o mesmo grupo segue junto até o final, uso de metodologia ativa, exame físico no local (que ocorre ao mesmo tempo em que segue na conversa em grupo) e ações de educação em saúde.
- Benefícios do pré-natal coletivo: otimiza o tempo de consulta com qualidade, formação de rede de apoio, gera confiança e autocuidado, valoriza o saber popular, reduz parto pré-termo, reduz baixo peso ao nascer, aumento dos partos normais, melhora taxa de vacinação das crianças, reduz custos.
- O Brasil possui boas Políticas Públicas voltadas para atenção ao parto e nascimento, mas é necessário avançar na implantação/implementação dessas políticas. O pré-natal no Brasil possui uma boa cobertura, entretanto é necessário investir na qualidade desse atendimento. Os profissionais de saúde precisam estar bem preparados/treinados e acreditar que o parto normal é seguro.
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Fonte: https://nascernobrasil.ensp.fiocruz.br/ https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br