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‘O soldador subaquático’, ‘Fahrenheit 451’ e um crossover inesperado

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Oi, gente.

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Duas semanas atrás, em nossa coluna sobre a adaptação de “Sweet Tooth” pela Netflix, comentamos que Jeff Lemire produz histórias em quadrinhos como se não houvesse amanhã, conciliando seus trabalhos para editoras como a Marvel e DC Comics com a produção autoral. Parte desse material (a própria “Sweet Tooth”, “Trillium”, “Black Hammer”) já havíamos lido, e na última semana encaramos outra obra essencial do roteirista e ilustrador canadense: “O soldador subaquático”.

A graphic novel é um exemplo do quanto Jeff Lemire é sujeito que não foge do serviço. Ela foi escrita e ilustrada ao mesmo tempo em que o artista trabalhava em “Sweet Tooth”, sendo lançada pela Top Shelf em 2012. A principal inspiração para a HQ foi a iminente chegada do primeiro filho do quadrinista, motivo para refletir sobre paternidade e os rumos que sua vida iria tomar com a chegada do bebê. Lemire, porém, tratou essas questões de forma nada ortodoxa, com elementos sobrenaturais que caberiam muito bem em séries como “Além da imaginação”, como bem destacou um dos produtores de “Lost”, Damon Lindelof, no prefácio da graphic novel.

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O protagonista da história é Jack, um mergulhador que trabalha como soldador subaquático em uma plataforma de petróleo na costa do Canadá. Ele vive a expectativa da chegada do primeiro filho, porém é atormentado pelo trauma da morte do pai – que tinha a mesma profissão – depois de fazer um mergulho numa noite de tempestade em pleno Dia das Bruxas.

Sem conseguir fazer as pazes com o passado, ele se distancia da esposa às vésperas do parto, mergulha (com o perdão do trocadilho) no trabalho e se mostra cada vez mais obcecado por tentar compreender o que aconteceu com seu pai – que morreu com a mesma idade de Jack no momento em que se passa a história -, a ponto de não saber mais o que é real e o que é ilusão.

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Ilustrada em preto e branco com o tradicional traço caricato de Jeff Lemire, “O soldador subaquático” é uma belíssima história sobre paternidade, vida e morte, perda e traumas difíceis de cicatrizar, além do valor das pequenas e valiosas memórias. A graphic novel foi lançada no Brasil pela Editora Mino e também está disponível na versão digital (em inglês) no Kindle – e que está no esquema 0800 para quem assina o Kindle Unlimited.

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Outra graphic novel lida nos últimos dias foi a adaptação de “Fahrenheit 451”, clássico da ficção científica de Ray Bradbury que ganhou versão para os quadrinhos em 2009 pelas mãos de Tim Hamilton. Para quem não conhece a história, ela se passa em um estado autoritário em que os bombeiros, ao invés de apagarem incêndios, são responsáveis por tacar fogo nos livros, considerados perigosos, subversivos e capazes de provocar infelicidade. Um desses bombeiros, Guy Montag, começa a questionar a sua profissão e a ver nos livros uma importância que ele desconhecia, e por conta disso vai se colocar em oposição a uma sociedade opressora e alienada.

Quem já tiver lido a obra original não vai se decepcionar com a adaptação de Tim Hamilton, que chega a transcrever trechos inteiros do livro na HQ, e ainda fez um trabalho excepcional na ilustração, que mistura elementos retrôs e futuristas com uma paleta de cores bem interessante e enquadramentos que ajudam a criar uma sensação de tensão contínua.

Mas o que torna a graphic novel essencial mesmo para quem já leu o livro é a oportunidade de encontrar novas questões a serem refletidas – por exemplo, observar como os livros, nessa sociedade, são capazes de provocar desprezo, ódio e, principalmente, medo. Afinal, se pensarmos nos tempos em que estamos vivendo, quem se alimenta da ignorância normalmente teme, odeia e despreza qualquer coisa capaz de provocar reflexão, esclarecimento e acumular conhecimento – o primeiro passo para uma sociedade questionar aqueles que detêm e usam o poder para oprimir todo e qualquer tipo de pensamento contraditório.

A versão em quadrinhos de “Fahrenheit 451” ganhou nova edição nacional pela Excelsior, mas também é possível encontrar a versão digital em português no Kindle, incluindo no já citado esquema 0800 do Kindle Unlimited.

Para terminar, um crossover inesperado. Lançado originalmente em 2013, “Phineas e Ferb: Missão Marvel” chegou ao Disney+ na última sexta-feira (25), e confesso que desconhecia a existência do especial. A trama é básica: Homem-Aranha, Thor, Hulk e Homem de Ferro perdem seus poderes graças a uma das várias invenções do atrapalhado vilão do desenho animado, o Dr. Doofenshmirtz. Os heróis então precisam ir até Danville para tentar reaver os poderes com a ajuda de Phineas Flynn e seu meio-irmão Ferb Fletcher. Porém, quem também resolveu dar as caras na cidade foram os vilões Caveira Vermelha, Modok, Chicote Negro e Venom, em busca da invenção do Dr. Doofenshmirtz.

Apesar da história ser direcionada para o público infantil, qualquer adulto que não tenha azedume em seu coração também vai se divertir com “Phineas e Ferb: Missão Marvel” em seus pouco mais de 40 minutos de escapismo divertido. E eu já quero Perry, o Ornitorrinco, no MCU, de preferência com Rocket nos Guardiões da Galáxia.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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