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‘South Park’ em tempos de Covid e a fofura de ‘A Surda Absurda’

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Oi, gente.

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Há quem não goste de “South Park” por causa da escatologia, dos palavrões, das grosserias e falta de limites da animação criada por Trey Parker e Matt Stone em 1997. Com o tempo, o desenho animado ficou mais “suave”, mas uma característica nunca mudou: a capacidade de estar atento ao que está acontecendo no mundo, principalmente nos Estados Unidos, e saber criticar, satirizar, ironizar e colocar o dedo na ferida, mostrando como o ser humano pode ser ridículo e nossa realidade tão absurda.

Essa sagacidade de criar um retrato de nosso tempo continua presente nos filmes de média-metragem “South Park: Pós-Covid” e “South Park: Pós-Covid: O retorno da Covid”, que chegaram ao Brasil via Paramount+. As duas animações fazem parte de um contrato milionário que a dupla assinou com o Comedy Central, que deve ter nada menos que 14 episódios estendidos até 2027, além de novas temporadas.

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As duas histórias, com roteiro e direção de Trey Parker, podem ser consideradas continuações dos especiais “Pandemia” e “Vacinação”. Elas se passam 40 anos no futuro, quando a pandemia de Covid acabou. Porém, ela foi responsável pelo fim da amizade entre Stan, Kyle, Cartman e Kenny. Nesse futuro, Stan é um “consultor de uísque” on-line (uma boa desculpa para não tratar do alcoolismo); Kyle é um conselheiro (psicólogo?) on-line; Cartman, que era antissemita, converteu-se ao judaísmo e se tornou rabino; e Kenny se tornou um cientista famoso. E é a morte de Kenny, primeira vítima de Covid em muitos anos, que faz com que os antigos amigos se reúnam para tentar descobrir o que o finado parceiro estava fazendo quando morreu, ao mesmo tempo em que precisam lidar com traumas do passado e acertar as diferenças entre si.

Os dois telefilmes usam do futuro – que, segundo eles, é “uma porcaria” – para satirizar e criticar o nosso momento atual. South Park é sitiada e isolada do país porque um de seus moradores não se vacinou até hoje; todas as lojas adotaram um “Max” ou “Plus” ao nome, assim como vários serviços de streaming fizeram em seus lançamentos; a febre dos NFTs e os esquemas de pirâmide são impiedosamente ironizados; e sobra até mesmo para a assistente virtual Alexa, que no desenho aparece como uma “esposa” temperamental e que reclama de tudo que Stan faz ou deixa de fazer.

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Com citações a filmes como “Blade Runner”, “It: A Coisa” e “O exterminador do futuro”, os dois primeiros filmes dessa leva podem não ter o mesmo espírito 100% anárquico e iconoclasta do início de “South Park”, mas são bons o suficiente para satisfazer os fãs – e fãs adultos, faz favor, que o desenho não é para crianças.

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Agora, quem precisa de dicas para a criançada pode colocar “A Surda Absurda” na lista de desenhos animados. A produção lançada pelo Apple TV+ é a adaptação da HQ escrita e desenhada por Cece Bell, que comentamos na coluna no início de 2020. Dividida em três episódios de mais ou menos 25 minutos, a animação é tão legal e fofa quanto a obra original.

“A Surda Absurda” é baseada na história da própria quadrinista, que passou a sofrer de deficiência auditiva nos anos 70, aos 4 anos de idade, por causa de uma meningite. Com personagens antropomorfizados, acompanhamos a vida da protagonista após perder a audição, com todas as dificuldades advindas da surdez – sendo que tudo que ela deseja é ter uma vida normal como todas as outras crianças: brincar, assistir à televisão, estudar, fazer amizades e se apaixonar.

Com participação da própria Cece Bell como narradora da história, “A Surda Absurda” é uma animação cativante, que pode ajudar a crianças – e adultos também – a entender como nós, mesmo tendo nossas pequenas diferenças, somos, no fundo, iguais na essência.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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