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“The end of the f***ing world”, a (primeira) boa surpresa de 2018

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Oi, gente.

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Vamos soltar a real logo de cara: “The end of the f***ing world” é das coisas mais legais que todo e qualquer ser humano de coração sincero vai assistir em 2018, a ponto de recomendar para os amigos e querer dar um repeteco maroto ao lado da razão do seu afeto. A série, uma produção inglesa do Channel 4 que chegou por aqui pela Netflix, estreou sem alarde no último dia 5 coberta pela sombra sinistra de “Black Mirror” (também uma criação do Channel 4), mas precisou apenas dos breves 16 minutos do primeiro episódio para conquistar fãs do Oiapoque ao Chuí, passando por Uberlândia.

“Tá”, diria o poeta, “mas e daí? Qual é a boa da parada?”. A gente explica. “The end of the f***ing world”, por mais que apresente situações no limite do surreal, é daquelas produções que melhor retratam uma das fases mais complicadas da vida: a adolescência, quando achamos que somos mais esperto que a maioria dos ursos, que sabemos todos os segredos da vida, do universo e tudo mais, além das certezas inabaláveis e um sentimento de que estamos fora de sintonia com o resto da humanidade – ou vice-versa, uma vez que acreditamos ser o centro do universo.

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E nem falamos dos pais, aquelas criaturas que merecem ter sua autoridade desafiada porque já somos crescidos o suficiente para cuidar do próprio umbigo e eles sabem de nada, inocentes. Quanta tolice.

Os dois protagonistas representam muito bem a nossa linda juventude, às vezes indo além. James (Alex Lawther, do episódio “Manda quem pode”, de “Black Mirror”) vive num estado de apatia total e de desprezo pelo pai – ao mesmo tempo em que se vê como um psicopata e acredita ter encontrado sua primeira vítima humana ao ser abordado por Alyssa (Jessica Barden, de “O Lagosta”), que estuda na mesma escola. A guria é do tipo rebelde, voluntariamente desagradável, com mudanças drásticas e ácidas de humor, que odeia a cidade onde vive, as pessoas ao seu redor e, principalmente, o padrasto babaca e assediador que conta com a omissão de sua mãe.

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Esse casal, a princípio, não parece ter nada a ver, mas aí rola aquela básica troca de interesses involuntária (ela acredita que o garoto pode libertá-la da “prisão” em que vive, ele a enxerga como a primeira vítima ideal) e os dois caem na estrada. Os dois, porém, vão descobrir que a vida é muito mais complicada do que eles imaginam, com as opiniões formadas sobre tudo de cada um ruindo a cada roubada em que se metem – e que incluem assédio, abuso, assassinato, roubo, sexo, acidente de trânsito, decepções.

Assim como todos nós já passamos por isso em algum momento da adolescência, os protagonistas de “The end of the f***ing world” vão aprender a crescer na marra, rever conceitos, deixar a arrogância de lado e encarar as próprias fragilidades, muitas delas frutos de traumas do passado. Perceber o quanto cada um mudou durante a jornada é uma das graças da série, adaptação da HQ de Charles S. Forsman. Mas não podemos esquecer de citar todo o elenco, os diálogos espertos, o roteiro e a fotografia, assim como a trilha sonora com pérolas dos anos 50 e 60, incluindo Hank Williams, Ricky Nelson, The Spencer Davis Group e Julie London, além das composições que Graham Coxon, um dos criadores do Blur, fez para o programa.

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Se existe algo de ruim na série é o fato de que toda a HQ na qual ela se inspirou já foi levada para a telinha. Por outro lado, o final em aberto deixa espaço para torcermos por uma segunda temporada. Afinal, por mais excêntricos e disfuncionais que sejam, James e Alyssa já conquistaram nossos corações. É muito bom poder crescer um pouco mais com esse casalzinho improvável e cativante.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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