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20 apresentar 20 discos de 1988 – Parte 4

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Oi, gente.

Terminamos a série dos grandes álbuns de 1988 com o pop islandês do Sugarcubes, o indie rock do Dinosaur Jr., o metal californiano do Metallica apostando em novos horizontes, a estreia impressionante do Jane’s Addiction e as trevas que habitam a alma do senhor Nick Cave, um belo fechamento para um ano que foi bem interessante para a música.

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Pena que precisamos colocar limites na série, pois ainda ficou faltando muita coisa boa que chegou às lojas na época. Foi ano, por exemplo, do derradeiro trabalho dos Talking Heads, de um dos maiores sucessos do Pet Shop Boys, da estreia do Soundgarden e de um dos bons discos do Iron Maiden. Para quem estiver a fim, são excelentes faixas bônus para nossa viagem ao passado.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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JANE’S ADDICTION, “NOTHING’S SHOCKING”

O primeiro álbum de estúdio do Jane’s Addiction é daqueles que deve ter entortado o cérebro de muita gente três décadas atrás. “Nothing’s shocking” é uma mistura alucinada e alucinante de rock e metal – em especial aquele beeeeeem lento e pesado dos anos 70 -, mais umas coisas de jazz e funk, uma viagem sonora marcada pelas letras e os vocais únicos de Perry Farrell (sim, o cara que criou o Lollapalooza), as guitarras do monstruoso Dave Navarro (sim, aquele que tocou nos Red Hot Chili Peppers na década de 90), o contrabaixo de Eric Avery e a bateria de Stephen Perkins. Ah, e uma participação especial de Flea (sim, o baixista do Red Hot).

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Para quem quiser saber o que tinha de bom no disco, as faixas mais conhecidas são “Mountain Song”, “Jane says” e “Pigs in Zen”, mas ainda podemos destacar “Idiots rule” (que lembra o maior hit da banda, “Been caught stealing”), “Ocean size” e “Had a dad”. Ouça o disco inteiro, vale a pena.

 

THE SUGARCUBES, “LIFE’S TOO GOOD”

Meninas e meninos mais preguiçosos na arte de usar o Google podem achar que a islandesa Björk Guðmundsdóttir surgiu para o mundo da música apenas na década de 90, quando lançou os maravilhosos “Debut”, “Post” e “Homogenic”, mas a deusa que veio do gelo já tinha disco gravado desde 1977, quando tinha apenas 12 anos, e era uma guria pau pra toda obra durante todo esse tempo.

Foi, inclusive, um dos motivos para o Sugarcubes se tornar o primeiro artista da Islândia a fazer sucesso no exterior com o delicioso “Life’s too good”, álbum de estreia que trazia bombons musicais como “Birthday”, “Motorcrash”, “Delicious Demon” e a apaixonante “Deus”, embalados pela voz única de Björk. A alquimia do pop com rock, pós-punk e uns lances de vanguarda rendeu ainda outros dois discos antes da dissolução da banda, em 1992, mas nada que tivesse o mesmo arrebatamento do primeiro trabalho da turminha.

 

DINOSAUR JR., “BUG”

O terceiro álbum do Dinosaur Jr. é considerado por muitos fãs o melhor trabalho da banda, e motivos não faltam. A faixa de abertura, “Freak scene”, é um clássico atemporal (ops), e músicas como “They always come” e “Yeah we know” são legítimas sucessoras do disco anterior, “You’re living all over me”, com J Mascis mandando ver nas guitarras e nos incomparáveis vocais anasalados.

“Bug” ainda é lembrado por ser o último álbum da banda a ser gravado por um selo independente e com a presença do baixista Lou Barlow, que depois de quebrar o pau com J Mascis foi tocar a vida com o Sebadoh. Ele voltaria para o Dinosaur Jr. apenas em 2005, mas durante esse período a banda se segurou bem com os igualmente ótimos “Where you been” e “Without a sound”.

 

NICK CAVE AND THE BAD SEEDS, “TENDER PREY”

Se o australiano Nick Cave gravou algum álbum ruim com os Bad Seeds, ainda não ouvi. E com certeza “Tender Prey” não é um deles. Produzido entre Berlim e Londres, o quinto álbum da banda posteriormente passou a ser visto com reservas pelo seu líder, que julga se tratar de um trabalho de um grupo que apenas estava compondo canções a esmo, mas que para os fãs carrega todos os elementos sombrios que marcam a carreira do cantor e compositor.

Uma das melhores provas de que “Tender Prey” merece lugar entre os grandes álbuns de 1988 é a faixa de abertura, “The Mercy Seat”, sobre um homem prestes a ser executado na cadeira elétrica, mas que remete em seus versos ao cristianismo, uma vez que “O Trono da Misericórdia” é uma alusão ao trono de Deus sobre a Arca da Aliança. Mas também vale destacar “Deanna”, “Mercy” e “Watching Alice”.

Dentre as curiosidades do álbum está o fato de que ele é dedicado ao brasileiro Fernando Ramos da Silva, o “Pixote”, assassinado no ano anterior ao lançamento do álbum, e que depois da sua turnê de divulgação Nick Cave morou por um breve período em São Paulo.

 

METALLICA, “…AND JUSTICE FOR ALL”

Este é o primeiro álbum do Metallica após a morte do baixista Cliff Burton, vítima de um acidente com o ônibus de turnê da banda, ocorrido em 1986 na Suécia, e que marcou a estreia de Jason Newsted como seu substituto. Se comparado com outros trabalhos do quarteto, não entra na lista dos três melhores, uma vez que o resultado final da produção deixou a sonoridade de banda algo estéril – um dos motivos é o fato do contrabaixo ter ficado bem escondido, tirando parte considerável do peso da cozinha e do disco em geral.

Mas “…And justice for all” tem bons motivos para estar na lista, como se fosse um processo de transição entre o thrash mais tradicional do clássico “Master of Puppets” e o rock pesado do “Black Album”. Um deles é a mudança na estrutura das canções, que ficou mais complexa com diversas mudanças de andamentos, faixas longas e com variedade rítmica. E não faltam grandes músicas no álbum, como a famosa “One”, “Harvester of Sorrow” e “Eye of the beholder”.

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