Oi, gente.
Foi sem nenhum motivo aparente que lembrei, esta semana, de dois dos melhores episódios da série japa “O regresso de Ultraman”, clássico supremo da linhagem que incluía Ultraseven, Ultraman, Spectreman e Robô Gigante (os dois últimos têm nada a ver com a Família Ultra, mas eram contemporâneos). Em comparação aos efeitos especiais de hoje, essas produções parecem televisão de fundo de quintal, mas na década de 80 eram o melhor que a TV poderia oferecer em relação a um programa da virada dos anos 60 para 70.
A última vez que assisti a “O regresso de Ultraman” foi no SBT, dentro do programa “TV Pow” (que renderia uma coluna à parte), lá em 1985. Como na internet (quase) tudo se encontra, não demorou muito para assistir a “Ultraman morre ao entardecer” e “Quando brilha a Estrela de Ultra”, conclusão de algo raro na época: uma trama que se desenvolvia durante várias semanas. Os vilões da vez eram uns alienígenas chamados Os Poderosos do Espaço, que desejavam conquistar a Terra, mas precisavam subjugar Ultraman Jack. Depois de colocarem o herói para enfrentar alguns monstros e descobrirem seus pontos fracos, eles roubam um explosivo chamado Satã-Z (?) e matam por atropelamento (!) a namorada e o melhor amigo de Hideki Go, alter ego do herói e integrante do GAM (Grupo de Ataque aos Monstros).
Abalado pela morte dos entes queridos, Ultraman Jack é derrotado pela união de forças do monstro Negrume e do líder dos Poderosos do Espaço (Nakul, que usa a fantasia de monstro mais psicodélica da história) e levado acorrentado para o planeta dos vilões, onde será executado. O primeiro episódio termina assim, e o segundo começa com os aliens preparando a invasão à Terra e os membros do GAM tentando derrotar os vilões. Ultraman Jack está prestes a ser eliminado quando (tcharam!) aparecem o primeiro Ultraman e Ultraseven para salvar o dia. A dupla libera o companheiro, dá um “joinha” para ele e vai embora (!), deixando o herói sozinho para resolver a parada.
Ultraman Jack destrói as naves, volta à Terra para tentar vencer os monstros e leva mais uma surra; no último momento, porém, lembra da amizade com seus parentes Ultra e ganha motivação suficiente para vencer os dois inimigos. Ao voltar a ser Hideki Go, ele ainda desarma a Satã-Z antes que ela destruísse Tóquio. Tudo a tempo de comemorar o Natal com o irmãozinho pivete da namorada falecida.
Mesmo que hoje – assim como na época – seja fácil observar diversos defeitos na série (efeitos especiais toscos, monstros e heróis com roupas de borracha, atores inexpressivos, monstro que mata gente dirigindo carro, “por que o Ultraman e o Ultraseven não ajudam o outro Ultraman?” etc.), esses episódios de “O regresso de Ultraman” marcaram a infância de muita gente por vários motivos: o choque pela morte de personagens, o drama do herói que sofre a dor da perda e é derrotado, a participação especial de Ultraman e Ultraseven (além do reencontro de seus alter egos, Shin Hayata e Dan Moroboshi), as musiquinhas dos personagens, a perseverança de Ultraman Jack… E quer saber? Mesmo hoje, 30 anos depois, assistir a esses episódios ainda emociona. Foi muito bom voltar a ser criança outra vez, mesmo que por menos de uma hora.
Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.