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20 apresentar 20 discos de 1988 – Parte 3

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Oi, gente.

A terceira parte da série sobre os álbuns mais importantes de 1988 vem com boa música para todos os gostos. Tem do shoegaze clássico do My Bloody Valentine ao rap furioso do Public Enemy no melhor de sua forma, além do rolo compressor do Sonic Youth, a prova de fogo de Morrissey fora dos Smiths e a descoberta tardia da sensibilidade musical do Cowboy Junkies.

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Para quem gosta da música que nunca envelhece por fugir do padrão descartável da linha de montagem da indústria cultural, são cinco pérolas que merecem entrar ou voltar à sua playlist. Boa viagem.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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MY BLOODY VALENTINE, “ISN’T ANYTHING”

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Além de mostrar a evolução musical que se antecipava em seus mais recentes EPs, o primeiro álbum do My Bloody Valentine é uma das coisas mais lindas de se ouvir até hoje. Produzido pelo próprio grupo a partir das ideias de seu líder, Kevin Shields, “Isn’t anything” trazia claras influências de Jesus and Mary Chain e a mistura de melodias pop,vocais etéreos, distorções no talo, muito barulho e efeitos mil que faz a alegria até hoje dos amantes do shoegaze.

Faixas como “Feed me with your kiss”, “Soft as snow (but warm inside)”, “(When you make) You’re still in a dream”, “Several girls galore”, “Lose my breath”, “Nothing much to loose” e “You never should” merecem ser ouvidas no volume máximo até hoje. E pensar que “Isn’t anything” pode ser considerado quase um esboço do magnum opus “Loveless”, delírio de guitarras distorcidas e entupidas de efeitos que é a Bíblia sonora da turma que gosta de dançar olhando para os sapatos.

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SONIC YOUTH, “DAYDREAM NATION”
O quinto álbum do quarteto nova-iorquino é considerado até hoje um dos trabalhos mais importantes da banda em seus 30 anos de atividades. Produzido em parceria com Nick Sansano, é tido como o disco que marcou a maturidade sonora (epa) do Sonic Youth, marcada por longos improvisos, rock em alta potência, distorções, microfonias e outras bossas.

Inspirado pelas obras de artistas como William Gibson, Andy Warhol, Joni Mitchell e DEnis Johnson, “Daydream Nation” tem quase metade das faixas ultrapassando os sete minutos de duração, com músicas memoráveis como a faixa de abertura, “Teenage riot”, e também “Eric’s trip”, “Hey Joni”, “Candle”, “The sprawl”, “Eliminator Jr.” e mais um monte de coisas boas. É um trabalho tão memorável que foi escolhido em 2005 pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos para ser preservado no Registro Nacional de Gravações.

 

MORRISSEY, “VIVA HATE”
O fim dos Smiths é lamentado por inúmeros fãs da banda até hoje, mas Morrissey viu que era preciso seguir em frente até porque tinha um contrato com a EMI para uma banda que não mais existia. Por isso, ele se juntou ao produtor Stephen Street e ao guitarrista Vini Reilly, do Durutti Column, e lançou “Viva Hate” seis meses após a chegada do derradeiro álbum dos Smiths (“Strangeways, here we come”) às lojas inglesas.

Apesar da urgência envolvida em sua produção, o disco é considerado um dos melhores trabalhos de Morrissey, muito em parte à participação de Reilly – que posteriormente cobrou de Street a coautoria de quase todas as faixas. Além dos hits “Suedehead” e “Everyday is like sunday”, “Viva Hate” ainda trazia ótimos momentos como “Alsatian Cousin”, “Late Night, Maudlin Street” e as polêmicas “Bengali in platforms” e “Margareth on the Guillotine”.

Uma versão remasterizada do álbum, lançada em 2012, substituiu a fraca “The ordinary boys” pela apenas dispensável “Treat me like a human being”.

 

COWBOY JUNKIES, “THE TRINITY SESSION”
Sabe aquele álbum antigo pelo qual você se apaixona logo na primeira audição – e que também lamenta ter demorado 30 anos para conhecê-lo? Esta foi a sensação ao ouvir “The Trinity Session”, segundo álbum dos canadenses do Cowboy Junkies.

Com exceção da faixa de abertura, todas as músicas foram gravadas em um dia (27 de novembro de 1987) na Igreja da Santíssima Trindade, em Toronto, com apenas um microfone e toda a banda ao seu redor. Além disso, alguns dos músicos convidados sequer haviam ensaiado com o grupo antes da gravação, o que dá ao trabalho uma qualidade ainda mais surpreendente.

“The Trinity Session” mistura algumas composições da banda com versões para músicas do Velvet Underground, Hank Williams, Richard Rodgers e Lorenz Hart, entre outros, além de canções tradicionais. É até difícil escolher as melhores faixas, mas ficamos então com a dolorosamente bela “I’m so lonesome I could cry”, “Misguided Angel”, “Sweet Jane”, “200 more miles”, “To love is to bury” e “Blue Moon revisited (Song for Elvis)”, que não estava no vinil original.

 

PUBLIC ENEMY, “IT TAKES A NATION OF MILLIONS TO HOLD US BACK”
A proposta do Public Enemy em seu segundo álbum era fazer de “It takes a nation of millions to hold us back” um álbum de hip hop tão importante quanto “What’s going on”, de Marvin Gaye”, no que dizia respeito ao contexto social das letras. E pode-se afirmar que eles lograram êxito.

Com produção de Rick Rubin, Chuck D e Hank Shocklee, “It takes…” vendeu mais de meio milhão de cópias no primeiro mês de lançamento, graças a uma produção caprichada que “acelerou” a sonoridade do grupo e às letras de Chuck D, marcadas pela retórica nacionalista negra, o orgulho de ser “black” e as críticas ao discurso de supremacia branca e à indústria musical. Além de escrever as letras, Chuck D mandava nos vocais acompanhado por Flavor Flav, e a dupla entregou clássicos como “Don’t believe the hype”, “Terminator X to the Edge of Panic”, “Bring the noise”, “She watch Channel Zero?!” e “Rebel without a pause”.

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