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Vida longa e próspera, Doutora

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Oi, gente.

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“Doctor Who”, a venerável série sci-fi da BBC, faz parte das coisas legais que nunca acompanhei, seja por falta de tempo ou algum desculpa desprovida de vergonha (passava na TV Cultura, que ninguém assiste; nunca foi atração em um canal por assinatura que soubesse divulgar o programa etc.). Mesmo assim, desde que a emissora britânica ressuscitou a série, em 2005, acompanhei episódios aleatórios com as recentes encarnações do Doutor (Christopher Eccleston, David Tennant, Matt Smith e Peter Capaldi). Sempre ficava aquela sensação de “legal, mas não acompanho porque etc. etc. etc.”

Legal que sempre há um momento para a mudança, e ele aconteceu quando a BBC anunciou que Jodie Whitaker (“Broadchurch”, “Black Mirror”) seria a primeira mulher a encarnar o Doutor em 55 anos de existência de “Doctor Who”. Claro que houve alguma gritaria, desde fãs protestando contra “a mudança do cânone” (hahahaha) a outros por aí que não perdem a oportunidade de fazer feio e demonstrar orgulhosamente todo o seu machismo e misoginia – basta lembrar o quanto sofreu a Kelly Marie Tran após “Star Wars – Os últimos Jedi”.

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Abre parênteses. Essa povinho, inclusive, tem andado saidinho demais nas redes sociais nas últimas semanas e, principalmente, nos últimos dias. E não é só machismo/misoginia: é racismo, demofobia, xenofobia, homofobia, destilando maldade, crueldade, perseguindo minorias, dizendo cada coisa vil que dá vergonha só de imaginar que veio de um ser humano. Vontade imensa de fazer print desse povo todo, esperar três, quatro anos, e criar uma página no Facebook ou Trumblr chamada “Pessoas que passaram vergonha em 2018”. Fecha parênteses.

Independente da choradeira/ranger de dentes alheios, ficamos na expectativa da nova Doutora desde o episódio de despedida do Doutor de Peter Capaldi (sim, este eu assisti). A mudança no astro do programa é sempre um dos momentos mais aguardados pelos fãs, e a espera terminou no último domingo, com o lançamento da nova temporada, que chegou por aqui pelo Crackle.

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Para quem não acompanha a série, parecia mais um episódio genérico porém bem feito de ficção científica, com um alien chegando à Terra para caçar um Zé Ninguém qualquer. Efeitos especiais legais, maquiagem ok para o ET marrento, fotografia decente, mas achei que a história perdeu ritmo do meio para o final, pelo menos deixando um gancho interessante a respeito da TARDIS.

Mas dizem que toda mudança de Doutor é oportunidade para mudar os rumos da série, seja no estilo das histórias, roteiro, equipe de produção, elenco de apoio (com diversidade étnica e de gênero, chorem haters), personalidade do protagonista. Então, o mais importante é saber: Jodie Whitaker vai para o trono ou não vai?

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Se depender de sua estreia na função, a resposta é sim. Atriz que já havia mostrado a que veio em “The entire history of you”, da primeira temporada de “Black Mirror”, ela estava totalmente à vontade no papel da Doutora em “The woman who fell to Earth”, demonstrando carisma, jovialidade, senso de humor, energia e um sentido de urgência frente a um perigo que surge quando a Doutora ainda está vulnerável após seu processo de regeneração.

Óbvio que um episódio é pouco para sabermos como será o futuro de “Doctor Who” em seu novo ciclo – além de um bom elenco, é preciso ter boas histórias para contar -, mas é possível apostar que, se depender de Jodie Whitaker, a nova Doutora veio para ficar e conquistar os fãs, com uma nova e mais que bem-vinda faceta para um personagem tão marcante da cultura pop.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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