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Nick Cave matador ao piano, Vanessa Krongold e Smashing Pumpkins

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Oi, gente.

O australiano Nick Cave é um dos maiores letristas, compositores e intérpretes do final do século passado, e que segue por este terceiro milênio atingindo nosso plexo solar emocional com álbuns impossíveis de ignorar após a primeira audição, mesmo quando se trata de releituras de sua longa carreira _ caso do mais recente trabalho, “Idiot Prayer: Nick Cave alone at Alexandra Palace”, álbum com 22 músicas tirado de uma apresentação por streaming que o artista realizou em julho no Alexandra Palace, em Londres.

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“Idiot Prayer…” é Nick Cave em sua essência: apenas o cantor, o piano e suas canções capazes de navalhar a alma do ouvinte. Boa parte das canções vem de um de seus melhores (e mais intimistas) trabalhos, “The Boatman’s call”, então ali estão a belíssima “Brompton Oratory”, “Into my arms”, “(Are you) The one I’ve been waiting for” e “Black hair”, (re)valorizadas pela interpretação do australiano e a melancolia que tira das notas ao piano.

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Mas tem mais. O álbum passeia por várias fases de Nick Cave à frente de seus Bad Seeds e também pelo projeto Grinderman. Não há música ruim em “Idiot Prayer…”, mas quem for do time “me dá umas dicas aí, tio”, recomendamos _ além das canções de “The Boatman’s call” _ tomar vergonha na cara, parar de conversinha e ouvir o disco por inteiro, maaaaaaasssss “Papa won’t leave you, Henry”, “Nobody’s baby now”, “The Mercy Seat”, “Jubilee Street”, a faixa-título e “Higgs Boson Blues” darão uma boa ideia do que o ser humano vai encontrar nos 82 minutos de um dos melhores álbuns do ano.

Enquanto Nick Cave segue a elevar o nível do sarrafo, o Smashing Pumpkins segue involuntariamente a esfregar em nossas faces que os dias de glória ficaram para trás _ por mais que Billy Corgan se esforce e nós desejemos ouvir um grande álbum da banda. Mas não será com “Cyr”, que trocou o poder das guitarras por um massacre de sintetizadores e percussão eletrônica em 20 (aparentemente) intermináveis faixas.

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O álbum é o segundo a reunir três quartos da formação original (Corgan, James Iha e Jimmy Chamberlin), mas não esperem sequer por um “Machina” ou “Adore”, muito menos um “Mellon Collie and The Infinite Sadness”. “Cyr” é pop com sintetizadores e letras românticas com um pezinho no gótico, que se tivesse uns 25 minutos a menos talvez tivéssemos vontade de ouvir com mais frequência. Dentre os poucos destaques, a faixa-título, “Ramona” e “Minerva”.

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Para encerrar a prosa, vamos falar sobre “Singular”, o primeiro álbum solo de Vanessa Krongold. A moça é a vocalista do sumido Ludov, uma das bandas de pop-rock mais legais surgidas por aqui neste século e que nunca teve o sucesso merecido, apesar de músicas como “Refúgio”, “Kriptonita”, “Princesa”, “Melancolia”, “Dois a rodar”, “Todo esse ar” e “Estrelas” (“o pouco que eu posso te dar é tudo que eu já te dei e nunca te bastou” resume muitos relacionamentos por aí) serem canções pop de primeira qualidade, ao contrário do que vemos na lista das mais tocadas das plataformas de streaming, com todo o tipo de desgraça musical, mas deixa estar e vamos ao que interessa.

“Singular” tem apenas 33 minutos de duração e nove canções que merecem marcar presença nos ouvidos de quem gosta de pop bem feito e com letras sobre amor, relacionamentos e questões existenciais, entre outros temas que produzem aquele sentimento, entende? Basta ouvir músicas como “Recomeço”, “À queima roupa”, “Hoje”, “Instante” e o tango “Menú del dia” para concordar com este que vos escreve e manter Vanessa Krongold na sua biblioteca de streaming, porque ela merece. “Very nice!”, como diria Borat.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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