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Buah-ha-ha-ha-ha!!!

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Oi, gente.

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Zack Snyder deve ter uma lábia daquelas. Vejamos: o cara dirigiu o bom “Homem de Aço”, já havia decepcionado uma galera com “Batman vs Superman”, estava com “Liga da Justiça” quase todo rodado quando rolou a tragédia na família. Joss Whedon assumiu o barco, filmou algumas cenas e entregou um filme que – convenhamos – é ruim. E não é que o cara conseguiu convencer muitos fãs e a Warner que aquele não era “o filme” dele, que tinha pensado uma história diferente (acredite quem quiser), que havia um “Snyder cut” nunca visto?

Pois bem, muita gente caiu nessa – principalmente a Warner, que de tanto o cara publicar mil fotos com o que “poderia ter sido” deixou o cabra trabalhar no seu “corte” – que ele dizia existir, mas desde então foi preciso filmar novas cenas, incluir novos personagens, deixar de ser filme para virar uma minissérie com quatro capítulos de uma hora e, por fim, anunciarem que teremos em março, no HBO Max, o filme da “Liga da Justiça de Zack Snyder” com QUATRO HORAS DE DURAÇÃO.

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QUATRO. HORAS. DE. DURAÇÃO.

Pois é, Zack Snyder enganou geral, tipo aquele boy magia que vem com aquele papinho good vibes mas não liga no dia seguinte – as meninas e meninos sabem como é. Convencer um estúdio a refazer um fracasso de bilheteria e com o dobro de duração, além de mobilizar milhares de pessoas a sentirem saudade de algo que nunca existiu, não é pra qualquer um.

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Toda essa novelinha “não largo o osso” do Snyder serviu pelo menos para uma coisa: fui procurar no calorzinho gostoso do passado a melhor Liga de Justiça de todas. A Liga da Justiça de Giffen, DeMatteis e Maguire. A Liga da Justiça do “Buah-ha-ha-ha-ha!!!”, que começou a ser republicada no Brasil pela Panini ainda em 2019 na linha “Lendas do Universo DC”. Terminamos de ler os dois primeiros volumes, e podemos dizer que a “Liga do Buah-ha-ha-ha-ha!!!” continua tão boa quanto a que lemos há mais de 30 anos.

Caso algum leitor ou leitora não conheça, senta que lá vem história. Reza a lenda (ou: confesso que nunca li) que a Liga da Justiça antes da Crise nas Infinitas Terras estava um lixo, com personagens de terceiro escalão tipo Gládio, Vixen, Vibro. Nem os nomes ajudavam. E ainda tinham se mudado para Detroit. Pior que isso, só se tivessem transferido os Vingadores para Barra Mansa.

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A DC Comics viu que era hora de dar novamente aquela moral para a equipe, e a ideia era que a Liga voltasse a ter seus medalhões após outra maxi-série, “Lendas”. O time escolhido para as histórias era bom, com Keith Giffen cuidando dos argumentos, J.M. DeMatteis com roteiros e diálogos, e um novato (Kevin Maguire) nas ilustrações.

Mas havia um problema: Superman – na época, Super-Homem no Brasil – e Mulher-Maravilha estavam na fase do reboot, Wally West dava seus primeiros passos rápidos como Flash, apenas o Batman foi liberado. Por razões que desconheço, o Lanterna Verde Hal Jordan não entrou na equipe. Como fazer?

A opção foi trabalhar com heróis não tão populares ou do segundo e terceiro escalões da DC, como Besouro Azul, Capitão Marvel, Doutora Luz, Senhor Destino, Senhor Milagre, Canário Negro, o Lanterna Verde Guy Gardner e o Caçador de Marte, que na época era conhecido por aqui como Ajax. Mais para frente, entraram o Gladiador Dourado, Capitão Átomo, Soviete Supremo, Fogo e Gelo. À primeira vista, não dá para imaginar que daria certo, bastava colocar Detroit ou Barra Mansa na história e seria a mesma Liga sem graça pré-Crise.

Mas não é que deu certo? Giffen e DeMatteis apostaram no humor, no nonsense e no relacionamento bizarro entre personagens tão diferentes, aposta arriscada numa época de heróis soturnos e violentos que estavam em evidência graças a “O Cavaleiro das Trevas” e “Watchmen”. Além de acertarem o tom em 90% das vezes – o Guy Gardner “bonzinho” eu acho sem graça quase sempre -, ainda havia Kevin Maguire, provavelmente o melhor desenhista de expressões faciais do planeta Terra. Além de ser ótimo para cenas de ação e um espetáculo em anatomia, o ilustrador desenhou algumas das melhores caretas e expressões dos quadrinhos.

Reler (novamente) essas histórias mais de três décadas depois continua sendo uma delícia, não há outra palavra que defina melhor. As histórias e as piadas parecem não ter envelhecido um dia sequer – a piada das orelhas do Batman murchando me faz rir até agora -, mesmo tratando de Guerra Fria, União Soviética, Ronald Reagan, coisas tão anos 80 mas que não atrapalham a leitura. E essa Liga da Justiça não enfrentava ameaças cósmicas, vilões clássicos, apenas uma ou outra ameaça eventual enquanto discutiam entre si e tiravam sarro um do outro, além de lidarem com problemas triviais do cotidiano.

O mais legal é que essa nova Liga da Justiça da América – que virou Internacional a partir da sétima edição – não era para ser uma sitcom em quadrinhos, apesar do humor ser um dos elementos principais. Mas foi aquela tempestade perfeita, em que os personagens eram tão bons que não dava para levar a sério as aventuras do grupo, basta lembrar das picaretagens do Gladiador Dourado e Besouro Azul, Batman sendo mais Batman que nunca, o senso de humor do Soviete Supremo Dimitri e o sisudo Caçador de Marte entrando na onda das piadas.

O que esperar dos próximos volumes? O Besouro e o Gladiador pegam o dinheiro da Liga e compram uma ilha para transformá-la em cassino; Gnort, o mais imbecil dos Lanternas Verdes, entra para o grupo; a criação da Liga da Justiça Europa e a chegada do gato vira-lata; a Liga da Injustiça (?) e a Liga da Justiça Antártica (???); o Esquiador Escarlate e Nebula, o Decorador de Mundos.

Definitivamente, não vai faltar “Buah-ha-ha-ha-ha!!!” nos próximos volumes, e em algum momentos relembraremos esses momentos clássicos por aqui.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Buah-ha-ha-ha-ha!!!

(E não esqueça de seguir nossa playlist no Spotify e Deezer, tem mais músicas ali que neurônios no cérebro do Guy Gardner)

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