Na região da Zona da Mata Mineira está presente um conjunto de municípios concentrados geograficamente e especializados na produção de artigos de vestuário e acessórios, formando um Polo de Confecções. A vocação produtiva da Zona da Mata para as atividades
têxtil e de confecções é antiga, mas tem apresentado, nos últimos anos, tendência de crescimento nos municípios menores. Essas indústrias, principalmente as de confecção de vestuários e acessórios, são intensivas em mão de obra e apresentam um custo relativamente baixo para a qualificação desse trabalhador. Com isso, tornam-se importantes para absorver a mão de obra local e gerar renda nesses municípios.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho, as atividades têxtil e de confecções no Polo de Confecções da Zona da Mata geraram 26.900 postos formais e diretos de trabalho em 2014. Em alguns municípios, essas indústrias ainda representam a principal atividade produtiva, gerando a maior parte dos empregos formais. Como exemplos: Mar de Espanha (45,0%), Astolfo Dutra (41,3%), Descoberto (40,7%), São João Nepomuceno
(30,2%), Eugenópolis (28,3%), Senador Cortes (25,9%), Piraúba (25,2%), Dona Euzébia (24,9%), Coronel Pacheco (22,4%), Maripá de Minas (21,5%) e Argirita (21,0%). Nessas localidades, o emprego nas indústrias de confecções cresceu mais de 60% entre 2004 e 2014. Vale ressaltar que nos municípios de Muriaé, Ubá e Cataguases essas atividades também são importantes fontes de renda, gerando cerca de 2.700 empregos formais diretos em 2014.
Apesar do crescimento da atividade nos municípios de menor renda, em Juiz de Fora, essas indústrias, que já foram a principal atividade econômica da “Manchester Mineira”, vêm reduzindo sua participação de forma sistemática. No ano de 2004, havia 5.400 postos formais de trabalho nessa atividade, enquanto em 2014 esse número foi reduzido para 5.200 (3,4% do total dos empregos formais do município). Em relação ao número de estabelecimentos, em 2004, o município possuía 114 indústrias têxteis e 397 indústrias de confecções; em 2014, eram 52 e 401, respectivamente. Embora apresente tendência de redução, essas atividades ainda representam 34,4% dos estabelecimentos industriais em Juiz de Fora (no ano de 2004, correspondiam a 42,4%).
Os dados revelam o potencial e a importância relativa desse setor para um conjunto de cidades da Zona da Mata Mineira, tanto em termos de emprego quanto de geração de renda. Valeria a pena então uma reflexão na sociedade organizada – representada por entidades como Fiemg, Sindvest, Centro Industrial, Prefeituras etc. – para que se identifiquem vetores de expansão futura e eliminem-se atuais gargalos, a fim de manter e vitalizar a cadeia produtiva do setor têxtil e de confecções na Zona da Mata Mineira. Afinal, uma tradição de qualidade sempre merece ser preservada.
Por Fernando S. Perobelli, Joyce A.
Guimarães, Leandro V. Pereira, Adryse
V. Lima e Inácio F. Araújo Junior
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