O Governo federal demonstrou interesse em discutir a criação de um plano de saúde popular com acesso a menos serviços do que o determinado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) e, portanto, menor custo ao beneficiário. Apesar de universal e gratuito, o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro apresenta problemas de oferta, de acesso e de recursos, o que gera custos cada vez mais elevados para a população. No Brasil, desde os anos 2000, em média, 8% do PIB são gastos pela população com saúde. O setor privado recebe a maior parcela desses gastos (cerca de 4,4% do PIB), enquanto o público fica para trás, com 3,6% do PIB ou 45% do total de gastos. Para um país que mantém um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, essa distribuição se mostra contraditória, não?
Na Europa, por exemplo, os gastos com saúde no atendimento público chegam a 80% do total. Os dados revelam que, por aqui, o sistema privado tem tomado cada vez mais espaço nos últimos anos. Em 2015, 50 milhões de brasileiros (26% da população total) possuía plano de saúde. De lá para cá, segundo dados da ANS e da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), os planos de assistência médica tiveram retração de 3,1%, passando para 47,9 milhões de usuários, fato que pode ser explicado, entre tantos motivos, pela queda na renda de parte da população devido à recente crise econômica. Esse fato ressalta a participação e a importância que a saúde tem no orçamento das famílias.
Neste cenário, o objetivo do novo convênio seria desafogar a pressão da demanda ao sistema público de saúde brasileiro, repassando parte dela para o setor privado. Tal escolha deverá repercutir em gastos com saúde mais elevados no futuro. De acordo com a OMS, o número de idosos vai triplicar até o ano de 2050, o que torna relevante a discussão de um sistema de saúde adequado, eficiente e que leve em consideração a nova pirâmide etária do país.
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