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Inflação quase zero: isso é bom?

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Após a inflação fechar o ano de 2017 em 2,94% (abaixo do piso da meta que era 3%) é possível ver nos dados do primeiro trimestre de 2018 uma continuidade desse movimento de queda além das expectativas. Em março, o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma variação de 0,09% (menor patamar para o mês desde o Plano Real em 1994), contra 0,25% no mesmo período de 2017 e 0,43% em 2016. Ainda que essa desaceleração inflacionária possa ser entendida como algo positivo pela população, visto que o nível de preços sofreu pequenas alterações, no contexto atual ela pode representar a lenta retomada da atividade econômica.

Seguindo essa linha de raciocínio, pode-se dizer que a baixa pressão inflacionária acaba sendo uma sinalização de pouca demanda dos consumidores às empresas. Sem força compradora, essas não podem praticar aumentos nos preços. Para as empresas, essa fraqueza na demanda funciona como um desincentivo para expansão da produção e consequentemente, de contratação de pessoal. Do ponto de vista da população, a menor variação nos preços acaba sendo favorável para manutenção do poder de compra, contudo é necessário pontuar até que ponto a notícia é boa.

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Em relação ao número considerado “inflação zero”, pode-se observar que o último mês em que tal fato ocorreu foi em setembro de 2016, quando a inflação se situou em torno de 0,08%, e, antes, em julho de 2014 (0,01%). É importante lembrar que 2016 foi um período de recessão econômica profunda, em que o nível de preços acumulado apresentou quedas consecutivas, passando de 10,71% em janeiro para 6,29% em dezembro, devido, em parte, à redução do consumo das famílias da ordem de 4,3 pontos percentuais em comparação com o ano anterior (2015). Já em 2014, o desemprego era mais baixo que o atual e as políticas visavam a aceleração da demanda, que de fato ocorreu, pressionando a inflação, que disparou posteriormente.

A partir disso, o país viveu um momento de grande turbulência política, em que não havia sinais de recuperação econômica. Agora, após o início da implementação de políticas de ajuste dos gastos governamentais e a passagem do pior momento da crise, o país começa a dar suspiros de melhora, que podem ser impulsionados justamente pela ausência de inflação elevada. Espera-se, então, que passadas as eleições, o país siga a recuperação, o que inclui, de certa forma, aumentos moderados dos preços. Como se vê, a economia vive em ciclos, alguns melhores, outros piores, devendo todos ser monitorados, não só pelos formuladores de políticas, mas também pela população.

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