2021: Um ano de altos e baixos
O ano de 2021 começou com riscos, esperanças e altas expectativas para a economia no Brasil e no mundo. Enquanto a vacinação contra o coronavírus nas economias centrais possibilitou a retomada gradual das atividades econômicas, os ainda elevados estímulos fiscais e monetários fizeram com que a economia mundial apresentasse um crescimento acelerado ao longo do primeiro trimestre.
Essa recuperação elevou a demanda internacional por insumos básicos (commodities), beneficiando as exportações brasileiras enquanto encareceu os produtos importados. A economia brasileira vinha passando por um processo de normalização após a elevada recuperação de setores como a indústria, o comércio e a agricultura, enquanto o setor de serviços permanecia desaquecido por conta das medidas de restrição associadas ao risco pandêmico. Os ainda elevados estímulos monetários e a prorrogação de medidas como o Auxílio Emergencial contribuíram com o nível de demanda, apesar do agravamento da pandemia ocorrido ao final daquele trimestre.
É de conhecimento que a pandemia afetou diversos setores da economia e, consequentemente, a arrecadação tributária dos entes federais no ano de 2020. A elevação da arrecadação de impostos, impulsionada tanto pelas surpresas positivas na atividade econômica quanto pela elevação da inflação, proporcionaram uma queda do endividamento público.
Vale ressaltar que, apesar da melhora da razão dívida/PIB, o ano de 2021 trouxe elevadas incertezas que contribuíram para uma deterioração dos demais indicadores econômicos. Inicialmente, houve a aprovação do orçamento de forma tardia e com elevado risco de rompimento do teto de gastos. Posteriormente, medidas como a PEC dos Precatórios e a criação do benefício Auxílio Brasil em um valor acima das regras vigentes, contribuíram para a deterioração da credibilidade fiscal da economia brasileira.
Ao longo de 2021, o ambiente externo também se tornou menos favorável. Enquanto o rápido processo de retomada econômica gerou gargalos nas cadeias produtivas, os bancos centrais das principais economias passaram a demonstrar cautela diante da persistência da inflação, tornando as condições financeiras para as economias emergentes mais desafiadoras. Ao mesmo passo que o mundo se preocupava com a elevação da inflação, a economia chinesa passou a desacelerar, levando consigo parte dos indicadores em nível mundial. Os principais fatores para essa desaceleração estiveram relacionados às crises regulatória, imobiliária e energética – sendo a última também vivenciada em outras partes do mundo.
Internamente, apesar da recuperação gradual do setor de serviços ao longo do ano por conta do avanço da vacinação, as pressões inflacionárias contribuíram para o desaquecimento do consumo por conta da perda de renda, gerando perda de dinamismo na economia. É esperado um crescimento de 4,65% do PIB brasileiro em 2021. Já para 2022, os fatores relacionados à redução dos estímulos, aceleração inflacionária e desaceleração da economia mundial – acompanhada das incertezas relacionadas ao ano eleitoral – devem acarretar uma queda do PIB na ordem de 0,5%, de acordo com o último Boletim Focus. Tal resultado poderá levar ao adiamento do sonho do retorno à normalidade econômica somente para 2023.
Por Mylena Carvalho e Rafael Teixeira