Um dos indicadores que mais afetam a população em meio a uma má conjuntura econômica é o desemprego. No Brasil, a recessão que assola o país desde 2015 (queda real no PIB de 3,77% de 2014 para 2015 e de 3,59% de 2015 para 2016) vem contribuindo para o aumento do número de desempregados. A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) mostrou que o desemprego atingiu 13,5 milhões de pessoas no último trimestre, 13,2% de toda força de trabalho no país.
Desde 2015, o cenário de crise fez com que a situação empregatícia se degradasse, com a taxa de desocupação saindo de 4,1% (6,71 milhões de pessoas) para o patamar atual, com o dobro de pessoas desocupadas. São muitos os fatores que impulsionam os números e não apenas a diminuição natural das vagas de trabalho ocasionada pela recessão. A taxa de desocupação é medida pela razão entre as pessoas desocupadas (que procuram emprego mas não encontram) e as presentes na força de trabalho (em idade de trabalhar, que trabalham ou procuram emprego). Portanto, em épocas de “vacas magras”, é natural que pessoas que antes não precisavam trabalhar (não ocupavam a força de trabalho), entrem para o grupo das que procuram emprego e não encontram, já que a diminuição dos postos dificulta ainda mais o sucesso na busca. A população na força de trabalho saiu de 99,45 milhões em janeiro de 2015 para 102,77 milhões em janeiro de 2017. Apenas isso já bastaria para aumentar a estatística de desemprego.
Por outro lado, mudanças como a reforma trabalhista e a regulamentação da terceirização são tidas pelo governo como meios de frear o desemprego. Entre as alterações, a flexibilização da jornada de trabalho pode colaborar principalmente com os jovens, normalmente a maior parcela dos desempregados. Estes se credenciam a vagas criadas pela jornada mais flexível, que tendem a abrir para candidatos inexperientes, como em restaurantes que antes não contratariam devido à movimentação intensa se restringir apenas a determinados dias.
As medidas ajudam. Entretanto, vale ressaltar o caráter cíclico comumente observado na economia: é natural que, com o tempo, a dinâmica econômica volte ao crescimento normal e haja uma recuperação, o que implica que não necessariamente a queda do desemprego venha de mudanças legais. O principal meio de combate ao desemprego não é a legislação e sim a retomada do crescimento da produção e dos investimentos das empresas. Com a inflação sob controle, é por esse futuro que devemos esperar.
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